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Pe. Adilson José Colombi

Professor e doutor em Filosofia - [email protected]

João, a voz da Palavra

Pe. Adilson José Colombi

Professor e doutor em Filosofia - [email protected]

João, a voz da Palavra

Pe. Adilson José Colombi

O mês de junho e julho, em várias partes do Brasil, se celebram as denominadas: Festas Juninas. Acontecimentos que normalmente reúnem grandes aglomerados de pessoas. Dias de alegria, diversões, expressões de arte popular, gastronomia típica, etc..

Boa parte, porém, não sabe efetivamente qual é a origem dessas festas e comemorações todas. Já ouviram falar de São João. Todavia, não têm muita clareza de quem se trata e o que esse homem fez para estar sendo distinguido, com essas festividades todas. Sua Festa Litúrgica é celebrada no dia 24 de junho, comemorando seu nascimento.

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Bem, vejamos algumas coisas a seu respeito. Primeiramente, é bom lembrar que é um ou uma personagem bíblico/a. Primo de Jesus Cristo, filho de Isabel e Zacarias. Jesus fez um dos maiores elogios de sua história, ao dizer que João, “o maior homem nascido de mulher”. Recebeu o apelido de “Batista”, por ter batizado o próprio Jesus, no rio Jordão. Viveu a maior parte de sua vida no deserto, vestido com peles de camelo e se alimentando de gafanhotos e mel silvestre. Homem de oração e penitência. Formou vários seguidores, os discípulos de João, alguns depois se tornaram seguidores de Jesus Cristo. Ele é o precursor de Jesus. João apresentou Jesus, como o “Cordeiro que tira o pecado do mundo”. Portanto, como o Messias prometido na Antiga Aliança.

Contudo, talvez, seja melhor dar-lhe a palavra para que ele mesmo se apresente. Ele nos diz em resposta à pergunta que lhe fizeram: “Quem és tu”. Ele respondeu, prontamente. “Eu sou uma voz que clama no deserto”. Com essa frase, consegue sintetizar quem ele é e qual é sua missão. Então, ele se apresenta como “a Voz da Palavra”. Palavra Viva, “e o Verbo (Palavra) se fez carne e habitou entre nós”.

Sob a ótica da espiritualidade católica, João Batista é o protótipo do verdadeiro discípulo de Cristo. Aquele que faz a opção por Cristo e assume a missão de anunciar, antecipadamente, a conversão interior, fundamento da Proposta de Jesus, a Boa Nova do Reino.

Ser “voz da Palavra”. O discípulo/a não tem mensagem ou proposta sua pessoal para anunciar. O discípulo/a é “voz” da Proposta do Reino. O discípulo/a não tem “luz” própria, ele/ela reflete a “luz” do Senhor. Como a lua reflete a luz do sol. E tem que ser o mais fiel e honesto possível, nesse anúncio e testemunho. Serve-se, para isso, de sua palavra humana, de seus dons ou qualidades e do seu testemunho desinteressado.

João Batista é também uma boa referência para a missão da Igreja, nos tempos atuais. A Igreja, sem dúvida, hoje, é uma “voz que clama no deserto”. A Sociedade e a Cultura contemporâneas, com sua fluidez, relativismo e permissividade, sem uma consistência ética e espiritualidade ausente ou diluída, numa “massa informe e interesseira”, tornou-se quase impermeável à proposta da Boa Nova do Reino. Seu “reino” é outro: o do consumismo, do lucro, comodismo, do bem-estar, do prazer, do “ter” e “fruir”, do poder…

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Nesse clima, não é fácil ser uma “voz” da Palavra. A oposição e a “concorrência desleal” são fortes, orquestradas, calculadas, em todos os ângulos e âmbitos possíveis.
O papa Francisco com sua voz e com seu testemunho tenta, com algum sucesso, furar essas barreiras. Todavia, continua sendo, em grande parte, uma “voz que clama no deserto”.

Claro, que isso não o abala ou o faz desanimar em sua missão de continuar sendo, com toda da Igreja, essa “voz”. Tem duas grandes “luzes” para se espelhar: Paulo de Tarso e Francisco de Assis. Duas “luzes” que continuam a iluminar com sua “ausência/presença” a realidade sociocultural presente, disponíveis para todos. O papa Francisco, a exemplo do Batista, tem consciência que é a voz, não a Palavra; luz, não própria. É a Proposta do Reino que tem que ser conhecida, amada e vivida.

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