José Francisco dos Santos

Mestre e doutor em Filosofia pela PUC/SP, é professor na Faculdade São Luiz e Unifebe, em Brusque e Faculdade Sinergia, em Navegantes/SC e funcionário do TJSC, lotado no Forum de Itajaí/SC.

Hércules para o Ministério da Educação

José Francisco dos Santos

Mestre e doutor em Filosofia pela PUC/SP, é professor na Faculdade São Luiz e Unifebe, em Brusque e Faculdade Sinergia, em Navegantes/SC e funcionário do TJSC, lotado no Forum de Itajaí/SC.

Hércules para o Ministério da Educação

José Francisco dos Santos

Na semana passada, saiu o resultado de mais uma avaliação internacional sobre Educação, em que o Brasil ocupou seu lugar de sempre: o último! Trata-se de uma avaliação que mediu, em 35 países pesquisados, a valorização dos professores. Os tópicos abordados foram salário, respeito por parte dos estudantes, prestígio na sociedade e opinião da população sobre o sistema educacional. Ser professor por aqui é um desafio e tanto, que atrai cada vez menos os melhores alunos, que sonham com carreiras mais prestigiadas, como medicina, direito, engenharia. E a nossa qualidade de ensino só faz piorar, enquanto piora também a perspectiva do magistério enquanto carreira atraente e promissora.

Há inúmeros motivos, em especial um pensamento pedagógico viciado em autores sabidamente ineficazes, como Emilia Ferreiro, por exemplo, e um enfoque ideológico que ocupa mais espaço que as questões mais importantes do processo de ensinar e aprender.

Além disso, o professor de hoje não consegue ensinar muita coisa porque os alunos não deixam! Até o quarto ano é relativamente tranquilo, mas, a partir daí, enfrentar uma sala de aula se torna um desafio. A indisciplina é, talvez, nosso mais crasso problema. E é impossível aprender qualquer coisa sem disciplina. Se formos fazer estatística do tempo geral de aulas e do tempo gasto pelos professores para tentar manter a atenção dos alunos, veremos o quanto nosso esforço vai pelo ralo a cada dia. E isso sem contar as inúmeras distrações que impedem que um estudante tenha uma verdadeira vida intelectual, dentro e fora da sala de aula. Se isso não for enfrentado de modo sério, não iremos a lugar nenhum.

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Não à toa, os países asiáticos, como a China, o Japão e a Coreia, são tão bem colocados em rankings educacionais. Nessas culturas, o respeito e a disciplina são absolutos. Se não recuperarmos essa dimensão, de nada adiantarão os métodos didáticos, as tecnologias, os livros tais ou quais, ou mesmo mais investimentos. Tudo isso se perderá no turbilhão de indisciplina e descompromisso, que sugam a energia dos professores e redundam em quase nada.

As únicas escolas que estão enfrentando isso de modo sério e com resultados evidentes são as escolas militares, como o Colégio Coronel Feliciano Nunes Pires, de Florianópolis, que está a cargo da Polícia Militar. Escrevi há muito tempo sobre escolas militares aqui, e retomo agora, num momento em que temos a possibilidade de promover uma mudança significativa no sistema. O modelo militar me parece o mais inspirador.

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Para isso, no entanto, não basta mudar o ministro da Educação, mas evacuar o prédio do ministério, dispensando todos, dos diretores à mulher do cafezinho. Esse pessoal que está à frente da Educação, seja no ministério, seja na produção intelectual sobre o assunto, já demonstrou a que veio: produzir a pior escola do mundo. Se quisermos sair desse fosso, precisamos virar a chave completamente.

É aí que o desafio se mostra digno de um titã. Por isso minha sugestão de Hércules para o ministério, pois o desafio educacional brasileiro está à altura dos doze trabalhos do herói mítico grego. Precisamos de um Moro e uma equipe à altura da Lava Jato para começar esse trabalho na Educação, certamente o mais desafiador de todos.

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