Mudança no transporte de pacientes para hemodiálise gera reclamações em Brusque
Pacientes e vereador questionam alteração, enquanto prefeitura alega corte de custos
Pacientes e vereador questionam alteração, enquanto prefeitura alega corte de custos
Uma mudança na forma de transporte de passageiros que fazem hemodiálise no Hospital Azambuja é alvo de críticas dos familiares de pacientes. A Secretaria de Saúde diminuiu o número de veículos e, com isso, tem feito os doentes passarem mais tempo na estrada.
Uma das pessoas afetadas pela nova medida, que começou a ser praticada nesta semana, é a sogra de Indianara Amaral, moradora do Bateas, em Brusque. A paciente tem 57 anos e faz hemodiálise três vezes por semana, por três horas.
Até semana passada, o carro passava na casa dela por volta de 4h15. Antes do meio-dia, ela já estava de volta à residência, no Bateas. Mas a prática mudou, segundo Indianara, para pior.
“Agora, a van passa para pegar ela pelas 3h ou 3h15, para depois ir para os outros bairros, rodar a cidade”, diz Indianara. Na ida, o problema é menor, porque os pacientes ainda não passaram pela hemodiálise.
O problema é a volta. “Leva cinco ou seis horas para deixar todo mundo em casa”, diz a moradora. Ela conta que a sogra passa mal quando chega em casa depois de tanto tempo dentro do veículo, rodando por bairros distantes do Bateas, como Dom Joaquim e Santa Luzia.
Para a leitora, o problema é que a prefeitura resolveu trocar os carros menores pela van. Ela critica a decisão e diz que prejudica os pacientes.
Pressão política
O assunto também ganhou projeção na Câmara de Vereadores. O vereador Marcos Deichmann falou sobre o assunto na sessão de terça-feira, 5, e apresentou um pedido de informações à Secretaria de Saúde.
A movimentação de Deichmann fez o líder do governo, vereador Deivis da Silva, conversar com o secretário de Saúde, Humberto Fornari. “Aqueles que se sentirem prejudicados podem buscar postular outra alternativa de horário junto ao setor competente da Secretaria de Saúde, que na medida do possível, poderá apresentar outra alternativa”, diz Silva.
A mudança no transporte dos cerca de 35 pacientes da hemodiálise foi motivada pelo corte nas horas-extras dos servidores da Secretaria de Saúde. O secretário afirma que, em alguns meses, os motoristas chegaram a fazer 156 horas-extras.
Ele afirma que essa situação é insustentável por dois motivos: primeiro porque são muitas horas-extras para a prefeitura pagar, segundo porque são tantas horas que a lei sequer deixa que o poder público pague integralmente.
“Hoje, estamos no limite prudencial. A nossa primeira obrigatoriedade é que acabemos com horas-extras. Isso nos leva a uma nova realidade”, afirma Fornari. A secretaria tinha dois carros pequenos, e nesta semana mudou para apenas uma van.
Com isso, os servidores se revezam para realizar o transporte dos pacientes até o limite de oito horas diárias, sem horas-extras, segundo o secretário de Saúde. Ele diz que o fluxo foi reorganizado para um transporte coletivo, algo já feito, por exemplo, com os pacientes que fazem tratamento de câncer em Blumenau.
Sem prejuízo
Para Fornari, não existe prejuízo do ponto de vista médico para os pacientes, mesmo em casos como o relatado por Indianara, no qual a paciente passa horas após a hemodiálise dentro do carro.
O secretário de Saúde diz que pacientes de cidade vizinhas como Guabiruba e Nova Trento já passam por situação semelhante. Questionado sobre o caso específico da paciente do Bateas, ele acredita que se trata de uma fase de adaptação.
“Pacientes dos municípios vizinhos já passam por isso. Vejo como uma reclamação de acomodação de mudança”.
Segundo o secretário, não há relatos de que algum paciente tenha passado mal depois da hemodiálise durante o transporte. O prejuízo é apenas de mais tempo de deslocamento.