O primeiro filme brasileiro “original Netflix” é um documentário. Foi lançado semana passada e… não é para qualquer um. Para dar o play e assistir até o fim… há que ter uma facilidade em aceitar a diferença.
Laerte-se é uma conversa cheia de sutilezas, que nos aprofunda na rotina, na visão de mundo e na autoanálise de Laerte Coutinho, um dos cartunistas mais relevantes do Brasil. Mas que se tornou muito mais conhecido há oito anos, depois de começar, primeiro a se assumir crossdresser e, depois, a se admitir transgênero.
Laerte é responsável por trazer o debate sobre gêneros para a mídia brasileira e para nos fazer pensar e rever conceitos sobre essa questão “contemporânea”. Aqui mesmo nesta conversa questionei sua insistência em usar o banheiro feminino em lugares públicos. Agora, como ele, questiono a existência dos banheiros “binários”. A gente muda!
O filme mostra uma pessoa “gente como a gente”, enrolada com a reforma de sua casa (desprovida de luxos) e em dúvida se faz ou não implante de seios. Mostra sua “porção avô”, mostra seus personagens – com destaque, é claro, para Hugo/Muriel, que antecipou sua própria transformação. Mostra a capacidade de Laerte em traduzir seu mundo para a nossa compreensão. Com transparência e simplicidade.
É um filme delicado, reflexivo que… pensando bem, tem, sim, que ser visto por todos. Especialmente por quem não abre mão de seus preconceitos. Se é o seu caso… Laerte-se já!