Agora é para valer. Semana passada, finalmente, saiu a lista dos indicados ao Oscar. Finalmente podemos montar nossa lista de filmes obrigatórios, que precisam ser conferidos antes do dia 24 de fevereiro.
Entre eles, a curiosidade bateu forte em relação a Green Book – ou seja, bem a tempo da estreia nas salas de cinema brasileiras. O filme ganhou na categoria melhor filme musical ou de comédia (embora não se encaixe lá muito bem na categoria…) nos Golden Globes, além de ter levado os prêmios de melhor roteiro e ator coadjuvante, para o sempre excelente (e impronunciável) Mahershala Ali .
O filme não poderia tratar de tema mais atual, embora seja passado em 1962: o racismo. Mais do que isso, a relação entre um branco “das ruas” e um músico de jazz negro criado em padrões de elite intelectual.
O motorista branco, italiano do Bronx e orbitando a periferia dos grupos mafiosos, é personificado por outro ator de primeira linha, Viggo Mortensen – indicado a ator principal tanto no Oscar como em todas as outras premiações da temporada. É uma senhora dupla.
O filme tem sido acusado de tratar o racismo de uma forma rasa. Talvez aí resida a maior qualidade da obra. De repente, o oposto de raso implicaria em uma postura panfletária que transformaria o filme em algo… chato.
Do jeito que posicionaram a versão (baseada em uma história real, é importante que se leve isso em consideração), tudo flui bem e a questão do desenvolvimento da relação entre os dois protagonistas é bem “entregue” para o público. Mais… talvez fosse demais.
Green Book tem sido muito comparado com Conduzindo Miss Daisy. Irresistível, não? Nos dois filmes, temos a relação entre um motorista e uma pessoa de nível social “superior”. Em ambos, temos a questão racial. Em ambos, o espaço limitado do carro acaba humanizando as pessoas. E o público tem, nos dois, a opção de se emocionar.
Os quase trinta anos que separam os dois filmes mostram que a nossa visão contemporânea é mais complexa do que a da virada dos anos 80 para os 90. Agora, o branco pobre, que vem de uma etnia que também sofria preconceito, defende até a tese de ser mais “negro que o negro” que nunca comeu frango frito.
Agradável e guardando na manga algumas surpresinhas, o filme vale o ingresso. Não deve sair do Oscar com as mãos vazias – embora as 7 indicações de Roma pareçam pesar muito mais do que as 5 que Green Book recebeu. E a questão vai além dos números.
Que tal ouvir um pouco do som original do músico Don Shirley?
Os indicados
Por falar nisso, monte a sua lista e comece a riscar os filmes que você já assistiu ao longo do ano passado.
Entre os oito indicados a melhor filme, três não são novidade e foram vistos por muita gente: Pantera Negra – comemorando o final do preconceito contra os filmes de super-heróis, Nasce uma Estrela e Bohemian Rhapsody.
Temos então Roma, com jeito de preferido chique, Green Book e, completando a turma, A Favorita, Vice e Infiltrado na Klan, de Spike Lee – que recebe sua primeira indicação como diretor. Como assim? Onde estavam os eleitores da Academia, na época de Faça a Coisa Certa?
Se você quiser ir além dos concorrentes à categoria principal, também é bom colocar na lista A Esposa – Glenn Close, sorry, little monsters, é a aposta mais segura na categoria melhor atriz. E veja ainda Se a Rua Beale Falasse, Duas Rainhas e Poderia me Perdoar?
Ah, sim, não esqueça das animações! Supondo que você não tenha perdido WiFi Ralph e os Incríveis 2, abra espaço para o favorito Homem-Aranha no Aranhaverso. Ufa!