PRIMEIRA MÃO – Júri popular de cinco acusados pela morte de jovem em Brusque já tem data marcada; saiba quando
Investigações apontam que Alessandro foi morto em crime motivado por rivalidade entre facções criminosas
Investigações apontam que Alessandro foi morto em crime motivado por rivalidade entre facções criminosas
Serão julgados no dia 18 de junho, pelo júri popular de Brusque, os cinco denunciados pela morte de Alessandro Santos Silva, de 18 anos. Segundo a denúncia do Ministério Público de Santa Catarina (MP-SC), investigações apontam que o homicídio foi motivado por rivalidade entre facções criminosas, embora não exista registros apurados do envolvimento de Alessandro com organizações criminosas.
Natural de Buerarema (BA), Alessandro morava no bairro Steffen, em Brusque. Seu corpo foi encontrado por um morador de Ilhota às margens do rio Itajaí-Mirim, na Estrada Geral Laranjeira, por volta das 16h do dia 12 de agosto de 2023, após a família registrar um boletim de ocorrência pelo seu desaparecimento.
Segundo o Ministério Público, na noite de 5 de agosto de 2023, Alessandro foi até uma tabacaria no bairro Steffen acompanhado de um amigo. No local trabalhava Carlos*, supostamente ligado à facção Primeiro Grupo Catarinense (PGC). Outros membros da facção também estariam presentes.
Alessandro e o amigo consumiram bebidas alcoólicas. Em determinado momento, já visivelmente alterado, ele teria declarado ser ligado ao Primeiro Comando da Capital (PCC), facção rival do PGC. Também teria enviado áudios e fotos aos familiares, em que aparecia embriagado, citando nomes de supostos inimigos do PGC.
Expressões como “tudo 3”, usadas por Alessandro, são associadas ao PCC. Já o PGC e seus aliados utilizam o termo “tudo 2”. As declarações causaram revolta no grupo presente.
No apartamento acima da tabacaria, onde Alessandro residia, ele foi surpreendido. Seus áudios foram repassados a outros membros do PGC. Um homem ainda não identificado, conhecido apenas como “Desconhecido”, teria dito ter autorização para agir contra a vítima. Com isso, outros envolvidos foram chamados.
Conforme a denúncia, Leandro*, Maria* e Davi*, três dos envolvidos, chegaram ao local em um Fiat Pálio vermelho, conduzido por Leandro, que portava um revólver calibre .38. Eles se uniram a Carlos, “Desconhecido” e Leonardo*.
Maria permaneceu no térreo, enquanto os demais invadiram o apartamento. Alessandro foi espancado com extrema violência até perder a consciência. Em seguida, foi arrastado escada abaixo, colocado no carro e levado embora. Carlos ficou na tabacaria e limpou os vestígios de sangue.
A vítima foi executada em local não identificado. O golpe final teria sido desferido por Leonardo. O corpo foi jogado no rio Itajaí-Mirim para dificultar a descoberta do crime.
No dia seguinte, a família começou a procurá-lo. Um desconhecido atendeu uma das ligações feitas ao celular de Alessandro e disse que ele estava morto. O corpo só foi encontrado seis dias depois, boiando no rio. O laudo apontou afogamento e uma lesão na cabeça causada por objeto contundente.
As investigações apontam que o homicídio foi motivado por rivalidade entre facções criminosas, após Alessandro afirmar pertencer ao PCC. A denúncia destaca que o crime foi cometido de forma cruel e premeditada, com a vítima embriagada, surpreendida e sem chance de defesa.
Leonardo, Carlos, Leandro, Maria e Davi respondem por homicídio triplamente qualificado: por motivo torpe, meio cruel e recurso que dificultou a defesa da vítima. Também são acusados de ocultação de cadáver.
Leandro também foi denunciado por porte ilegal de arma de fogo. Segundo as investigações, ele já possuía o revólver antes dos fatos e o usou para intimidar Alessandro. A arma não foi apreendida, pois o grupo fugiu logo após o crime.
Os acusados também respondem por participação em organização criminosa. Todos seriam ligados ao PGC, com Carlos apontado como membro ativo e a tabacaria conhecida como ponto de encontro da facção.
Em juízo, Leonardo negou envolvimento e afirmou que havia visto Alessandro apenas duas ou três vezes desde que chegou a Brusque, mas não no dia do crime.
Carlos admitiu à polícia ter feito parte de uma facção, mas alegou ter se desligado. Disse que trabalhava na tabacaria e que conheceu Alessandro no dia do crime. Segundo ele, Alessandro chegou embriagado, causou confusão e saiu e voltou algumas vezes. Carlos negou envolvimento no homicídio, mas confessou que agrediu a vítima a mando de terceiros e limpou o sangue, sem saber que ela seria executada. Afirmou que foi ameaçado pelo PGC após o crime.
Maria, Leandro e Davi ficaram em silêncio na fase policial. Em juízo, Maria e Leandro negaram participação. Ela disse que trabalhava em uma lavação e morava com Leandro. Ele afirmou que foi à tabacaria apenas para cobrar uma dívida de um sócio e que desconhecia o crime. Já Davi declarou que era funcionário de Leandro, não frequentava a tabacaria e desconhecia os envolvidos.
A Justiça, porém, considerou que os relatos dos acusados não condizem com as provas do processo. O júri popular será realizado no dia 18 de junho.
* Os nomes dos acusados foram preservados, pois o processo corre em segredo de Justiça. Para fins ilustrativos, foram utilizados nomes fictícios.
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