“Inteligência artificial não é vilã”: professores de Brusque avaliam impactos da IA na rotina dos estudantes

Gestores escolares buscam estratégias para uso das novas ferramentas a favor do conhecimento

“Inteligência artificial não é vilã”: professores de Brusque avaliam impactos da IA na rotina dos estudantes

Gestores escolares buscam estratégias para uso das novas ferramentas a favor do conhecimento

O uso das ferramentas de inteligência artificial está cada vez mais presente nas escolas de Brusque após ganhar força neste ano. Os professores e gestores que estão se adaptando às novas tecnologias avaliam os benefícios e malefícios das ferramentas na rotina escolar.

Quando se trata do conhecimento sobre a “IA”, sigla de inteligência artificial, os alunos saem na frente. A coordenadora do Ensino Médio do colégio São Luiz, Cintia Cardoso, afirma que os professores precisam pensar em estratégias positivas para o uso das ferramentas.

“Os alunos conhecem muito mais do que nós. Os ‘nativos digitais’ aprendem muito rápido, dominam as ferramentas muito rápido. Temos que, de alguma forma, entender como elas funcionam para verificar como vamos inseri-las no dia a dia”, afirma.

Não é somente o conhecido Chat GPT a única ferramenta de inteligência artificial. Outra, em que também há relatos de utilização pelos alunos, é a LuzIA, que está disponível no WhatsApp. Neste caso, basta somente “conversar” com a ferramenta em um chat privado comum do WhatsApp para obter as informações desejadas.

Primeiros relatos

Pelo menos no São Luiz, foram os professores que trabalham com produção textual que sentiram primeiro o uso da inteligência artificial pelos alunos. Cintia relata que, aos poucos, todos estão se adaptando à nova realidade tecnológica no colégio.

“A inteligência artificial não é vilã. Precisamos conhecer tecnicamente as ferramentas para termos condições de pensar nas melhores estratégias”, comenta a coordenadora. Ela diz, ainda, que os professores já chegaram a elaborar atividades de pesquisa com uso da IA.

Para o diretor da escola Doutor Carlos Moritz, Thiago Alessandro Spiess, há, hoje em dia, em alguns casos, desinteresse por parte dos alunos em pensar. Ele argumenta que, mesmo até com a inteligência artificial “à disposição”, há estudantes que não entregam as atividades propostas.

“É tudo muito novo para nós enquanto educadores. A tecnologia está aí e temos que aproveitá-la naquilo que ela irá nos agilizar no dia a dia. Sabemos que há coisas que vêm para facilitar e outras que vêm para atrapalhar”.

Uso benéfico da IA

O professor de tecnologias digitais e empreendedorismo do colégio Unifebe, Odair José Groh, o Grega, relata que esse assunto já é discutido há algum tempo. Ele afirma que é necessário conscientizar que a IA deve ser utilizada para o desenvolvimento, e não para que os estudantes se tornem escravos das ferramentas.

“Quando essa temática começou a ganhar força, há três ou quatro anos, nós já colocamos como um dos nossos objetivos a necessidade de estimular os nossos alunos a acompanhar essa revolução tecnológica, mas de forma crítica e consciente”, conta.

Para Grega, os estudantes têm que saber que precisam escrever um bom texto e não depender somente da inteligência artificial. O objetivo do colégio, segundo o professor, é fazer justamente com que os alunos entendam que é necessário saber como usar a IA de forma benéfica para o desenvolvimento, mas reconhece que a tarefa é árdua.

“Tentamos não nos fecharmos a este assunto. Observamos muito preconceito. Muita gente não domina a tecnologia, fica assustada e sai falando mal dela. Às vezes, as pessoas até se fecham para essa revolução que está em curso”.

Além do “copia e cola”

O diretor da escola Doutor Carlos Moritz compara a IA com o Google e diz que antes já eram notados trabalhos “copia e cola”. Agora, porém, as novas ferramentas dispensam até o plágio de informações da internet, pois podem fornecer um resumo pronto de determinado material.

Thiago, por outro lado, acredita que a influência da inteligência artificial será maior no Ensino Superior, em que há trabalhos que envolvem pesquisa. Segundo ele, na escola, algumas das atividades são feitas de forma oral ou ocorrem durante a aula, o que impede o uso da IA.

O professor de programação do Instituto Federal Catarinense (IFC) de Brusque, Leonardo Calbusch, avalia que a inteligência artificial não é um “Google mais moderno”. Para ele, é necessário entender o poder da IA para que novas estratégias de ensino sejam colocadas em prática.

“Nós precisamos, primeiro, aceitar e entender que as ferramentas estão disponíveis e eles (alunos) estão utilizando. A partir do momento que entendermos que qualquer atividade terá envolvimento da IA, o próximo passo seria tentar rever a metodologia, considerando que eles têm a ferramenta à disposição”, opina.

“Alunos usam para praticamente tudo”

Assim como em outras escolas, no IFC também foi possível perceber o uso da IA pelos alunos por meio de relatos dos próprios estudantes. Leonardo afirma que a preocupação é em relação à forma que o aluno utiliza as ferramentas.

“A IA, principalmente o Chat GPT, conhecemos no início do ano e os alunos também foram conhecendo e aprendendo. Hoje, em outubro, sabemos que os alunos usam para praticamente tudo, para qualquer tipo de atividade, tanto em sala de aula quanto em casa, caso tenham acesso a celular ou computador”.

As plataformas que identificam se determinada produção do aluno foi ou não realizada por meio da IA têm se mostrado ineficientes, conforme detalha o professor. Ele sugere que as ferramentas sejam integradas à educação por meio de debates e outras estratégias a serem elaboradas.

“Em algumas situações é fácil de notar que a IA foi utilizada, quando o texto é muito ‘certinho’ e muito bem construído. No IFC, só temos o Ensino Médio, mas sabemos o nível de escrita dos alunos com base nas atividades que desenvolvemos com eles”, comenta Leonardo.

Entretanto, o professor relata que, a depender da habilidade que o estudante tem de operar as ferramentas de inteligência artificial, com alterações na escrita, fica praticamente impossível perceber que determinada atividade ou trabalho não foi produzido por ele.


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