Guto Ullrich e Rafain Walendowsky dividem lembranças de criança junto ao Brusque Jeep Clube
Amigos agora torcem para que seus filhos trilhem o mesmo caminho
Amigos agora torcem para que seus filhos trilhem o mesmo caminho
Dois meninos e a alegria de compartilhar aventuras. Assim pode ser descrita a infância de Luiz Gustavo Guto Ullrich, o Guto, e Rafain Walendowsky, que se conheceram em Brusque, em 1991, quando seus pais compraram um jipe e, ao lado de outros adeptos pelo mundo off-road, fundaram o Brusque Jeep Clube. Hoje, resta saudosismo ao recordar as vivências da época, com um profundo desejo de que seus filhos trilhem este mesmo caminho.
Guto tem dois irmãos mais novos: Vinícius e Lucas. Ele, no entanto, se considera o mais apaixonado pelo esporte radical e foi também quem viveu mais aventuras ao lado do pai, Vilimar Ullrich.
“Eu me criei dentro do jipe. Quando tinha passeio, se o pai não me levava, era uma briga lá em casa. Queria ir junto por toda a lei! Era uma época que se faziam muitos acampamentos e a família ia junto. A gente acampava e fazia trilha no meio do percurso”, afirma Guto.
Em um desses passeios, pelas proximidades do bairro Limoeiro, o jipe da família tombou. “Tinha, na época, uns oito anos e ficamos assustados com aquilo. O Vinícius era um bebê de colo, mas não aconteceu nada. Só que depois disso a minha mãe (Rosemari Meerholz Ullrich, in memoriam) não quis mais ir com tanta frequência, só quando o passeio era mais tranquilo”, acrescenta Guto.
Nestas expedições tudo cabia dentro do jipe: desde material para o camping até o isopor da cerveja. O banco da frente era inteiro e a família se apertava ali. A bagagem ficava atrás. As estradas escolhidas para a aventura eram de barro, por onde passavam caminhões. Não se comparam com as trilhas pesadas de hoje, que exigem adequação do veículo.
“Lembro de um passeio que fizemos para Faxinal do Bepe. Tinha uma igrejinha em cima de um morro e o desafio era subir com o jipe até lá. Mas o acesso estava seco e os pilotos conseguiam atingir o objetivo com facilidade. Então nós buscamos água em um ribeirão próximo para jogar na estrada e ver os carros patinarem. Coisa de criança”.
Quando completou 14 anos, Guto começou a ajudar na realização da Fenajeep. “Meu pai era diretor de trilha e a competição da época era o Raid. Então a gente ia junto planejar o percurso. Minha tarefa era desenhar uma planilha, mas o meu pai era muito detalhista e o desenho que eu fazia não estava do agrado dele. Assim, preferia que eu dirigisse para ele desenhar. Comecei a aprender a dirigir assim, em condições bem severas”, brinca Guto.
Durante muitos anos, ainda na juventude, Guto deixava para trás o encontro com os amigos e partia com o pai e demais membros do Brusque Jeep Clube para abrir trilhas, por onde passaria o traçado da Fenajeep. Sempre no sábado de tarde, entre os meses de março a junho, eles desbravam estradas com saída que não eram mais utilizadas. Iam equipados para cortar o mato e deslocar as árvores tombadas pelo vento.
Tanto empenho e carinho pelo mundo off-road fez Guto ganhar seu primeiro jipe aos 15 anos. Trabalhava de manhã, estudava de tarde, equipava o carro de noite. Até hoje o veículo está na família!
Ele é casado com Carolina e pai do Guilherme, de quatro anos. Diferente da sua infância, para levar o menino até a trilha é necessário respeitar todo um aparato normal de segurança, com cadeirinha e cinto. Mas o sorriso dele fica largo ao exibir uma foto do menino coberto de lama. “Ele adora jipe, até porque parece com os carrinhos que brinca. Tem pneu grande, é todo levantado, vem com guincho. O Guilherme já tem um par de botas que usa sempre. Volta todo sujo de lama, só falta mergulhar de cabeça”, comemora o pai.
Novos amigos
Assim como Guto se tornou amigo de Walendowsky ainda na infância por causa de jipe, o mesmo caminho agora é trilhado pelos filhos dos dois: Guilherme, do Guto, Luna e Noah, do Rafain. Os três, assim como as demais crianças que compõem esta grande família do Brusque Jeep Clube, são a alegria das reuniões, encontros e passeios. A vida se renova, assim como o amor pelo mundo off-road.
“Tinha uns seis anos quando o meu pai comprou o jeep. E no acampamento ia a família inteira: pai, mãe, minhas duas irmãs e eu. A gente brincava de polícia e ladrão, corria solto, tomava banho em rio, usava a lanterna para andar de noite ao redor do acampamento. Era muito gostoso ir para o meio do mato e aproveitar a natureza”.
Segundo ele, a logística de carregar um camping dentro de um jipe não era uma tarefa fácil. “Colocava tudo lá dentro. Barraca, lona, comida. Mais a mulher e três filhos. Acho que se precisasse colocar tudo isso hoje dentro de um jipe, não iria caber mais não”.
Além de continuar envolvido com as atividades do Brusque Jeep Clube, Rafain transformou o hobby em esporte. Hoje, participa das principais competições de rally pelo país e acumula vitórias como navegador.
“Acho que a principal contribuição que esta experiência trouxe para a minha vida é a importância de andar em grupo. E, para tudo dar certo, é necessário ter obediência e educação. Isso me ajudou a crescer como pessoa”, observa.
Assim como Guto, Walendowsky anseia em proporcionar aos filhos experiências tão marcantes como as que viveu. “A Luna já tem um pessoal que é amigo dela. Só convido para participar de alguma reunião e ela já vai junto, sem ficar forçando. É algo que acontece normalmente. O diferencial do Brusque Jeep Clube é que o ambiente sempre favoreceu o encontro das famílias e isso ajuda muito na criação dos filhos”.