Alegria, disposição e boa vontade. Para um grupo da Terceira Idade de Brusque a idade avançada nem é perceptível. São avôs, pais, mães e donas de casa que se reúnem para a prática do Vôlei Adaptado. Os treinos ocorrem todas as segundas e sextas, das 9 às 10h30, na Arena Multiuso.
Segundo o coordenador de esportes da cidade e um dos idealizadores do projeto, Luciano Camargo, tudo começou pela procura dos próprios idosos: alguns já jogavam no Sesc, outros tem contato com grupos da Terceira Idade de outras cidades que praticam o esporte. “Foi um projeto repentino, mas foi mérito deles, eles batalharam e correram atrás. Nós só viabilizamos essa possibilidade. É gratificante ver o trabalho nascendo” relata.
Após a fase de estudos e viabilização, incluindo visitas a Itajaí e Balneário Camboriú, cidades consideradas referências na modalidade, hoje, o Vôlei Adaptado para a Terceira Idade é uma realidade em Brusque. O projeto da Prefeitura Municipal em parceria com a Fundação Municipal de Esportes conta com aproximadamente vinte idosos. E a intensão é que a turma aumente. “Queremos formar mais turmas. Quanto mais pessoas praticando o esporte, melhor. Quem sabe, até podemos adaptar outras modalidades futuramente, como o handebol” afirma Camargo.
Se depender da disposição de dona Terezinha Becker, 66 anos, o complicado é encontrar uma folga na semana. “Eu pratico vários esportes, eu me sinto muito bem. Eu faço hidroginástica, yoga, bolão e vôlei. Minha semana é completa, fora os serviços de casa. Para mim, a melhor idade é a terceira” diz. E sobre o seu esporte preferido, não nega a predileção pelo vôlei. “Eu gosto de todos, mas o vôlei é mais divertido. A gente convive com várias pessoas de diferentes gênios”.
Essas atividades lúdico-esportivas em grupo, segundo a fisioterapeuta Fabiana Correa, ajuda no lado psicológico dos idosos, estimulando o bem estar. Além de ser uma atividade prazerosa, Fabiana ainda esclarece sobre outros benefícios. “A Terceira Idade está sendo bem trabalhada para melhorar a qualidade de vida dos idosos. A prática de esportes, melhora a coordenação motora, a força muscular e o equilíbrio”.
Para isso, o acompanhamento diferenciado de um profissional de Educação Física é uma das exigências do projeto. Há uma preocupação para que não haja nenhum risco de lesão e de fratura. Por isso, são investidos em congressos para aperfeiçoamento da técnica do esporte.
Adaptado
Sobre as diferenças do vôlei adaptado para o tradicional, o técnico da turma, Edson Garcia, explica que são feitas algumas modificações para deixar a prática mais segura. Os fundamentos são quase os mesmos: altura da rede, a bola, a quadra, número de jogadores e o rodízio em quadra. Uma das alterações é que o jogador não pode saltar, para evitar atrito com o chão bem como a possibilidade de lesão.
Outra possibilidade é passar a bola lançando com as duas mãos, de baixo para cima, em forma de concha. Esse movimento pode ser utilizado nos primeiros dois lances, a terceira bola obrigatoriamente deve ser por toque, manchete ou cortada. Para quem tem algum tipo de dificuldade na hora do saque, o jogador pode avançar três metros para dentro da quadra.
Treinos
Os treinos não são preparados apenas pensando no vôlei. Para o técnico, trabalhar a qualidade de vida é fundamental. “Eu procuro incluir nos exercícios, algo que ajude no fortalecimento muscular para facilitar as atividades diárias. A gente faz o alongamento para ajudar na flexibilidade e o aquecimento, para então trabalharmos nos fundamentos do vôlei” relata Garcia.
Por sem uma nova experiência, Garcia pensou que seria um trabalho mais dificultoso. Porém, a turma é dedicada. “Estou gostando muito dessa nova perspectiva. Eles são bem disciplinados, gostam muito de treinar. São competitivos. Gostam de esporte. Nunca chegam desanimados ou tristes. Sempre alegres.” afirma.
Inspiração
A média de idade dos atletas é de sessenta anos. Os mais velhos da turma não hesitam na hora de contar suas idades. Maria Odete e Ingo Guilherme Appel, 74 e 78 anos respectivamente, casados há cinquenta e dois, falam sobre o companheirismo. “Chegar nessa idade e poder jogar vôlei é uma conquista. Eu jogo junto com o meu marido. Nós combinamos muito, ele gosta, eu também gosto. Nós servimos de inspiração para pessoas de todas as idades. Todos devem adotar a prática de esportes, isso só faz o bem” fala dona Maria.
Competições
O projeto também visa competições. Entre os dias 18 a 20 de julho, a turma participa o primeiro Torneio Interestadual de Vôlei Adaptado da Maturidade Saudável, realizado em Balneário Camboriú. É um momento para a troca de experiências, de aperfeiçoamento de técnicas e de encontro entre os participantes. As competições dessa modalidade estão crescendo e é uma maneira de influenciar a prática do esporte.