Idosos de Brusque encontram apoio na prática de hobbies para melhorar a saúde mental e combater o estresse

Prática de atividades podem proporcionar relaxamento, descanso e estímulo mental na terceira idade

Idosos de Brusque encontram apoio na prática de hobbies para melhorar a saúde mental e combater o estresse

Prática de atividades podem proporcionar relaxamento, descanso e estímulo mental na terceira idade

À medida que a pessoa envelhece, o cotidiano pode se tornar monótono e solitário, trazendo à tona desafios que afetam a saúde mental e bem-estar. No entanto, segundo especialistas na saúde do idoso, a prática de hobbies tem se mostrado uma poderosa ferramenta contra esses desafios.

De acordo com o médico psiquiatra, Rafael Franco, a prática de hobbies oferece não apenas uma forma de entretenimento, mas também contribui significativamente para a saúde emocional e o alívio do estresse.

De jardinagem a participação de projetos sociais, essas atividades estimulam a criatividade, promovem a socialização e fortalecem o senso de propósito.

“Entre os principais benefícios psicológicos, destaca-se a prevenção da depressão, pois a socialização e o engajamento em atividades podem reduzir significativamente o risco desse transtorno. Além disso, as atividades recreativas ajudam a reduzir a ansiedade, permitindo que os indivíduos desviem a mente de preocupações e cultivem um senso de calma”.

Questionado sobre a contribuição dos hobbies com a autoestima dos idosos, Rafael destaca que eles também fortalecem a autoconfiança e a imagem pessoal. A prática de atividades lúdicas, por sua vez, aumenta a resiliência, auxiliando na adaptação a mudanças e desafios que surgem com a idade.

“Algumas atividades que se destacam nesse contexto incluem artes e artesanato, que promovem a estimulação criativa e a expressão pessoal; atividades físicas, como caminhada, yoga e dança, que não apenas melhoram a saúde física, mas também têm um impacto positivo na saúde mental; e grupos de leitura ou discussão, que incentivam o pensamento crítico e favorecem a interação social. Essas experiências enriquecem a vida dos idosos, proporcionando momentos de alegria e realização”, explica o médico.

Dificuldades do processo

Embora pareça uma tarefa fácil, a coordenadora de Saúde Mental da Secretaria de Saúde de Brusque, Inajá de Araújo, destaca que a equipe de saúde mental enfrenta diversos desafios ao trabalhar com a população idosa.

Um dos principais obstáculos é a mobilidade reduzida, que pode dificultar a participação dos idosos em atividades. Além disso, muitos apresentam falta de interesse ou motivação, o que pode resultar em apatia e desengajamento.

“O isolamento social também se configura como um problema, já que barreiras sociais podem dificultar a participação em grupos. Outro desafio significativo é a falta de recursos, pois a equipe frequentemente lida com limitações orçamentárias e logísticas que podem restringir a oferta de certas atividades”.

A coordenadora destaca que, em Brusque, existem diversas iniciativas e programas voltados para a população idosa. Esses projetos de recreação e socialização são promovidos pela Secretaria de Desenvolvimento Social, por meio dos serviços do Centro de Referência de Assistência Social (CRAS).

“A secretaria de Saúde oferece programas de atividades físicas através do programa “Academias de Saúde”, que atende os bairros da cidade. Além disso, a Fundação Cultural de Brusque organiza eventos culturais e oficinas que estimulam a participação ativa dos idosos, contribuindo para seu bem-estar e integração social”, complementa Inajá.

Idade é só um número

A moradora de Brusque Araci Campos, de 67 anos, é exemplo quando o assunto é atividade física e práticas de hobbies na terceira idade.

Apaixonada por exercícios físicos, Araci mantém uma rotina ativa, praticando musculação na academia e fazendo caminhadas regulares. Além disso, diz ter encontrado na dança do ventre uma forma de expressão e diversão, que pratica em casa.

“É uma atividade que me faz bem. Além disso, participo de quatro grupos de mulheres no WhatsApp e mantenho laços com amigos de diferentes áreas como os ‘amigos do baile’, ‘amigas do barzinho’ e ‘amigas do café’. Essas amizades se traduzem em encontros frequentes em barzinhos, cafeterias, jantares e shows. Sempre temos onde ir, fora que ainda acho tempo para namorar”, brinca.

Arquivo pessoal

Além de sua vida social ativa, Araci dedica parte do seu tempo a duas iniciativas especiais: o grupo “Mãos que Ajudam Brusque” e “Famílias Abençoadas”. O trabalho com essas comunidades é gratificante para ela.

“Ajudar o próximo é muito maravilhoso. Tenho um brechó na garagem onde recebo roupas usadas e vendo a preço de desapego. O dinheiro é usado para auxiliar com remédios, cestas básicas entre outras coisas”, conta.

Arquivo pessoal

Aposentada e cabeleireira de formação, Araci também se envolve em atividades espirituais, praticando a conversa fraterna com quem precisa de apoio.

“Faço isso com quem precisa conversar ou até mesmo com quem precisa de um puxão de orelha. Eu me sinto com 30 anos e não vejo o tempo passar. Trato todos como se fossem jovens”.

Questionada sobre o que diria a outras pessoas da sua idade que ainda não praticam atividades, Araci diz que é preciso levantar da cama, viver e não se acomodar. Para ela, a idade é apenas um número.

“Temos que correr contra o tempo enquanto temos oportunidades. A vida é passageira, amar mais, perdoar, livrar-se de todo peso e ser livre de pensamentos bons e construtivos é essencial. Ser grato pela oportunidade da vida”, conclui.

Arquivo pessoal

Música como aliada

Aos 71 anos, Nelson Lunardelli compartilha como a prática de atividades físicas e seu amor pela música têm sido fundamentais para manter a saúde física e mental na velhice.

O brusquense começou a se dedicar ao exercício físico após os 60 anos, quando ingressou no programa “Coração Saudável” da Unimed. “O programa me libertou de um longo vício no cigarro. Antes, fumava duas carteiras por dia”, lembra.

Após cinco anos no projeto, Nelson continuou sua jornada de bem-estar frequentando uma academia, onde passou a fazer musculação e hidroginástica. Atualmente, ele e sua esposa praticam hidroginástica juntos, uma rotina que já dura cerca de seis a sete anos. “Mexer com o corpo também mexe com o cérebro”, reflete.

Arquivo pessoal

Porém, sua verdadeira paixão é a música. Ex-músico de banda noturna, Nelson hoje se dedica à música sacra, cantando em missas e celebrações nas igrejas católicas. A música, segundo ele, é uma herança familiar e também um refúgio emocional.

“Sempre foi um hobby, já vem de família, do meu avô, pai e irmãos. Cantar com a alma te deixa muito bem”, afirma. Além do benefício espiritual, ele reconhece que a prática musical também é um exercício mental importante.

“A música é uma matemática, te exercita o cérebro. Quando toco ainda levo minha filha e meus netos para participar das liturgias, perpetuando o legado musical da família”.

Arquivo pessoal

Ao refletir sobre a importância dessas atividades na velhice, Nelson faz um convite aos idosos que ainda não ‘mergulharam’ no mundo dos hobbies.

“Façam amigos, divirtam-se, pratiquem atividades, dancem, cantem e sejam felizes. Acredito que essa seja a chave para uma vida longa e plena”.

Arquivo pessoal

Exercícios podem ser a chave

Aymee Cristina Machado dos Santos, orientadora de atividades físicas do Sesi, parabeniza Araci e Nelson e explica que os hobbies são fundamentais, pois são atividades que proporcionam relaxamento, descanso e estímulo mental.

“Essas atividades promovem o relacionamento social e a atividade física de maneira lúdica. Exemplos incluem jogos cooperativos, brincadeiras como dança da cadeira e estafeta, que também podem ser considerados hobbies, como os jogos de mesa e a dança”.

A orientadora ressalta que, enquanto alguns hobbies podem ser realizados individualmente, como jardinagem e oração, as atividades recreativas são geralmente realizadas em grupo.

Ambas as opções, segundo ela, devem fazer parte do cotidiano dos idosos, pois os hobbies trazem prazer e são essenciais para manter a saúde mental equilibrada, enquanto as atividades recreativas favorecem a movimentação e a interação social.

“Entre os principais benefícios estão a redução do estresse, a diminuição da ansiedade, a liberação de endorfinas, que geram uma sensação de bem-estar, e a diminuição da pressão arterial. Essas atividades devem ser incluídas na rotina de autocuidado, pois auxiliam na prevenção da depressão e da ansiedade. Caso o idoso sinta que não está bem, é importante procurar um psicólogo ou médico psiquiatra para receber orientação adequada”.

Aymee atua no programa Vida Ativa, voltado para o público idoso, que oferece atividades físicas, jogos, palestras e momentos de socialização. Os encontros ocorrem todas as terças e quintas-feiras, das 14h às 14h45, no Centro Esportivo do Sesi, localizado na Rodovia Antônio Heil, km 23, número 5111, bairro Limoeiro.


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Dance music e passinho agitaram a pista da Danceteria Palmeira nos anos 90:


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