Jejum de 12 horas para fazer exames é modificado
A partir de agora, se médico quiser, poderá pedir que ele seja feito sem o jejum
A partir de agora, se médico quiser, poderá pedir que ele seja feito sem o jejum
O jejum de 12 horas antes de fazer exames laboratoriais está com os dias contados. A Sociedade Brasileira de Patologia Clínica e Medicina Laboratorial, a de Cardiologia e a de Análises Clínicas posicionaram-se pelo fim da regra. O novo direcionamento é embasado em estudos científicos realizados na Europa.
Uma pesquisa desenvolvida por cientistas da Universidade de Copenhagen, na Dinamarca, analisou mais de 300 mil pessoas de países como Dinamarca, Estados Unidos e Canadá. O resultado mostrou que não existiu grande diferença entre aqueles que fizeram o jejum e os que não fizeram.
Há, também, outros estudos que embasam a tese de que o jejum de 12 horas não precisa, necessariamente, ser praticado. As sociedades médicas dinamarquesas já trabalham com esse sistema, bem como os órgãos europeus de química clínica.
Em reunião realizada no dia 6 deste mês, as sociedades médicas chegaram a um consenso, para que a obrigatoriedade do jejum de 12 horas seja flexibilizada. A decisão foi tomada em conjunto porque afeta diretamente no diagnóstico de várias doenças.
A bioquímica Mariana Schmidtz, do laboratório anexo ao Sindicato dos Trabalhadores Têxteis de Brusque (Sintrafite), explica que o jejum de 12 horas é exigido nos exames que traçam o perfil lipídico do paciente, em outras palavras, os exames de colesterol e de triglicerídeos.
Até o momento, o padrão seguido pelo laboratório é solicitar 12 horas de abstinência para a realização do exame lipídico. Segundo a bioquímica, pessoas mais velhas e crianças têm mais dificuldades para seguir essa regra.
Para Mariana, a nova orientação das sociedades de medicina facilita para os pacientes. “Mas tem um porém, às vezes, a pessoa faz uma refeição pesada no dia anterior e dá alteração no exame”, diz.
O bioquímico Fábio Germano Hoffmann, chefe do setor operacional do Laboratório Hoffmann, diz que a orientação não será um padrão para os laboratórios. “Nós seguimos o que o médico pede”, diz.
Hoffmann afirma que a mudança é interessante devido aos estudos recentes que saíram que indicam que o jejum é dispensável. A principal diferença é que, sem o jejum, o médico terá o retrato “mais fiel” de como é a alimentação do paciente no cotidiano.
O bioquímico afirma que as mudanças do jejum são viáveis do ponto de vista técnico. O profissional que fizer a coleta do material terá de indicar no laudo se houve jejum ou não. A orientação das sociedades médicas deixa claro a obrigatoriedade de que a realização ou não do jejum conste no laudo do exame, para que o médico saiba como interpretar os dados.
“A medicina evolui muito rápido, os paradigmas mudam”, afirma Hoffmann. Ele afirma que nas últimas décadas já houve várias mudanças nas regras de jejum de exames. Os jejuns de 8 horas para o exame de glicemia e de 4 horas para exame de próstata não foram modificados.