Igreja Adventista quer transformar Casarão Hort, no Dom Joaquim, em memorial
Tombamento foi aprovado no ano passado, mas moradores não demonstram interesse em deixar local
Tombamento foi aprovado no ano passado, mas moradores não demonstram interesse em deixar local
Após três anos de tramitação, o Casarão Hort, construído entre 1875 e 1880 no bairro Dom Joaquim, foi tombado pela Prefeitura de Brusque no ano passado. O local é um símbolo importante para a comunidade adventista no Brasil, por ter sido a porta de entrada para o doutrina no país, mas o tombamento não foi suficiente para que o casarão se transformasse em um local de visitação dos fiéis.
Porta-voz da igreja e descendente do construtor do casarão, Davi Hort, Emir Schmitt conta que a família que ainda mora no casarão até hoje não aceita negociação com líderes da igreja e com a família Hort e é hostil aos visitantes que vão até o local.
“Em 1995, a Igreja Adventista estava comemorando o aniversário de 100 anos e percebi que aconteceria algum problema sério, porque o casarão não estava estruturado para visitação, mas, com a divulgação feita em vários veículos de comunicação e literaturas pela igreja, começaram a surgir visitação do Brasil inteiro. De lá para cá, porém, são 25 anos de hostilidade da família que mora lá com visitantes e também com líderes da igreja em nível local e nacional. Eles não querem fazer parceria, não tem negociação, não querem vender o casarão, mesmo com várias propostas, eles chegaram a processar a igreja”.
Devido a esta dificuldade com a família, a Igreja Adventista partiu para o Plano B e entrou com o requerimento de tombamento, que foi aprovado pelo Conselho Municipal do Patrimônio Histórico de Brusque (Comupa) em 2016, e após vários processos e liminares, confirmado pela prefeitura no ano passado.
Depois do tombamento, a família e a igreja formaram um conselho para que o local fosse transformado em memorial.
“São advogados, empresários, engenheiros e demais pessoas, a maioria da família Hort, unidos para ajudar no pós-tombamento, com o objetivo de criar um memorial, que vai servir tanto à igreja quanto à família, é uma parceria”, explica.
O objetivo no momento é que eles consigam junto à prefeitura uma maneira de que a administração municipal acompanhe a preservação do casarão.
“Uma vez que a família que mora lá não tem interesse, a prefeitura tem como exigir a preservação, proteção e restauração, o que a família provavelmente não fará”, destaca Schmitt.
Advogados da família estão acompanhando o inventário, mas Schmitt acredita que o processo vai ser demorado, pela falta de documentação do casarão, terreno e das transações ao longo dos anos, já que a propriedade já pertenceu a cinco famílias diferentes.
“Talvez algum juiz vai ter que dar um parecer, porque tem alguma discrepância de desmembramento, passagem de documentos. A prefeitura vai ter que trabalhar muito e dar um apoio para que seja efetivada a documentação desse casarão e talvez futuramente sugerir uma troca, ceder para eles um imóvel para poderem esvaziar ali”.
Schmitt diz que, em caso de a igreja assumir o controle do casarão e transformá-lo em um memorial, a cidade pode passar a ser um local para a realização de eventos da comunidade adventista pela importância que tem para a história.
“A Igreja Adventista é mundial, com cerca de 2 milhões de membros no Brasil, 20 departamentos e tem grandes eventos regionais à nível de Santa Catarina, Sul e também nacional, América do Sul e mundial. Esses departamentos fazem eventos em muitos lugares. Brusque pode passar a ser sede de grandes eventos da Igreja Adventista, com eventos de 10 a 50 mil pessoas”.