Haitianos que moram em Brusque contam sobre sonhos e saudade da família

Venes Garcon e Domingues Pierre trabalham na construção civil

Haitianos que moram em Brusque contam sobre sonhos e saudade da família

Venes Garcon e Domingues Pierre trabalham na construção civil

Deixar a família para trás e sair em busca de uma melhor condição de vida em outro país é a realidade de muitos haitianos que residem no Brasil. E assim como nos mais diversos municípios do país, os caribenhos que moram em Brusque também sonham em reunir a família.

É o caso de Venes Garcon, 53 anos de idade, que não vê os três filhos e a mãe há cinco anos. O sonho é de poder reunir todos novamente, mas a distância e os custos têm impedido. “Graças a Deus cheguei aqui no Brasil e achei uma cidade boa. Cheguei aqui, consegui serviço com patroa”, conta ele.

A dificuldade está no fato de que o que recebe como pedreiro dá apenas para a sobrevivência própria, como comer e pagar aluguel do imóvel no qual reside. “Eu não trouxe nada. Vim é trabalhar aqui. Se tivesse alguma coisa, tinha ficado no meu país”, comenta ele entre risos, ao falar da situação de vida difícil que tinha no Haiti.

Lá ficaram a mãe e os três filhos, que já têm 19, 12 e 11 anos. “O sonho meu é trazer meus filhos para cá. Não guardo nada, pois pago aluguel”, relata Venes.

Sonho do restaurante

Situação parecida é a do também haitiano Domingue Pierre, 36 anos. No Haiti ficaram um filho, a mãe, o pai e uma irmã. Assim como Venes, seu colega de atividade profissional e de empresa, a saudade é grande. A decisão de sair em busca de uma condição melhor de vida foi motivada pela dificuldade que enfrentava no país. “Lá quem tem sobrevive, quem não tem é uma luta para sobreviver”, comenta.

Antes de aportar no Brasil, ele tentou a vida com uma distância menor da família, na República Dominicana, país vizinho, mas a falta de segurança o fez viajar novamente.

No Haiti, Pierre trabalhava como pedreiro e foi também motorista de táxi. No Brasil, voltou à construção civil. O que recebe, ele divide entre guardar uma parte para concretizar dois sonhos e enviar a outra para ajudar os familiares.

Com o que ganha hoje, o trabalhador estrangeiro luta para enviar uma parte à família na terra natal. Pierre também tenta juntar economias para abrir seu próprio negócio. “Preciso ter um negócio próprio. Um restaurante haitiano. Tem bastante haitiano e não tem um restaurante haitiano”, afirma.

Morador do bairro Santa Terezinha, Pierre chegou em Brusque e conseguiu emprego em uma empresa da construção civil. “Penso em ter minha casa. Estou trabalhando para isso. Trabalhar para ajudar minha família, e vou conseguir comprar minha casa também”.


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