Justiça Eleitoral se manifesta sobre insinuações de fraudes em urnas eletrônicas
Tribunal Regional Eleitoral rechaçou denúncias e explicou “problemas” relatados por eleitores
Tribunal Regional Eleitoral rechaçou denúncias e explicou “problemas” relatados por eleitores
O presidente do Tribunal Regional Eleitoral de Santa Catarina (TRE-SC), desembargador Ricardo Roesler, concedeu uma entrevista coletiva nesta quinta-feira, 18, com objetivo de dar um posicionamento à população sobre as reclamações de problemas nas urnas eletrônicas durante o primeiro turno.
Segundo o desembargador, a Justiça Eleitoral catarinense quer “tomar posição frente aos ataques dirigidos não só ao processo eletrônico de votação quanto à própria instituição”.
Inicialmente, Roesler abordou a questão dos eleitores que relataram dúvidas sobre a finalização ou cômputo do voto para presidente.
“Nesse sentido, estamos separando as denúncias e respondendo individualmente e tecnicamente, sempre observando que nenhum voto para presidente deixou de ser computado. Essa conclusão está atestada no boletim de totalização”, explica.
Até o momento, em todo o estado, foram 744 registros de alguma não conformidade com a urna eletrônica registrada pelos próprios eleitores.
A seção com maior número de registros foi a 225 da Zona Eleitoral 84, em São José, com sete casos, dentre os 277 eleitores que compareceram para votar. A segunda com maior número de ocorrências foi a seção 262, de Florianópolis: dos 322 eleitores que compareceram à seção eleitoral, quatro reportaram algum tipo de falha.
Estas duas seções foram selecionadas para serem auditadas em cerimônia pública que acontece hoje em Curitiba, e conta com técnicos do TSE, peritos da PF e dos partidos políticos.
O presidente do TRE-SC afirma que foi percebido pela Justiça Eleitoral que muitos eleitores tiveram dificuldades para votar, talvez pela quantidade de cargos.
“Por exemplo: 129.075 eleitores anularam o seu segundo voto para senador, pois digitaram o mesmo número que o utilizado no primeiro voto para senador. Também identificamos que 15.643 eleitores digitaram para presidente o número de um candidato ao governo do estado. Como este número não existia para presidente, o voto foi nulo”, exemplifica Roesler.
O TRE-SC ainda se manifestou sobre a circulação de mensagens falsas, que induzem o eleitor ao erro, as quais afirmam a existência de fraude na urna ou no sistema eletrônico de votação.
“A Justiça Eleitoral identificou elementos e fontes produtoras e disseminadoras de notícias falsas, inclusive fora do estado de Santa Catarina, que foram repassados à Polícia Federal”, esclarece o desembargador.
“A contestação à urna eletrônica se tornou um projeto político, que tenta macular a confiabilidade do sistema e das instituições e as notícias falsas pelas redes sociais passaram dos limites. A ação é deliberada e organizada. No mundo virtual também há responsabilização pelos atos e fatos. Não há como se esconder atrás do teclado de um computador ou de um smartphone”, diz Roesler.
Para o desembargador, as tentativas de desqualificar a urna eletrônica não passam de desonestidade.
“Não vou permitir que se tente desacreditar o trabalho honesto, íntegro, ou ainda que se tente desacreditar a urna eletrônica que funciona, está sendo testada e aperfeiçoada há 22 anos. Atuou em 12 eleições sem uma única prova de fraude”.
O presidente do TRE-SC também se manifestou em relação a circulação de notícias falsas sobre o processo eleitoral. Citou três exemplos que já foram desmentidos pelo TSE. A primeira é que circulou nas redes sociais imagem de um boletim de urna onde um candidato aparece com 9.909 votos, embora o número de votos na urna tenha sido 477. No suposto boletim, ainda aparecem candidatos com 0 votos.
“A imagem que circulou nas redes sociais é montagem, o candidato na realidade teve 9 votos. É uma reprodução adulterada do boletim oficial, facilmente identificada por dois indícios óbvios de manipulação: primeiramente, os dígitos 9 estão desalinhados do resto dos números. E, além disso, o boletim falso apresenta candidatos com 0 votos, quando, na realidade, os boletins de urna reais não registram o nome dos candidatos que não recebem votos”, explicou.
A segunda notícia falsa refere-se a uma mensagem, no WhatsApp, na qual “o TSE avisa que 7,2 milhões de votos foram anulados pelas urnas”. O desembargador esclareceu que os 7,2 milhões de votos anulados correspondem ao volume de eleitores que optaram por votar nulo, e não se refere a votos em candidatos que foram anulados.
Por fim, circularam vídeos de eleitores tentando votar em um candidato e, ao digitarem o número, a urna apresentava a mensagem “voto nulo”.
“É nitidamente verificável que houve engano na ordem de votação”, diz o presidente do TRE-SC. “Nos vídeos, os eleitores alegam a tentativa de votar para presidente, quando a tela da urna está solicitando a votação para o cargo de governador. Sendo assim, ao digitar um número que não corresponde a nenhum candidato ao governo daquele estado, a urna registra o voto como nulo”.