Grupo de voluntários ajuda a revitalizar biblioteca da escola Doutor Carlos Moritz

Projeto iniciou com a arrecadação de livros para o acervo e pretende reformar o espaço físico

Grupo de voluntários ajuda a revitalizar biblioteca da escola Doutor Carlos Moritz

Projeto iniciou com a arrecadação de livros para o acervo e pretende reformar o espaço físico

Há algum tempo, Bernardo de Nardi já pensava em atuar como voluntário – mas, para isso, havia cogitado fazer intercâmbio para outros países onde pudesse trabalhar no voluntariado. Porém, o rapaz de 18 anos encontrou em Brusque a oportunidade para ajudar a comunidade, ao decidir reunir um grupo de amigos e desenvolver um projeto para a melhoria da biblioteca da Escola de Ensino Fundamental (EEF) Doutor Carlos Moritz, no bairro Zantão.

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O projeto começou em abril, quando uma ex-professora de Bernardo o colocou em contato com o diretor da escola, Thiago Alessandro Spiess. A partir das conversas iniciais, o grupo de voluntários conheceu a realidade da escola – e a vontade de ajudar, que começou com uma ideia de oferecer aulas de reforço para os alunos, acabou por se tornar a revitalização da biblioteca.

Além dos planos para a reforma na estrutura, um dos objetivos foi aumentar o acervo disponível na escola. “Muitos dos livros que tínhamos aqui não eram voltados para a faixa etária dos alunos, era muito material para os professores”, conta o diretor. Por isso, Bernardo, que é ex-aluno do Colégio Cônsul Carlos Renaux, articulou-se com seus professores do Ensino Médio e organizou uma arrecadação de livros como parte da tradicional gincana do Cônsul.

Os alunos arrecadaram cerca de 800 exemplares, que foram todos doados à biblioteca da escola no Zantão. Lá, a professora responsável pela biblioteca, Ana Rosa, está trabalhando na catalogação e organização dos novos livros, que agora enchem as estantes. “Essa doação estimulou muito as crianças, elas procuram muito mais a biblioteca”, conta. O espaço fica aberto também durante o recreio, horário que muitas crianças aproveitam para renovar ou trocar os livros, e também para usufruir da sala silenciosa e ler mais alguns capítulos.

Bibliotecária cataloga manualmente os livros recebidos | Natália Huf

Cauã, que tem 12 anos e é aluno do sétimo ano, é um destes alunos. Antes de mudar-se para Brusque, costumava ir sempre à biblioteca municipal de Nova Trento para ler gibis e também fazer pesquisas para as tarefas de casa. “Mas aqui eu venho mais, estou animado para a nova biblioteca. Gosto de ler ficção científica e literatura infanto-juvenil, agora estou lendo um livro do Sherlock.”

Para Ana Laura, de 10 anos, a doação recebida foi um grande incentivo para frequentar a biblioteca. Ela está no quarto ano e aproveita o horário de intervalo para procurar novos livros. “Quando termino de ler um, já venho pegar outro.”

Alunos passaram a usar mais a biblioteca após a doação de novos títulos | Natália Huf

Estímulo à leitura
Um dos desafios dos professores e da direção da escola é criar o hábito de leitura nas crianças. Para estimular ainda mais a atividade, está sendo implantado o conceito de descentralização da biblioteca: para que os livros não fiquem todos só em um espaço, as salas de aula contam com uma estante própria, com volumes que os alunos podem ler e manusear nos momentos livres em classe.

Na sala do terceiro ano, a estante é atração para os pequenos, que, quando terminam as atividades, já fazem a pergunta: “‘Prô’, posso pegar um livro pra ler?”. E mesmo as crianças de turmas mais novas, como as do primeiro ano, na qual nem todos aprenderam a ler e escrever, aproveitam os livros, seja para folhear ou para se acostumar a manuseá-los.

“Essa estante deixa os livros de frente para as crianças, elas podem ver a capa, ter contato com os livros, que estão na altura deles”, diz o diretor. É unanimidade entre os alunos e professores que a presença dos livros na sala de aula é bastante positiva.

Crianças aproveitam a biblioteca descentralizada para ler nos momentos livres em sala de aula | Natália Huf

Além dos livros arrecadados na gincana do colégio Cônsul Carlos Renaux, a escola recebeu também uma doação do Senai com cerca de mil exemplares, que estão sendo catalogados pela bibliotecária e organizados por gênero textual, para que as crianças e professores encontrem-nos mais facilmente nas estantes.

A escola conta também com um horário de biblioteca, no qual as crianças vão até o espaço para desenvolver atividades com os livros. Para Ana Rosa, professora e bibliotecária, é um momento que “vai além da leitura”, e que ela aproveita para trabalhar interpretação de texto e literatura.

Reformas no espaço
Quanto ao espaço da biblioteca, as modificações ainda não começaram a ser feitas, pois a escola e os voluntários estão em busca de parcerias para arrecadar os fundos. Além de Bernardo, outras pessoas colaboraram, como a amiga Isabela Gilli, estudante de Arquitetura e Urbanismo, que desenvolveu o projeto.

A ideia da reforma surgiu da necessidade de tornar o ambiente mais atrativo para as crianças. “O Bernardo achou que só arrecadar os livros não seria suficiente, ele quis fazer mais”, diz Spiess. Assim, passaram a idealizar a nova biblioteca, que terá um espaço para leitura e um palco para contação de histórias.

“Temos um plano A, que é nosso sonho, e também um plano B, caso não consigamos realizar todas as expectativas. Mas queremos sair do tradicional, a biblioteca usual já não funciona mais”, afirma o diretor.

Para ajudar a arrecadar parte do valor necessário para as melhorias no espaço, Bernardo está organizando um evento beneficente. O “Hambúrguer Solidário” deve acontecer em novembro, e o objetivo é conseguir, com a venda dos cartões, pelo menos 40% do que será preciso para custear a reforma.

Projeto desenvolvido para a nova biblioteca da escola | Isabela Gilli

Após finalizados os trabalhos, o objetivo do diretor é abrir mais o espaço da biblioteca, para que a comunidade e as famílias dos estudantes frequentem e usufruam dos livros. “A família é um espelho, se a criança não vê os pais lendo, elas também não vão ler.”

“Nossa ideia é pretensiosa”, diz Bernardo, “mas temos que ser audaciosos. Quem sabe, se tiver benefícios visíveis, isso pode se tornar um projeto piloto que pode ser aplicado em outras escolas, com as modificações necessárias para cada ambiente. É algo possível”.

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Parcerias
O diretor Thiago Speiss acredita que são as parcerias que fazem com que uma escola pública possa ir além. À frente da escola há cinco meses, ele conta que procura maneiras para melhorar a qualidade e o ambiente para os alunos. “A escola pública não pode ficar à mercê do governo, precisa da comunidade e do apoio das empresas para proporcionar algo além.”

Hoje, a escola Doutor Carlos Moritz têm parcerias para a apresentação de palestras, peças de teatro e também com um curso de robótica, que começou a ser desenvolvido na escola em setembro.

“Faz muita diferença para a gente quando alguém demonstra interesse em ajudar, em fazer esse voluntariado. Tem muitas famílias na comunidade que precisam dessa atenção e desse carinho. Isso mostra que é possível transformar a sociedade, começando pelo seu bairro, sua cidade”, finaliza Speiss. “Hoje, eu penso educação de outra forma, vejo a biblioteca com outros olhos”, pontua Bernardo.

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