Moradores de Brusque e região criam animais silvestres em casa
Douglas Baron é dobi da sagui Carlota; Williann Barbosa tem uma serpente da espécie jiboia
Douglas Baron é dobi da sagui Carlota; Williann Barbosa tem uma serpente da espécie jiboia
Embora ainda sejam preferência nacional quando o assunto é animal de estimação, os cães e os gatos estão precisando dividir espaço e atenção com pets mais exóticos. Primatas, répteis e aves despertam, cada vez mais, a atenção dos brasileiros. Seguindo o mesmo cenário do restante do país, Brusque e Guabiruba também contam com tutores apaixonados por animais diferentes.
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A cada dez dias, Williann Barbosa, de 30 anos, precisa alimentar seu pet com três filhotes de rato. Inusitada para alguns, a atividade já faz parte da rotina do mecânico de manutenção há um ano e nove meses. Desde lá, ele mantém como animal de estimação uma serpente da espécie jiboia arco-íris da Caatinga, também conhecida como salamanta.
“Sempre tive fascínio por répteis e quando soube que poderia ter um como pet não pensei duas vezes para adquirir um. Aqui, além da serpente, temos um cachorro e futuramente pretendo ter outra serpente”, diz.
Além dos cuidados com a alimentação, Wiliann também precisa criar a serpente em um recinto compatível com o tamanho do animal e com temperatura apropriada. Ele explica que também é fundamental manter uma fonte de água fresca.
Os cuidados especiais dispensados ao pet do mecânico de manutenção são semelhantes aos cuidados do estudante de engenharia civil, Douglas Baron, de 20 anos, com o sagui de tufos branco que ele cria há cerca de quatro anos.
Carlota – como é carinhosamente chamada pelo tutor – chegou à residência de Douglas por meio de sua irmã, que trabalhava no Hospital Veterinário SOS Animais.
“A gente nunca pensou em ter um sagui. Então foi inesperado. O proprietário da SOS tinha o sagui lá, só que não tinha mais espaço para ele e como minha irmã gosta muito de animais, o proprietário ofereceu para ela. Ela aceitou e então ele nos passou o porte do sagui com toda a documentação do Ibama”, conta Douglas.
Mesmo mantendo o animal silvestre em casa, o estudante também tem oito cachorros – desde vira-latas a animais de raça. Segundo ele, todos os pets recebem atenção e cuidados semelhantes.
“Temos um quintal muito grande. Isso favorece. Amamos todos eles e tratamos eles com o mesmo carinho. Eles tem o melhor tratamento do mundo”, diz.
Em relação aos cuidados diários com o sagui, Douglas explica que o principal está relacionado à alimentação. Ele afirma que alimenta o animal de acordo com as informações e orientações dos documentos do Ibama.
Biólogo desaconselha criação de animais silvestres
Como exigem cuidados especiais, tanto relacionados à alimentação quanto relacionados à manutenção dos recintos, o biólogo e responsável técnico pelo parque Zoobotânico de Brusque, Rodrigo de Souza, desaconselha a criação de animais silvestres.
“É necessário que a pessoa avalie muito bem se tem capacidade de manter. O animal vai precisar de alimentação adequada, vai precisar também de um local onde possa se movimentar, além de um abrigo para se esconder. E o ambiente tem que ser de acordo com as necessidades do animal”, diz.
Antes de adquirir um animal silvestre, o biólogo orienta que a pessoa estude sobre a fisiologia, a anatomia e as necessidades específicas da espécie, que tenha estrutura para receber o animal e que também procure um local de comércio legalizado pelo Ibama.
Ainda de acordo com o biólogo, manter animais silvestres em cativeiro sem a autorização do Ibama é crime ambiental. Ele afirma também que apenas espécies compradas em locais autorizados pelo órgão são legalizadas.