Moradores de três bairros pedem que projeto que extingue polígono residencial não avance
Em audiência pública, foram levantados problemas como o impacto ambiental e a falta de infraestrutura
Em audiência pública, foram levantados problemas como o impacto ambiental e a falta de infraestrutura
Os discursos de moradores na noite desta quarta-feira, 21, durante audiência pública na Câmara de Vereadores de Brusque, foram unânimes: todos são contra a extinção do polígono, nome dado a uma área que ocupa parte dos bairros Centro e São Luiz, além de uma espaço menor do São Pedro.
O polígono está sob discussão desde que foi apresentado um projeto de lei em 2017, criado pela Prefeitura de Brusque, que retira o caráter de estritamente residencial do polígono – permitindo construções apenas de residências unifamiliares de no máximo dois pavimentos – e o torna uma zona mista, com a possibilidade da construção de prédios mais altos e estabelecimentos comerciais.
Os moradores trouxeram à Câmara, inclusive, o abaixo-assinado contra a continuidade do projeto de lei. O documento contava com pouco mais de 400 assinaturas até a última semana, mas durante a audiência pública ele foi apresentado com 522 assinaturas.
A audiência foi promovida pela Comissão de Constituição, Legislação e Redação, e o presidente da sessão foi o vereador Marcos Deichmann (PEN). “Essa é uma nova audiência, agora promovida pela Câmara, que é importante para podermos ter uma decisão coerente para um projeto de tamanho valor e repercussão. Esperamos ouvir todos os lados, por isso abrimos esse espaço”.
Seguiram na mesma opinião os vereadores Ana Helena Boos (PP). “Ninguém melhor para comentar sobre o assunto do que os próprios moradores. Vamos levar em consideração a opinião de cada um, principalmente na hora da votação do projeto de lei”, disse. “Queremos ouvir de vocês, para podermos ter o parecer final e ver se a matéria se encaminha dentro do Legislativo”, complementou Deivis da Silva (MDB).
Confira alguns opiniões expostas na audiência:
Eduardo Serpa – engenheiro florestal e morador do Loteamento Risch
“Fiz um estudo de solo, e o resultado no bairro São Luiz aponta que existe 65% de urbanização, ou seja, um bairro já muito concretado. Dentro do polígono existe mata atlântica. Falam sempre em preservar a floresta amazônica, mas e os nossos bairros? Como vão ficar? Vamos ser uma nova São Paulo? Quem é a favor do fim do polígono não tem argumento. Não foi apresentado nenhum estudo de impacto ambiental. A opinião dos moradores não vale de nada? O que vale é a opinião de meia dúzia de construturas?”.
Roberto Prudêncio Neto – representante da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e ex-prefeito interino
“Pedimos a essa casa que escute a população e os moradores do polígono. Nós não temos infraestrutura nesse espaço para receber prédios altos e comércios. Hoje vivemos em um espaço tranquilo. Brusque pode viver de uma maneira planejada com duas áreas residenciais dentro da cidade. Esperamos que vocês votem contrariamente ao projeto”.
Udo Serpa – morador do polígono
“Esse projeto não apresenta melhorias em termos de qualidade de vida para os moradores de Brusque. Temos que lembrar que as pessoas investiram alto e compraram terrenos em busca de sossego nessa área residencial. De repente surge uma lei que retira a tranquilidade dessas pessoas. Parece um lobismo, com interesses imobiliários, e é algo que não combina com a história de Brusque”.
Juarez Gratzki – presidente da União Brusquense das Associações de Moradores (Ubam)
“Acompanho com preocupação como está ficando a nossa cidade. Dos diversos bairros, há somente dois lugares que são organizados, justamente os que têm o zoneamento estritamente residencial, e agora querem acabar com um. A proposta não vai trazer bem-estar à população. É um projeto que não é da característica da nossa cidade e vai trazer muito mais problemas”.