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Frau Fuchs: a parteira mais famosa da cidade

Clara Fuchs trouxe muitos brusquenses ao mundo e até hoje é lembrada por seu ofício

Foi pelas mãos de Clara Fuchs, ou simplesmente Frau Fuchs, que muitos brusquenses vieram ao mundo. Em uma época em que as mulheres tinham seus filhos em casa, já que a primeira maternidade de Brusque surgiu somente na década de 1930, a figura da parteira era fundamental.

Nascida em junho de 1891 em Luiz Alves, no Vale do Itajaí, Frau aprendeu em Blumenau o ofício que a tornou conhecida e admirada em toda a região. Sua paciência, delicadeza e zelo, antes, durante e depois do parto, foram qualidades que rapidamente a tornaram muito requisitada.

Frau Fuchs nasceu em junho de 1891, em Vidal Ramos | Foto: Jaqueline Kuhn/Curto Fotos Antigas de Brusque

Com sua bicicleta, percorria os quatro cantos de Brusque para ajudar mães a darem à luz. Também se deslocava de carroça, carro de mola e automóvel quando solicitada, a qualquer horário do dia ou da noite.

Para Frau, não bastava apenas ajudar no parto. Durante oito dias, ela acompanhava de perto a mãe e o recém-nascido, sempre cuidando para que a criança se desenvolvesse da melhor forma possível.

“Ela embrulhava os bebês em panos e eles nem se mexiam, ficavam iguais uma múmia. Ela também tinha uma umbigueira para não saltar o umbigo se a criança chorasse muito”, lembra Norma Hörner, 85 anos, que foi vizinha da parteira mais famosa da cidade.

Frau morou durante toda a vida na rua Marechal Deodoro, nas proximidades da rua das Carreiras, atual Hercílio Luz. Casada com Otto Fuchs, operário da Buettner, teve dois filhos: Max e Rudi, e também muitos filhos do coração, como Lúcia, Euwaldo e Max Ristow, que foram adotados ainda na infância por ela.

“Era uma casa muito alegre, com muitos bichos e pessoas que moravam com eles. Ela acolhia, tinha muitos hóspedes, os rapazes do sítio que vinham estudar em Brusque ficavam na casa dela”, recorda.

Ajudante da cegonha
Ao lado de Alice Schlindwein, 83 anos, que também foi vizinha da parteira durante toda a vida, dona Norma lembra que as crianças e os jovens acreditavam que Frau era uma espécie de ajudante da cegonha.

“Falavam que a cegonha pegava o neném da lagoa que tinha aqui perto e dava pra Frau Fuchs levar para a família. Quando ela deixava a bolsa, às vezes ficava um pedaço de pano pra fora e todo mundo se agitava, porque eram os panos do bebê que ela ia levar”.

Além de excelente parteira, Frau cultivava em seu quintal um extenso rol de plantas e ervas que ajudavam a combater diversos males. “Tinha chá pra tudo e ela tinha sempre a varinha por perto, porque a criançada brincava e pisava nos canteiros”.

Frau também era extremamente supersticiosa. Nos aniversários que frequentava, costumava levar de presente um buquê com sete tipos de flores para dar sorte ao aniversariante.

Na véspera do ano novo, lembra dona Norma, ela recomendava que, quando tomasse banho, a pessoa não pendurasse as roupas sujas. “Não podia recolher a roupa, era pra deixar no chão, não podia pendurar. Ela dizia que trazia sorte”.

Mesmo após a inauguração da Maternidade Cônsul Carlos Renaux, Frau continuava a exercer seu ofício com maestria. De acordo com o livro Pedalando pelo Tempo, de Ricardo Engel, por vezes a experiente parteira era chamada para auxiliar o prestigiado Dr. Mattioli.

Exerceu a função que lhe trouxe fama por muitos anos. Segundo a publicação, ainda aos 75 anos saía de bicicleta para atender às famílias. Depois, passou a atender somente em sua casa.

Frau faleceu em novembro de 1984, aos 93 anos, deixando sua marca na história das famílias de Brusque.

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