Hospital de Guabiruba realiza rifa para pagar o 13º salário dos funcionários
Por falta de recursos, o hospital realiza eventos durante o ano para arrecadar verbas
Por falta de recursos, o hospital realiza eventos durante o ano para arrecadar verbas
Em dez meses, o número de atendimentos de urgência no Hospital de Guabiruba já atingiu 14.518. Isto representa um aumento de mais de 1,1 mil pessoas atendidas na comparação com o ano passado inteiro e crescimento percentual de 7%. E se o ano de referência for 2013, o crescimento é ainda maior, quase sete vezes mais. Tudo isto têm colocado mais pressão sobre a administração da casa de saúde, que, novamente, teve de apelar a doações para fechar as contas.
Há mais números que demonstram o quanto o hospital tem sido exigido pela população do município. No ano passado, os profissionais da casa de saúde realizaram 5,7 mil medições de pressão em 12 meses. Somente em dez meses em 2015, já foram mais de 7 mil. Além disso, 144 pessoas foram encaminhadas ao hospital e então transportadas para outros locais neste ano. A título de comparação, em 2013, apenas cinco pacientes precisaram de remoção.
Os números não mentem e deixam claro que o Hospital de Guabiruba tem sido muito exigido. Roseli Kohler, diretora da Associação Hospitalar de Guabiruba – o nome oficial do hospital -, reconhece que a capacidade da instalação está comprometida. “Já estamos bem próximos do limite. São dois funcionários por turno, eles ficam esgotados”, afirma.
O crescimento exorbitante de atendimentos tem explicação na mudança de horário de atendimento do hospital. Até meados de 2014, o espaço funcionava em meio período. Ou seja, em 2013 a quantidade de pessoas atendidas era muito menor porque o hospital ficava menos tempo aberto. Até metade do ano passado, também. Já 2015 entra para a história como o primeiro ano em que o Hospital de Guabiruba funciona totalmente das 14h às 24h durante a semana e das 6h às 24h nos fins de semana e feriados.
Este aumento na carga horário colocou mais trabalho para os 14 funcionários que trabalham no local, além dos médicos, que são contratados por meio de uma empresa terceirizada. Até seis que fazem plantão. Não apenas isso, o custo com equipamentos médicos e remédios subiu também. E tudo isto se reflete em mais gastos para a administração – o que leva a este cenário atual.
As despesas fixas do Hospital de Guabiruba são: R$ 63,5 mil com os médicos, R$ 35 mil com os servidores e encargos. A prefeitura repassa mensalmente R$ 100 mil. “Todo mês a Associação Hospitalar precisa entrar com uma parte, mesmo que pequena. Por isso realizamos eventos durante o ano, como a rifa e a venda de café e cuca no encontro de alemães, na Mostra Cultural e na Festa da Integração”, afirma Roseli.
A diretora explica que foi necessário realizar a rifa para ter dinheiro em caixa para pagar o 13º salário dos funcionários. Foram arrecadados R$ 41 mil com a promoção, que deu como prêmio principal uma moto.
Planejamento
A situação financeira apertada da Associação Hospitalar de Guabiruba não é novidade. No ano passado, a casa também dependeu da rifa para pagar os funcionários. E antes disso chegou a ser fechada por causa de dívidas. Com esta experiência, a ideia da presidência é criar um calendário de eventos e promoções para 2016 para planejar outras fontes de renda.
O ano que vem apresenta um desafio a mais. Roseli está em contato com os profissionais da prefeitura para realizar uma reforma no piso do hospital que está deteriorado. Após o orçamento, a diretora e a administração municipal terão de pensar em como viabilizar a reforma em tempos de queda na arrecadação.
Segundo o vice-prefeito Valmir Zirke, uma das possibilidades é reduzir a quantidade de médicos no plantão, com isso, enxugando a fatura de mais de R$ 60 mil paga à empresa R3E, contratada pelo município para fornecer os médicos. Ele ressalta que o Hospital de Guabiruba também desafoga o Hospital Azambuja, de Brusque.