Hantavirose e leptospirose: entenda diferenças e os efeitos da enchente nos números em Brusque

Somadas, as duas doenças geraram 34 notificações no município em 2023

Hantavirose e leptospirose: entenda diferenças e os efeitos da enchente nos números em Brusque

Somadas, as duas doenças geraram 34 notificações no município em 2023

Brusque já teve duas mortes em decorrência de hantavirose registradas e três casos confirmados de leptospirose em 2023. Os dados são da Secretaria de Saúde.

Diretora de Vigilância em Saúde, Caroline Maçaneiro aponta que, historicamente, é mais comum ter a notificação da leptospirose no município. “Aumentou a notificação, como todos os anos após períodos de chuvas e enchentes”, diz.

Ambas as doenças são transmitidas por roedores, mas contam com diferenças entre si. No caso da hantavirose, a doença não tem ligação com a enchente, diferentemente da leptospirose.

“A hantavirose está ligada ao rato silvestre e é causada pela falta de cuidado do cidadão em não manter os espaços limpos. Isso traz esse rato para próximo de residências. Dos dois óbitos, o primeiro teve relato de uma mordedura e o segundo temos relato de aspiração durante a limpeza de um paiol”, detalha.

No caso da leptospirose, Caroline destaca que as chuvas e os alagamentos influenciam muito o surgimento dos agravos. Após a enchente de 17 de novembro, foram 3 casos suspeitos da doença registrados.

“Mas é importante lembrar que a população tem a sua parcela de responsabilidade na prevenção das doenças. Ela pode e deve procurar manter o ambiente impróprio para a instalação de roedores e utilizar-se de medidas de proteção individual, quando se expuser a situação de risco. Desta forma, ela se protege dos roedores e reduz riscos de contrair a doença”, completa a diretora.

A situação de ambas as doenças foi discutida na última reunião do Núcleo da Saúde da Associação Empresarial de Brusque, Guabiruba e Botuverá (Acibr) de 2023, realizada em 29 de novembro. O encontro contou com a presença do diretor-geral da Secretaria de Saúde de Brusque, Victor Sardo, e de Caroline.

“Tem alguns sinais e sintomas dessas doenças que são semelhantes a dengue, então estamos alertando para que levem a todas as instituições de saúde essa situação, para que todos fiquem atentos e façam a notificação dos casos suspeitos”, explicou Caroline na ocasião.

Números da hantavirose

Casos notificados: 6
Casos confirmados sendo óbitos: 2
Casos descartados: 2
Casos em investigação: 2

Números da leptospirose

Casos notificados: 28
Casos confirmados: 3
Casos descartados: 22
Casos em investigação: 3

Fonte: Secretaria de Saúde de Brusque

Hantavirose

Caroline explica que a Hantavirose é uma doença infecciosa aguda e grave, causada por um vírus do gênero Hantavírus e que pode levar à morte em apenas 72 horas.

A doença é transmitida por roedores silvestres através da urina, fezes e saliva. A transmissão mais comum é pela aspiração de poeira contaminada pelo vírus. É característica de áreas rurais, que contamina agricultores, pescadores, trabalhadores de reflorestamento, trabalhadores de galpões, paióis, armazéns fechados e pouco ventilados.

Sintomas

No início, há febre, tosse seca, dor no corpo, náuseas, diarreia, dor de cabeça, vômitos, dor abdominal, dor torácica, suor e vertigem e pode evoluir para falta de ar intensa.

Prevenção

Para evitar o acesso, a instalação e a proliferação de roedores silvestres, devem-se adotar providências básicas, porém essenciais, para o controle populacional desses animais:

• Eliminar os resíduos que possam servir para abrigos, construções de tocas e ninhos, assim como reduzir as fontes de água e alimento para o roedor;
• Não deixar entulhos e objetos inúteis no interior e ao redor do domicílio, mantendo limpeza diária, pois esses objetos podem servir de proteção e/ou abrigo para os roedores;
• Manter a vegetação rasteira em um raio de pelo menos 40 metros ao redor de qualquer edificação (casa, silo, paiol, abrigo de animais e outros), visando dificultar o acesso do roedor a esses locais, dessa forma ele não encontrará refúgio e proteção;
• Acondicionar alimentos de consumo humano, grãos e rações para animais armazenados em recipientes fechados, à prova de roedores, no interior das edificações. Para facilitar a limpeza, esses recipientes devem estar sobre mesas, prateleiras ou estrados a pelo menos 40 cm do solo;
• Vedar fendas e outras aberturas com diâmetro superior a 0,5 cm, para evitar o ingresso de roedores no interior dos domicílios e anexos;
• Não deixar rações de animais expostas e remover diariamente, no período noturno, as sobras dos alimentos de animais domésticos, dando-lhes destino adequado;
• Os produtos colhidos, assim como os restos de colheita, não devem pernoitar no campo;
• Armazenar insumos e produtos agrícolas (adubos, sementes, grãos e hortifrutigranjeiros) sobre estrados a 40 cm de altura do piso, em depósitos (silos e tulhas) situados a uma distância mínima de 40 m do domicílio ou de áreas de plantio, pastagens e matas nativas;
• Construir o paiol ou tulha a uma altura mínima de 40 cm do solo, com escada removível e rateiras dispostas em cada suporte, para evitar o acesso dos roedores a edificações. O armazenamento dos produtos em estabelecimentos comerciais deve seguir as mesmas orientações feitas para domicílio e paiol.

Leptospirose

Conforme Caroline, a Leptospirose é uma doença grave causada por uma bactéria chamada Leptospira, que está presente na urina contaminada de animais, principalmente dos ratos (ratazana ou rato de esgoto, rato de telhado ou rato preto) e camundongos.

A transmissão ocorre quando, em contato prolongado da pele com água ou lama contaminada, a bactéria penetra no corpo.

Sintomas

Os sintomas da leptospirose começam repentinamente, parecendo uma gripe no início, com febre, calafrios, dor de cabeça, mal-estar, dores pelo corpo. Um sintoma característico é uma forte dor na panturrilha.

Prevenção

• Para não correr riscos, evite o contato com água ou lama de enchentes e impeça que crianças nadem ou brinquem em rios e córregos supostamente contaminados.
• Pessoas que trabalham na limpeza de lamas, detritos e desentupimento de esgoto devem usar botas e luvas de borracha ou sacos plásticos duplos amarrados nas mãos e nos pés.
• Vacine os cães contra a leptospirose. Mantenha o local destinado aos animais domésticos sempre limpos e recolha as sobras de comida e ração.

Caso ficar doente alguns dias após entrar em contato com águas de rio, açudes, enchente ou esgoto, Caroline alerta para que se procure imediatamente um Centro de Saúde mais próximo, as unidades de saúde e rede hospitalar em casos mais graves.

“Importante relatar ao médico o contato com água ou lama contaminada. A leptospirose é uma doença curável, e o diagnóstico e o tratamento feitos de forma rápida é o que irá garantir uma boa evolução”, orienta.


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