Dando continuidade à série que visa retratar um pouco da história das principais colônias alemãs fundadas em Santa Catarina, o tema de hoje tem como tema a Colônia de São Paulo de Blumenau (atual Blumenau), a primeira grande colônia alemã do Estado de Santa Catarina.
Os primeiros tempos da Colônia Blumenau
O objetivo do Dr. Blumenau não era fundar uma colônia de colonos, mas queria, na vasta área por ele adquirida, instalar um grande estabelecimento agrícola e os primeiros colonos com os quais veio, a 2 de setembro de 1850, seriam funcionários e trabalhadores do estabelecimento particular. Só depois que já tinha chegado uma segunda e terceira levas de imigrantes é que o Dr. Blumenau viu que não seria bem-sucedido em seus propósitos.
O começo foi difícil, mas os imigrantes, sem perda de tempo, começaram a abrir clareiras e a construir ranchos para moradas provisórias. As clareiras iam-se cobrindo, pouco a pouco, com plantações. Verdejava o milho entre os troncos queimados das velhas árvores sacrificadas. A cana, o aipim, as batatas cresciam com rapidez, graças à fertilidade espantosa da terra cujo seio rasgava pela primeira vez. As picadas começaram a se estender de um lado para outro. As terras foram sendo medidas. As roçadas e picadas foram se ampliando. Foi preparado um barracão para servir de abrigo para 80 a 100 novos imigrantes e, aos poucos, novos colonos iam chegando.
O perfil dos primeiros imigrantes
Em fins de 1852, a população da colônia era de 134 habitantes. A maioria tinha uma profissão, havendo: um médico; um professor; um jardineiro formado no Jardim Botânico de Berlim; um veterinário; um ferreiro; um armeiro; um torneiro; dois alfaiates; dois sapateiros; um pedreiro-escultor; um cavouqueiro; três marceneiros; um construtor de engenhos; um moleiro; dois carpinteiros; um tanoeiro e os demais eram lavradores. Mas todos, além de trabalharem ocasionalmente nas respectivas profissões, cuidavam especialmente da lavoura.
A questão religiosa da Colônia Blumenau
Nos primeiros tempos, apesar da falta de um lugar apropriado, a colônia não se descuidava das questões religiosas. Assim, os imigrantes reuniam-se, aos domingos, no rancho de recepção dos imigrantes e celebravam, entre si, o ofício divino. Os poucos colonos católicos (em 1853, eram apenas 3), percorriam a pé, aos domingos, as duas léguas que fazer suas preces na pequena capela de São Pedro Apóstolo (Gaspar).
A venda do empreendimento do Dr. Blumenau para o Governo Imperial
Durante 10 anos, Dr. Blumenau administrou a colônia com seus próprios recursos. A gestão particular fora eficiente, o empreendimento progredira e prosperava satisfatoriamente, mas o seu desenvolvimento era lento. Dr. Blumenau andava doente e desesperado. Desde o seu início, a empresa lutou com dificuldades financeiras e as dívidas se acumulavam. Num desesperado esforço, em meados de 1859, seguiu Dr. Blumenau à Corte onde conseguiu que o Governo Imperial encampasse a empresa e a salvasse da ruína eminente.
Naquele tempo, a população era de 943 habitantes, dos quais 7% eram católicos e 93% eram luteranos. A partir de 1860, a Colônia de deixou de ser propriedade particular do Dr. Blumenau, mas pelo acordo firmado, Dr. Blumenau continuou como Diretor da Colônia, cargo que exerceu até fins de 1883.
Fragmentos da História da Colonização Alemã em Santa Catarina: Parte IV
Na próxima semana, vamos conhecer um pouco mais sobre a Colônia São Francisco (atual Joinville), fundada em 1851. Até lá!
Fonte de pesquisa deste artigo: SILVA, José Ferreira da. História de Blumenau. Florianópolis: Editora EDEME – Empreendimentos Educacionais Ltda. 1972.