Gás natural terá reajuste de 4,3% na próxima semana
Empresas de Brusque que fazem a conversão dos veículos temem queda na procura pelo kit GNV
Empresas de Brusque que fazem a conversão dos veículos temem queda na procura pelo kit GNV
O gás natural sofrerá reajuste médio de 4,3% a partir deste domingo, 16. A medida foi anunciada pela Agência Reguladora do Estado de Santa Catarina (Agesc) no dia 4. Com isso, as oficinas de Brusque que realizam a conversão de gasolina para o gás natural veicular (GNV) acreditam que haverá queda na busca pelas instalações do kit, já que para os segmentos residencial e veicular, que tem valor fixo, o aumento será, respectivamente, de 1,81% e 3,58%, na média, portanto, 4,3%.
O Município Dia a Dia fez um levantamento com três empresas homologadas e regulamentadas pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro), que realizam a instalação dos itens mecânicos e eletrônicos do kit GNV. A Gás Car Automotiva, que atualmente faz 30 conversões por mês, diz que deve diminuir cerca de 5% a procura com o aumento. O proprietário Levy Cardoso Luna Guedes afirma que o público é específico, formado basicamente por pessoas que “rodam” de 50 a 100 quilômetros por dia, como taxistas e representantes comerciais. “Vai diminuir com certeza. Quem já fez a conversão não desfaz, mas quem pensava em colocar não vai colocar mais”. Ele frisa que o valor para fazer a troca é alto – em média R$ 2,5 mil um kit comercial, e com o aumento do gás, mesmo a gasolina também estando cara, não vale a pena para o cliente. “É um investimento alto e que demora até dois dias para ser realizado. Acaba se tornando inviável para o consumidor”, atesta.
A financeiro de uma auto mecânica, que preferiu não se identificar, afirma que certamente irá diminuir o número de clientes que fariam a conversão. “Em geral o pessoal coloca porque é mais barato, e se aumentar muito não vão fazer a troca, já que o valor do kit também é alto.
Eles irão fazer a soma pra ver se compensa, mas acho que não vale”, afirma. Ela conta que, em média, o custo da instalação é de R$ 2,8 mil.
Rafael Bertolini, proprietário de uma mecânica que leva o seu sobrenome, diz que não sabe como o aumento impactará na sua empresa. No entanto, afirma que a população acaba sendo influenciada pelas notícias e a partir disso farão a escolha. Ele ressalta que nesta semana ainda tem alguns agendamentos de conversão veicular. “Os representantes comerciais, que trabalham diretamente com o carro, vão precisar fazer a transformação. Não sei como será essa mudança, mas a longo prazo iremos sentir”, aponta.
O taxista Sérgio Pessoa, que trabalha numa empresa que possui uma frota de quatro veículos, afirma que mesmo com o aumento, não deixará de abastecer com o GNV. Ele conta que com R$ 25 anda cerca de 180 quilômetros por dia, o que segundo o taxista, significa praticamente o dobro do que faria com a gasolina. “Mesmo com o reajuste ainda vale a pena, porque o valor da gasolina ainda é muito superior em comparação ao gás e também porque o carro já foi convertido para o GNV”, explica.
Redução de impostos não influencia
Por outro lado, mesmo com o aumento do GNV, o imposto de importação do kit baixou de 14% para 2%, o equivalente a R$ 120, dependendo da variação do dólar. Porém, para as empresas, a medida que tem validade até 31 de dezembro de 2016 não altera o cenário. Ambos comentam que não observam essa redução em Brusque, e que já foram informados pelos fornecedores que o custo aumentará. “Não é R$ 120 que vai fazer com que o cliente gaste R$ 2,5 mil e mude o seu carro. O custo ainda continua consideravelmente alto”, afirma Guedes.
A compradora do posto Havan Auto Center, Alcione Bonatto, diz que mesmo com a diminuição do valor do kit sendo um incentivo, não acredita que fará com que adeptos da gasolina migrem para o GNV. “O Brasil está passando por um momento difícil, mas Santa Catarina ainda é um mercado forte. Quem iria colocar, colocará independente se o valor diminuiu ou não. Não influencia na minha opinião, já que a diferença do valor da gasolina para o gás é significativa”, explica.
Alcione também diz que o GNV é mais viável, porque além do preço do litro ser menor do que a gasolina (R$ 2,10 x 3,19), o gás rende muito mais. Segundo ela, com este combustível se faz em média 18 quilômetros por metro cúbico na cidade.
No entanto, a auxiliar administrativo do Auto Posto Dakota, Tamires Trainotti, considera que a medida influencia. “Ninguém vai pegar um carro novo e colocar no gás, mas quem tem um veículo usado trocaria devido ao custo benefício, porque além de ser mais barato, rende mais”, salienta.
O coordenador automotivo da Companhia de Gás de Santa Catarina (SCGás), Ronaldo Macedo Lopes, afirma que a medida representa um incentivo para estimular novos clientes a utilizar o GNV. Segundo ele, várias companhias de gás do Brasil estão buscando soluções para tornar o produto mais competitivo e reposicioná-lo no mercado como a saída mais econômica para veículos particulares e de frotistas, como empresas e órgão públicos.