Mário Botuverá levou o nome da cidade pelo Brasil e voltou para treinar jovens
"Pessoal chegou a me assistir na televisão", lembra o ex-jogador, um dos maiores representantes botuveraenses do esporte
Mário Botuverá, como era conhecido, além de destaque como meia e ponta no futebol profissional, contribuiu na cidade como professor de Educação Física e treinador de vários jovens jogadores.
“Meu apelido era Mário Botuverá. O pessoal chegou a me assistir na televisão, na Taça de Prata, com o Juventus e o Guarani. Joguei no Beira Rio, Maracanã, Mineirão, Couto Pereira, Serra Dourada. Marquei Falcão no Beira Rio, joguei contra Sócrates e ganhamos de 1 a 0 no Pacaembu, contra o Júnior, Zico, Bebeto, Romário na época de Flamengo”, lembra.
Botuverá Brasil afora
No total, Mário atuou em nove clubes profissionais. Ele começou no Paysandu, em Brusque, passou pelo Carlos Renaux, e depois se aventurou pelo Brasil. No seu primeiro time fora de Santa Catarina, a Anapolina (GO) conheceu a esposa Shirley Costa Gianesini, e conseguiu muito destaque, sendo reconhecido como o melhor de sua posição em consecutivas rodadas do Campeonato Goiano.
Ele acredita que sua melhor fase na carreira, porém, foi no Juventus, seu segundo time em São Paulo, após passagem pelo Guarani. Ele atuou por cinco anos no Moleque Travesso, com vários momentos marcantes. “A gente aprontava em cima dos grandes, ganhamos do Corinthians, São Paulo, Santos”.
Mário ficou cinco anos no Juventus em sua primeira passagem, e mais um ano na segunda, e conquistou a Taça de Prata de 1983, o equivalente atual da Série B do Campeonato Brasileiro.
Inicialmente, ele foi emprestado pela Anapolina ao Juventus, mas uma partida contra o Palmeiras foi decisiva para ampliar sua passagem no Moleque Travesso. Ele marcou dois gols em um empate com o Palmeiras por 2 a 2 e, depois disso, técnico e presidente decidiram comprar o passe, na época por 5 milhões de cruzeiros.
Ele ainda jogou no Itabaiana (SE) e no Sport Recife, antes de retornar para Santa Catarina, onde atuou em seus dois últimos clubes na carreira: o BEC, de Blumenau, e o Marcílio Dias, em 1990.
Ainda no BEC, Mário viveu um de seus momentos mais marcantes da carreira. Ele foi o autor do gol único marcado em um amistoso realizado no estádio do Sesi contra o Flamengo, comandado por Zagallo e com nomes históricos como Zico e Bebeto em campo. O tento anotado por ele teve repercussão estadual e nacional, e está na memória até hoje.
“Foram para ver Zico, Bebeto, mas assistiram Mário Botuverá no Sesi. Foi um amistoso, o Zagallo era o técnico na época, era preparação para os campeonatos deles. Em um contra-ataque, eu joguei de centroavante aquela partida, fiz o gol. O Zico não pode dar a camisa dele, então fiquei com a do Bebeto”, conta.
História em casa
Antes de se tornar profissional, Mário se esforçou muito. Ele conta que colocava um pneu pendurado em casa e ficava chutando para tentar acertar o centro, além de muitas embaixadinhas, para afinar o controle de bola.
Quando jovem, ele jogava na União, em Botuverá, mas foi descoberto quando atuava pelo Cedrense, em Brusque. “Em um campeonato amador, a final foi no Augusto Bauer, e o dono da Appel e da Copal foram assistir e depois vieram aqui me convidar para jogar campeonato profissional. Aí fui para o Paysandu e depois para o Carlos Renaux, que foi onde me destaquei e fui chamado para jogar na Anapolina”.
Depois que encerrou a carreira profissional, jogou no futebol amador de Botuverá por muitos anos, e os filhos atualmente também jogam. Além disso, desenvolveu um trabalho memorável com as crianças botuveraenses.
Passando conhecimento
O responsável por colocar Mário para ensinar futebol em Botuverá foi o ex-prefeito Moacir Merizio. O trabalho, que incluiu a disputa de várias edições do Moleque Bom de Bola, durou cerca de 10 anos e deixou muitas lembranças boas e enriquecedoras ao ex-jogador.
“Quando eu treinava, uma vez por mês, ficávamos o dia todo disputando torneios no Sesc em Brusque, moleques de 10 a 16 anos. Várias vezes levantamos o caneco. Treinava quase 40 meninos, e as meninas também. Nessa fase que se descobre os talentos. Eu ia nas empresas pedir jogos de camisas para os meninos, e eles faziam o negócio. Cederam muitas camisas para a gente. A gente fazia, colocava o patrocínio e só mandava a nota”.
Mário lembra que, na época em que apenas sonhava em ser profissional, existiam muitas escolinhas e também outros colegas que tinham potencial para chegar onde ele chegou, mas que é necessário muito treino.
“Se o menino ou a menina gostam de futebol, você tem que designar como tem que correr, chutar. É igual aprender o alfabeto na escola. Ensinar que tem que andar na ponta dos pés, sempre com a cabeça levantada. Hoje é ruim porque tem esse celular, mas é preciso incentivo”.
Para que mais jovens consigam se destacar no cenário profissional, Mário acredita que é necessário investimento do poder público para incentivar e dar esperanças de um futuro no esporte.
“Tem muito menino bom de bola. Hoje, tem só uma escolinha na cidade. A prefeitura teria que dar o material e também profissionais para treinar com as crianças nos bairros. O material é caro. No sábado, tirar o menino do videogame para ir nos campos dos bairros, levar um dia para jogar em Brusque. Pode ter certeza que os jovens vêm, tanto meninos, quanto meninas”, garante.
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