Mercado de drones cresce em Brusque; saiba o que é preciso para utilizar equipamento
Conheça as motivações e as avaliações dos profissionais que atuam na região de Brusque
O uso de drones vêm crescendo no Brasil. De acordo com a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), que faz a regulamentação deste tipo de aeronave no país, desde que começaram a contabilizar o número de drones, em junho de 2017, houve o crescimento de 439,5% dos registros das unidades.
Na última atualização, de junho deste ano, no país estavam registrados 71.561 drones. Em Brusque, o uso deste tipo equipamento também está ficando cada vez mais frequente.
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O drone faz parte do trabalho do videomaker Wesley de Souza, 29, há dois anos. Para ele, o uso complementa a produção de vídeo. “É a cereja do bolo, não crio vídeos somente usando imagens do drone, mas ele dá uma melhora bem legal no trabalho”, diz.
O brusquense notou aumento da clientela após começar a usar o equipamento. “Vale a pena tê-lo. É usado algumas vezes numa foto, do alto, mas na maioria das vezes é para vídeos”, indica.
O estudante João Victor da Crus, 16, usa o drone como hobby e trabalho. “Eu faço esse tipo de trabalho porque sempre gostei de drones, avião de controle remoto e acabei comprando. Aí vim com ele para o sítio, meus parentes gostaram, pediram para tirar umas fotos e eles me recompensaram pelo trabalho, aí notei que era algo que dava um dinheiro e comecei a investir nessa aérea”, explica.
Existem equipamentos de diversos valores. O mais barato é encontrado por até R$ 100, e o mais caro pode custar mais de R$ 100 mil.
Segundo a Anac, no Brasil há 58.804 pessoas cadastradas com drones. Em Santa Catarina são 3.561. As aeronaves são registradas no Sistema de Aeronaves não Tripuladas (Sisant), gerenciado pela agência.
A tecnologia também complementou o trabalho do autônomo Vinicios Raiser, 24. Ele tem duas empresas, uma para fazer cobertura audiovisual de casamentos e outra para produção de vídeos em geral. Ele avalia o equipamento como uma facilidade a mais no trabalho. “O que muito se fazia com helicóptero, hoje se faz com o drone, pois é mais barato”, compara.
Porém, para Vinicios, o mercado está crescendo demais e começa a saturar. Ele não se preocupa, pois investe em uma área que não possui tanta concorrência, na qual se destaca. “A maioria dos meus clientes é da área de casamentos, não institucionais”, conta.
Treinamento
O regulamento da agência para este tipo de aeronave, publicado em 3 de maio de 2017, pela Anac, classifica os aeromodelos como toda aeronave não tripulada com finalidade de recreação, e aeronave remotamente pilotada (Remotely-Piloted Aircraft, RPA), usadas para outros propósitos, como de forma experimental, comercial ou até institucional.
Tanto João, Vinicios e Wesley aprenderam a usar o equipamento na prática. “O próprio drone tem um treinamento no controle, mas tem muitos cursos que ensinam a pilotar. Aí tu podes se especializar em mapeamento, fotografia e videos”, explica João.
Vinicios recomenda fazer treinamentos. “Eu me sinto seguro a isso. Agora, quem não tem experiência ou curso, não recomendo, torna-se perigoso”, ressalta.
Números
Em junho de 2017, a Anac contabilizava 7.881 drones registrados para fins recreativos e 5.375 para fins profissionais, no país. Hoje, já são 26.016 drones para uso profissional e 45.545 para uso recreativo.
Para João, esse tipo de mercado tem muito a crescer e a se desenvolver. “Tenho certeza que o drone vai ajudar muito a sociedade, até mesmo no transporte, que já está sendo feito em alguns países. Além de mapeamento, uso nas seguradoras, imobiliárias, fábricas, até mesmo para contar containers no porto”, conta.
Classificação e licenciamento
Segundo o regulamento da Anac, as RPA são divididas em três classes, de acordo com o peso máximo de decolagem. Neste cálculo, é considerado os pesos da bateria, ou combustível, do equipamento e da carga, caso algo seja transportado.
Neste documento consta que a classe 1 engloba as aeronaves com peso máximo de decolagem maior que 150 kg. A classe 2 se difere com peso máximo de decolagem maior que 25 kg e até 150 kg; e a classe 3, aeronaves com peso máximo de decolagem de até 25 kg, aeromodelos ou RPA com peso máximo de decolagem de até 250g e RPA com peso máximo de decolagem maior que 250g e até 25 kg.
Para as classe 1 e 2, são obrigatórias a licença e a habilitação emitidas pela Anac, como o Certificado Médico Aeronáutico ou, em alguns casos, o mesmo documento emitido pelo Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea). Para a classe 3, a documentação é obrigatória somente para quem que pretende voar acima de 400 pés, ou seja, 120 metros.
Dificuldades
De acordo com o regulamento, todos os operadores de aeromodelos e de aeronaves RPA com peso máximo de decolagem de até 250g são considerados licenciados, sem necessidade de possuir documento emitido pela agência.
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Segundo João, o pai dele, o representante comercial, Joelso da Crus, 49, possui três licenças: da Anac, para registro e controle do governo; da Anatel, registro com pagamento de taxa de R$ 200, que permite voar em espaço aéreo; e da Decea, que é uma autorização de fazer gravações de vídeo e comercializá-las.
Para ele, a obtenção de licenças torna o trabalho mais complexo, como a autorização da Anac para sobrevoar acima de 120 metros de altura. “Tem um monte de regulamentação, como também voar em cima de pessoas que não concordam em estar nas imagens, e às vezes você passa”, conta.