Historiador lança livros sobre a origem do Pelznickel em Guabiruba e crescimento urbano em Brusque
Obras estão disponíveis nas livrarias de Brusque
Obras estão disponíveis nas livrarias de Brusque
O historiador da Fundação Cultural de Brusque, Álisson Castro, lançou dois livros com temas que envolvem Guabiruba e Brusque.
Um deles trata sobre a história do Pelznickel, intitulado Personagens Natalinos do Vale do Itajaí, com 158 páginas, e a outra obra é Regimes de Cidade – Turismo e Crescimento Urbano no Vale do Itajaí, com 162 páginas.
Castro conta que, por causa da pandemia, não realizou o lançamento dos livros, que foram financiados com o apoio da Lei Aldir Blanc, em Blumenau. Ele ressalta que, como é historiador da Fundação Cultural, não poderia participar do projeto em Brusque. Já em Blumenau, não houve restrição por município, e os projetos dele foram contemplados.
Como contrapartida social, ele realizou a doação de um exemplar de cada livro para as escolas municipais e estaduais, bibliotecas públicas municipais e fundações culturais de Brusque, Blumenau e Guabiruba.
Os dois livros foram publicados pela editora do Centro Universitário de Brusque (Unifebe). As obras estão disponíveis nas livrarias Graf, Mosimann e Saber, no Shopping Gracher, todas em Brusque, custando R$ 30 cada exemplar.
O historiador agradece a participação da reitora da Unifebe, Rosemari Glatz, no prefácio do livro Personagens Natalinos do Vale do Itajaí, e o Aloisius Lauth no prefácio do livro Regimes de Cidade – Turismo e Crescimento Urbano no Vale do Itajaí.
Ele destaca ainda a participação da artista local Marcia Cardeal na ilustração do livro sobre os personagens natalinos, e a obra da artista plástica Zane Marcos, na capa do livro Regimes de Cidade. A pintura foi feita por ela a pedido da família de Luciano Hang, e Castro pediu autorização para utilizá-la na capa do livro.
Segundo Castro, a obra é baseada na dissertação de mestrado em Patrimônio Cultural e Sociedade que produziu entre 2013 e 2015 pela Universidade da Região de Joinville (Univille).
“Eu peguei a dissertação e adaptei para o livro, onde tirei a linguagem mais acadêmica. O objetivo é contar, explicar, os percursos históricos que os personagens natalinos fizeram da Europa para o Vale do Itajaí e também para Pensilvânia, nos Estados Unidos”, conta.
Na primeira parte, ele questiona o que é o personagem e a predominância dele, a partir da fala dos membros da Sociedade do Pelznickel. O historiador investiga o que é tradição e a importância do termo nas políticas públicas de patrimônio cultural do Brasil.
Na segunda parte, ele busca a origem desses personagens. “No catolicismo, principalmente no Antigo Testamento, Deus era juiz, e São Nicolau intermediava a relação das pessoas com Deus. Com a reforma protestante, se assume que todo ser humano é pecador e não faria sentido ter um juízo final se todos pecam, já que Jesus morreu na cruz para pagar os pecados. Dessa forma, não vai ter a figura do São Nicolau no Natal”, comenta.
Com a contrarreforma, Castro conta que existia alguns resquícios de crenças pagãs, que permaneciam e se mantinham muito presentes. “Diversas variantes de personagens natalinos com a face do mal vão fazer esse julgamento no lugar de São Nicolau. O Pelznickel é uma variante local do homem do saco, como o Krampus na Áustria”, destaca.
O historiador ressalta que o Pelznickel no Brasil foi adaptado. “A roupa tem folhas, para ensinar as crianças a não entrarem na selva. Era muito comum as casas serem isoladas e as crianças terem medo do Pelznickel sair do mato”.
Castro informa que a criação do Papai Noel vermelho teve a contribuição de Thomas Nast, natural de Landau, na Alemanha, distante 36 quilômetros de Kalrsruche, cidade dos primeiros imigrantes que vieram para o Brusque e Guabiruba.
Ele saiu da região por volta de 1850, e foi para os Estados Unidos, onde fazia caricaturas, e foi um dos contribuintes para a criação da famosa figura do Papai Noel atual. O historiador entrou em contato com um doutor no Canadá, que escreveu o livro sobre o Papai Noel. Ele confirmou para Castro, que Nast deve ter usado o Pelznickel como referência, pois ele se vestia dessa forma na região.
No livro, ele conta a construção do Papai Noel vermelho e também como esse personagem chega em Brusque, a ponto de acabar com o Pelznickel, e quase ter acontecido isso em Guabiruba.
Quando tinha 4 anos, o autor veio do interior do Pará, onde nasceu, para morar em Itajaí com o pai, que tinha um comércio. No local, ele imitava os funcionários, e um deles pregava peças nele para assustá-lo, fingindo que era o lobo mau.
Já adulto, ele residiu na Alemanha entre 2004 e 2005, e viu um Krampus. Quando se fixou em Brusque, e em 2011 assumiu o cargo de historiador, começou a prestar atenção nas manifestações culturais. “De certa forma, pode ter sido uma ligação com esse tipo de personagem que fez com que eu me identificasse com o Pelznickel”, reflete.
Além disso, Castro se envolveu a Sociedade do Pelznickel, onde contribuiu para a criação do Pelznickelplatz, e também se tornou um dos personagens do natal. Ele mantém a tradição no bairro Santa Terezinha, onde reside atualmente.
A obra Regimes de Cidade – Turismo e Crescimento Urbano no Vale do Itajaí foi produzida a partir da tese de doutorado do autor, produzida entre 2015 e 2019, pela Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc).
Por ter se criado em Itajaí, Castro percebeu uma diferença no comportamento dos brusquenses. “Percebi que a questão industrial é muito forte aqui. Antigamente, tinha três indústrias, e se a pessoa tivesse algum problema isso poderia repercutir e ficar marcada e não conseguir outro emprego”, comenta.
A partir de um filosófo, ele passou a investigar o regime de cidade, que seria uma projeção mental do que as pessoas querem para a cidade, e como ela afeta as pessoas. No livro, ele fala da projeção que o ex-prefeito Ciro Roza tinha de Brusque, e as obras que ele fez, como a Beira Rio, rodoviária, construções em enxaimel em seus mandatos. Ele também cita as cidade de Blumenau, Jaraguá do Sul e Joinville, pelas construções no modelo enxaimel.
O autor também comenta sobre a mudança no cenário urbano a partir da década de 60 até 1992, e para isso usou o arquivo do jornal O Município disponível na Casa de Brusque. Castro teve a ideia para a tese que se tornou livro quando viu uma foto antiga da cidade e olhou pela janela, admirando um cenário transformado.
Ele fala também do turismo na região, que teve tentativas falhas em 1960, com o centenário de Brusque, mas se iniciou apenas a partir de 1970, com as lojas de roupa no bairro Azambuja, Fip, Stop Shop e assim por diante.
O historiador se considera muito feliz com a publicação dos livros, pois destaca que teve muito trabalho, leituras e pesquisas para entregar um trabalho diferenciado.
“Os livros expressam tudo aquilo que li sobre Brusque, o Pelznickel, e quando a gente vê materializado é uma alegria enorme”, finaliza.
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