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Líder de facção criminosa é condenado pela Justiça de Brusque

Márcio Preto já está na UPA e deverá cumprir mais de nove anos de prisão

A Justiça de Brusque condenou Márcio de Lima Gomes, o Márcio Preto, a mais de nove anos de prisão por tráfico de drogas e porte ilegal de arma de fogo. O condenado é apontado como o líder de uma facção criminosa que atuava em Brusque. A sentença foi proferida no dia 26 de julho.

Com a investigação da Polícia Civil e os depoimentos dos policiais militares, dos acusados e de testemunhas, é possível entender como funcionava o esquema de tráfico. O Município teve acesso aos autos do processo.

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Márcio Preto e a mulher dele moravam na rua Vitório Otaviano Floriano, no bairro Limeira Baixa, em Brusque. Ele havia assumido o controle da organização criminosa depois que 17 pessoas foram presas na Operação Opus, no fim de 2017.

A investigação policial apontou que o casal tinha uma lavação onde morava, porém, tratava-se de um estabelecimento de fachada. Na verdade, a sua principal atividade era o tráfico de drogas.

Conforme o processo, os dois comandavam as ações da facção criminosa e circulavam pela cidade com um Fiat Siena para comprar, vender e transportar drogas.

O casal e o carro já eram conhecidos como traficantes. Prova disso é que, segundo o depoimento dos PMs, já haviam sido feitas várias denúncias ao 190. Foram tantas que os policiais até já tinham decorado o final da placa do carro: 6444.

A investigação da Polícia Civil sobre Márcio Preto e a mulher, e também conforme depoimentos dos dois, apontou que, no dia 11 de fevereiro deste ano, o casal foi até Blumenau.

Lá, os dois adquiriram um tablete de 1 quilo de cocaína pelo valor de R$ 6 mil. Depois, voltaram para Brusque, onde revenderiam o entorpecente. A esta altura, a Polícia Civil já investigava os dois sobre a atuação criminosa.

No mesmo dia 11 de fevereiro, os policiais militares avistaram o Siena e o casal. Eles faziam rondas pela rua Abraão de Souza e Silva, a Estrada da Fazenda.

A abordagem aconteceu por volta das 23h. Os dois foram parados e, durante a checagem, a mulher, que estava no carona, apresentou comportamento nervoso.

Os policiais revistaram o carro e encontraram a cocaína embrulhada num plástico vermelho atrás do porta-luvas, além de R$ 2.680 em espécie na bolsa da mulher de Márcio Preto.

Também foram encontrados cinco aparelhos de telefone e um caderno com anotações de tráfico. Durante a abordagem, os policiais questionaram Márcio Preto, que acabou confessando que tinha uma arma em casa.

Segundo os policiais, com a autorização de Márcio Preto, os militares e os agentes da Civil (que se juntaram a eles) adentraram a residência do casal. Na casa, encontraram um revólver calibre 32 com numeração raspada.

O casal foi conduzido à delegacia. Mas só Márcio Preto foi preso em flagrante. Ele assumiu a responsabilidade pela droga, dinheiro e pela arma. Por isso a mulher foi liberada.

Maiores traficantes de Brusque, diz delegado

O delegado da Divisão de Investigações Criminais (DIC) de Brusque, Alex Bonfim Reis, prestou depoimento em juízo e contou o que levantou durante a investigação.

O inquérito foi aberto depois de várias denúncias de que Márcio Preto e os familiares traficavam. Segundo o delegado, a investigação comprovou que o homem ocupava o cargo máximo da organização criminosa em Brusque.

No depoimento, o delegado da DIC revelou que, à época, Márcio Preto e a mulher eram os “maiores traficantes” da cidade. Ainda de acordo com o depoimento, o tráfico acontecia na frente dos filhos.

A investigação apontou não só a prática dos crimes, mas também que a lavação era de fachada. Segundo os depoimentos dos agentes, eles nunca presenciaram qualquer atividade no suposto estabelecimento.

Como estava solta, a mulher assumiu os “negócios” no lugar de Márcio Preto. A investigação policial indicou provas de que ela prosseguiu a traficar.

Processo e defesa
A acusação do Ministério Público pediu a condenação de Márcio Preto e da mulher por três crimes: tráfico de drogas, porte ilegal de arma e associação criminosa.

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A defesa de Márcio requereu o reconhecimento da confissão quanto aos crimes de tráfico e da Lei de Armas, a absolvição quanto ao crime de associação para o tráfico de drogas e o reconhecimento do tráfico privilegiado.

A defesa da acusada sustentou insuficiência probatória para a condenação com relação a todos os crimes e, subsidiariamente, requereu o reconhecimento do tráfico privilegiado.

O juiz de Direito rechaçou as alegações em  parte. Ele considerou que ficou comprovado o tráfico e o porte da arma, mas não a associação criminosa.

Levou em conta também que Márcio preto já fora condenado por homicídio simples e posse de arma de fogo pela Comarca de Fraiburgo, no Meio-Oeste de Santa Catarina.

A mulher foi absolvida dos três crimes. Entretanto, ela já está presa por outro crime no Presídio de Tijucas, por isso a sua absolvição não significa a sua volta às ruas.