Horta comunitária é ferramenta de integração entre moradores do Santa Rita
Produtos cultivados em 30 canteiros são utilizados para consumo próprio, trocas e doações
Horta comunitária é ferramenta de integração entre moradores do Santa Rita
Produtos cultivados em 30 canteiros são utilizados para consumo próprio, trocas e doações
- 08/05/2018
- 5:12
Um boné na cabeça ajuda João Felipe Pioczkoski a se proteger do sol, enquanto faz os últimos acabamentos no canteiro mantido na horta comunitária do bairro Santa Rita. Antes de voltar para casa, colhe alguns pés de cebolinhas frescas para a esposa usar no almoço. A rotina quase diária é descrita pelo aposentado de 66 anos como uma terapia.
No espaço, ele cultiva cenouras, couve, repolho, salsinha, cebolinha e três variedades de alface. “É um lazer gostoso poder trabalhar com a terra e colher tanta coisa”. O resultado da dedicação é utilizado para deixar o almoço da família mais saboroso e saudável. O excedente é doado para vizinhos e familiares.
Há um ano morando em um prédio próximo à sede da associação de moradores do bairro, Pioczkoski conheceu o espaço em uma das vezes que levou o neto para brincar no parquinho.
O carinho dos moradores pelo local chamou a atenção de Pioczkoski desde o início. Os corredores são limpos e os canteiros mantidos em bom estado. Segundo o aposentado, é comum ter interação com os outros usuários da horta para troca de experiências.
De acordo com ele, o espaço supre boa parte do gosto que ele mantém pelo trabalho com a terra. Até se mudar para o bairro, sempre aproveitava um espaço no pátio das casas onde morou para tentar cultivar algumas verduras e legumes. Devido aos problemas de saúde, a esposa e ele optaram por uma rotina de vida mais tranquila, em apartamento.
Integração comunitária
Assim como ele, outros 29 moradores das redondezas aproveitam o espaço para cultivar hortaliças e temperos. No ano passado, a colheita de aipim gerou cerca de 700 quilos de alimento. O volume, segundo o diretor financeiro da associação, Jorci da Silva, foi distribuído entre as famílias do bairro.
Neste ano, com uma área plantada maior, a tendência é que a produção supere os mil quilos. O projeto surgiu há cerca de quatro anos. Foi uma forma de melhorar o aproveitamento de uma área ociosa dos 10 mil metros quadrados da associação e também de aproximar os moradores.
“É bom resgatar estes hábitos, a amizade entre as famílias e a partilha estão sendo renovados”. De acordo com Silva, durante a convivência, é comum as pessoas compartilharem suas produções, mudas e aproveitarem para interagir.
De despesa à produção
A criação da horta comunitária é descrita por Silva como uma iniciativa pioneira na cidade. Os canteiros foram projetados em uma parceria com a Fundação Municipal de Meio Ambiente (Fundema). Foi o órgão público que forneceu os materiais para a instalação dos canteiros.
Foi durante uma palestra que a nora de Silva avaliou que o modelo era viável para a realidade do bairro. A participação, no início, foi tímida. Na época, muitos não apostavam que o projeto pudesse se desenvolver sem atritos. Hoje, há lista de espera para utilizar a horta.
Até as primeiras mudas serem plantadas na área, o espaço exigia limpezas constantes e gerava custos para a entidade. Ainda antes da inciativa, a associação tentou parcerias para que um voluntário cultivasse alimentos no local e dividisse a produção com a entidade, para serem distribuídos entre os moradores necessitados. Não houve interessados e a ideia ficou aguardando uma resolução.
Hoje, o projeto é motivo de orgulho. Segundo Silva, toda a gestão da área é feita pelos próprios moradores ao longo do dia. Sempre que há casos de mudança de algum dos usuários da horta, o espaço é repassado para outro morador e a lotação segue em sua capacidade máxima.