Guedes, Moro e Rodriguez
Em meio a muitas críticas, muita esperança e também mais trapalhadas do que se gostaria, o governo Bolsonaro avança em seu primeiro mês. Todo início de governo tende a ser um tanto tumultuado, mas é preciso que todos encontrem logo seu lugar na orquestra, para que a sinfonia não desande.
Um sintoma dessa desarrumação inicial é o embate interno entre o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, e o da Economia, Paulo Guedes. Ambos têm papéis absolutamente estratégicos no governo. Enquanto Guedes tem que efetivar as reformas econômicas que se propõe a fazer, Lorenzoni precisa dar o equilíbrio político do governo. No caso da reforma da previdência, essa divergência básica já mostrou a cara.
A reforma exige medidas enérgicas e decisivas, mas precisa ser feita dentro do contexto político, no qual o governo tem que se equilibrar, sob pena de emperrar e não conseguir reforma nenhuma. Ora, esse é um dos grandes desafios de todo governo. Como não se trata de uma empresa privada, cujas decisões são tomadas apenas por executivos, Guedes precisa se acostumar ao burburinho político, fazer concessões aqui e ali. Não existe outro jeito de fazer a coisa funcionar. Mas Lorenzoni e os demais responsáveis pelo equilíbrio político do governo também precisam entender que sua eleição se fez em nome das mudanças que o país tanto necessita.
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Enfim, a pasta de Guedes é, de longe, a mais importante desse governo. Se ele fracassar, todo o governo fracassa. Daí que é fundamental que as abóboras se ajeitem na carroça o mais cedo possível. Aliás, especialmente uma abóbora chamada Flávio Bolsonaro, cujas operações suspeitas com seu ex-assessor estão criando contínuo desconforto em todo o governo.
Além de Guedes, outro ministro essencial é Sérgio Moro. Sua pasta é responsável por tirar o país da mão do crime organizado, em todas as suas facetas. O estado de terror do Ceará e o permanente estado de guerra do Rio de Janeiro são ótimos aperitivos para o ministro, e mostram a profundidade da crise de segurança do país. O desafio de devolver o Brasil aos cidadãos de bem é um dos maiores compromissos do atual governo. Não poderia haver pessoa melhor que Moro para assumir a tarefa, mas governar é diferente de tomar decisões judiciais, e o ministro também terá que aprender a conviver com o cenário político, sempre instável por sua própria natureza.
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Por fim, minha atenção mais especial se volta para o Ministério da Educação. O desafio do ministro Ricardo Vélez Rodriguez é monstruoso. Sei que ele nomeou uma equipe muito qualificada e está tentando “desinfetar” o ministério, mas isso é muito mais difícil do que se pode imaginar. A chuva de críticas que já recebe e ainda receberá dá o tom do que será a sua vida no governo. Está sendo tachado de fundamentalista reacionário. Mas isso é ótimo. Se levarmos em conta que os descolados revolucionários produziram a pior escola do mundo em todos esses anos, Rodriguez é a pessoa ideal para começar a resolver o problema.
No mais, todos agora são vidraça e, portanto, não faltará pedrada de todos os lados. Espero que tenham a resiliência e a persistência necessárias para a tarefa que lhes foi confiada. Nosso futuro depende disso!