Juiz de paz chega à marca de cinco mil casamentos realizados em Brusque
Ralf Kretzschmar, que está na função há quase nove anos, realiza uma média de 600 casamentos por ano
Ralf Kretzschmar, que está na função há quase nove anos, realiza uma média de 600 casamentos por ano
O juiz de paz Ralf Kretzschmar, 68 anos, celebrou o casamento de número cinco mil no fim do mês de janeiro. Na função há quase nove anos, ele realiza uma média de 600 casamentos por ano e, assim, faz parte do início da vida da maioria dos casais de Brusque.
Kretzschmar foi nomeado juiz de paz da comarca em outubro de 2009, após receber convite do juiz Edemar Leopoldo Schlösser. Aposentado do Banco do Brasil desde 1997, ele atuava com assessoria administrativa para empresas quando foi questionado se aceitaria o convite.
No início, o bancário aposentado relutou, já que não sabia muito bem qual a função de um juiz de paz, mas, após pesquisar sobre o cargo, decidiu aceitar. “Foi um processo burocrático, precisei enviar vários documentos a Florianópolis para ser avaliado. Fui nomeado em outubro e no mesmo mês eu tomei posse”, conta.
Para ser juiz de paz, não é preciso ser formado em Direito, como a maioria pensa. Kretzschmar é graduado em Administração, mas não é exigido formação superior para assumir o cargo. “É bom ter relações humanas e, durante meus anos como bancário, fiz muitas relações, e isso me ajuda”, diz.
De 2009 até agora, foram pouco mais de cinco mil casamentos. O juiz de paz estima que entre 40 a 50 mil pessoas já passaram pela sala onde são realizadas as cerimônias, levando em consideração os convidados dos noivos.
Os casamentos são realizados no Cartório de Registro Civil de Brusque, às terças-feiras no período da tarde e às sextas-feiras pela manhã. Kretzschmar também realiza casamentos fora do cartório, de acordo com a vontade dos noivos. “É só uma questão de ajustar a agenda, já que é preciso ter alguém do cartório sempre junto.”
Participar de forma tão direta no início da vida de um casal é um grande orgulho para ele. Além de conduzir os trâmites, Kretzschmar procura fazer de tudo para deixar os noivos menos nervosos.
Durante a cerimônia, ele também faz um aconselhamento. “Sempre faço questão de dizer que a vida deles é só para frente. Lembro que eles casam também um com a família do outro e que a pedra fundamental do casamento é o respeito. Enquanto o casal se respeitar não tem quem mexa nisso.”
Após declarar os noivos casados, ele também faz a explicação de como proceder com a mudança de nome. “Esta é uma parte importante porque, quando você muda de nome no casamento civil, é como se você nascesse de novo.”
O juiz lembra muito bem de seu primeiro casamento realizado. Ele também tem documentados os casais de número três, quatro e cinco mil. Ao longo de quase nove anos, Kretzschmar já viu todos os tipos de casais. Já realizou casamentos de noivos que se conheciam apenas há 15 dias e decidiram casar, e também de um casal que estava junto há 48 anos e, por intermédio dos filhos e netos, oficializou a união.
Também é bastante comum oficializar a união de casais que vieram de outros estados como Roraima, Maranhão, Bahia, Pará e até do Haiti.
Um dos desafios na rotina do juiz de paz foi o primeiro casamento homoafetivo, realizado em Brusque há três anos. “Por ser uma situação bastante nova, fiquei um pouco nervoso. Na noite anterior eu li toda a legislação para evitar alguma situação indelicada. Agora, já é algo comum para mim. Já casei homem com homem, mulher com mulher, o importante é se respeitarem e terem sentimento um pelo outro.”
Por fazer parte de um momento de festa na vida do casal, o juiz de paz fica triste quando recebe a notícia de que algum casal se divorciou. “Fico muito sentido porque, quando eu realizo a cerimônia, desejo que seja para sempre. A minha maior alegria é quando um casal chega para mostrar seus filhos, frutos da união que eu celebrei.”