João José Leal

Promotor de Justiça, professor aposentado e membro da Academia Catarinense de Letras - [email protected]

Brusque e o taxista de Manaus

João José Leal

Promotor de Justiça, professor aposentado e membro da Academia Catarinense de Letras - [email protected]

Brusque e o taxista de Manaus

João José Leal

Quando estou fora de Brusque e uso táxi ou Uber, procuro conversar com o motorista para saber alguma coisa sobre a história, os pontos turísticos e culturais da cidade. Não são guias turísticos, mas a maioria considera que faz parte da profissão prestar informações sobre a história, as curiosidades e coisas típicas da cidade, além de dicas para se comer bem.

Em Manaus, lá no outro lado deste imenso país, peguei um táxi no aeroporto. Depois da costumeira boa tarde, não deu tempo para fazer qualquer pergunta. Ao contrário, foi o motorista que, animado e gentil, logo perguntou se eu era de São Paulo. Quando disse que morava em Brusque, o taxista abriu um sorriso e se entusiasmou para dizer que conhecia a nossa cidade.

— Minha esposa e meus dois filhos adolescentes queriam visitar o Beto Carrero. Então, fiz uma economia e aluguei um pequeno apartamento em Balneário Camboriú por uma semana. Foi uma beleza.

— Não era só a praia e o parque de diversões. Minha mulher tinha visto na internet que Brusque é a capital da confecção. Não teve jeito. Aluguei um carro e fui passar um dia na sua cidade para fazer compras. Entramos num centro comercial, cheio de pequenas lojas, disseram-me que mais de duzentas. Em matéria de roupa, tinha de tudo e tão barato que só não comprei mais porque já tinha gasto todo o meu dinheiro com a viagem.

— Antes de voltar, minha mulher quis fazer umas compras num supermercado. Vi que não era somente a roupa. Os alimentos e outros produtos também eram muito mais baratos que aqui em Manaus. No caixa, fui atendido por uma moça do Pará. Disse-me ela que primeiro chegaram os baianos e Brusque está cheia de gente da Bahia. “Eles têm até associação. Depois, começaram a chegar os paraenses e agora parece que quase metade da população brusquense é de gente vinda daqueles estados”.

— Um tio, irmão de seu pai, foi o primeiro a ira pra Brusque e logo arrumou serviço. Trabalhou um tempo e foi buscar a mulher e toda a família que tinham ficado em Salinas, porque emprego tem pra todos. O pai dela também resolveu ir pra Brusque com toda a família tem emprego com carteira assinada.

— Ninguém da família dela pensa em voltar pro Pará porque, além de emprego pra quem quer trabalhar, não falta escola nem creche para as crianças. Imagine, disse-me a caixa, “minha mãe e minha tia chegam a cobrar 280 reais por dia de faxina nas casas. Cada uma já comprou uma moto para trabalhar”.

Antes que eu pudesse perguntar se já estávamos perto do hotel, o taxista completou a sua história.

— Olha, vou lhe dizer uma coisa. Depois do que vi em Brusque, conversei com a minha mulher e já decidimos. Vamos vender o nosso apartamento aqui em Manaus para viver em Brusque. Depois do que contei pra família, minha sogra e meus cunhados também estão pensando em se mudar pra lá.

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