Neste fim de semana, os termômetros registraram altas temperaturas em Santa Catarina. Em Brusque, cada um se refrescou da maneira que podia, alguns foram para a praia, outros se valeram de piscinas e quatro garotos que residem no Loteamento Ema II, no bairro Limoeiro, tiveram a ideia de irem se refrescar nas águas do rio que corta a cidade, o Itajaí-Mirim. A brincadeira não terminou bem, e Leonardo Botega do Prado, 10 anos, morreu afogado. Seu corpo só foi localizado mais de 24 horas após o desaparecimento, na tarde de domingo, 20 de janeiro.
De acordo com o aspirante do Corpo de Bombeiros, Rodolfo Silveira Rodrigues, que coordenou as buscas, o corpo do menino foi encontrado por volta das 17h45, submerso em uma profundidade de dois a três metros e em uma distância de 400 metros do ponto onde o garoto desapareceu, próximo de uma ponte pênsil.
Além dele, também foram se banhar no rio, no trecho que corta o bairro Limoeiro, outros três meninos: o irmão de Leonardo, Lucas Matheus Botega do Prado, 14 anos, o primo de 10 anos e o amigo de 11 anos.
O desaparecimento
Na tarde de domingo, a reportagem do Jornal Município Dia a Dia esteve na casa de Leonardo e Lucas, e o mais velho contou como o irmão desapareceu nas águas. Ele disse que não era a primeira vez que eles iam tomar banho no rio, e o trecho escolhido para se refrescarem tinha uma espécie de “praia” e não era fundo.
Lucas também revelou que os pais não sabiam que eles tinham o hábito de irem ao local.
– Só que ontem, o meu amigo teve a ideia e ir um pouco mais para o fundo e nós fomos também. Chegou uma hora que não dava mais pé e ele começou a chorar e pedir socorro. Nessa hora, o outro amigo saiu correndo e nós todos começamos a chorar. Eu tentei ajudar o meu irmão, mas teve um momento que eu não consegui mais ver ele. Consegui sair da água, quando a correnteza me levou para um trecho que tinha um monte de areia- contou. Eles não sabiam nadar. O menino de 11 anos foi retirado do rio por um homem que passava pela margem e o viu pedindo socorro.
Busca dificultosa
No sábado, 19 de janeiro, equipes do Corpo de Bombeiros de Brusque iniciaram as buscas por Leonardo e a procura teve continuidade durante todo o dia ontem. Duas equipes de socorristas, formadas por dois mergulhares e dois apoiadores, fizeram uma varredura na região onde o menino desapareceu e também na extensão próxima.
– Foram feitos buscas de uma margem a outra, de metro a metro- explicou o aspirante Rodolfo.
Dentre as dificuldades para as buscas estava o fato da água do rio estar muito turva, após as fortes chuvas que atingiram a reunião no fim de semana. Com isso, os bombeiros fizeram a procura por meio do tato, pois não havia visibilidade embaixo da água. Outra dificuldade citada pelo coordenador da operação foi o fato do fundo do rio ser bastante arenoso, conter muitos galhos e ainda ter uma profundidade bastante variada.
– Existem pontos onde a água fica na cintura de uma adulto e logo a profundidade cobre a pessoa -, comentou.
Tragédia
A avó de Leonardo, Neusa Aparecida Prado, 62 anos, conversou com o MDD antes do corpo do menino ser encontrado e destacou que a família estava desolada com a tragédia. Ela contou que a mãe dos meninos, Márcia Helena Botega do Prado, 42 anos, estava sob efeitos de remédios.
– É muito triste uma perda assim, não temos notícias sobre as buscas, estamos vivendo em agonia. Essa noite (sábado) foi cruel, e peço a Deus que os bombeiros localizem logo o corpo do meu neto, pois infelizmente tudo nos leva a acreditar que ele não está mais conosco – comentou.
Neusa contou que o neto era uma criança muito amada e que neste ano iniciaria o 4º ano do Ensino Fundamental na Escola de Educação Básica Santa Terezinha.
– Ele era ótimo, educado, estudioso e uma criança fantástica. Está sendo muito doloroso para nós – enfatizou.
Sepultamento
De acordo com informações a Funerária Estrela, o corpo do menino está sendo velado em casa o sepultamento ocorreu na manhã desta segunda-feira, 21 de janeiro, às 9h30, no Cemitério do bairro Santa Terezinha.
* O nome das outras duas crianças envolvidas no caso não foram divulgados, pois a reportagem do MDD não conseguiu contato com as famílias para autorização.
* Notícia atualizada às 9h35