Museus de Brusque não têm plano de segurança para situações de emergência
Museu de Azambuja está com alvará indeferido pelo Corpo de Bombeiros há dez anos
O incêndio de grandes proporções que atingiu o Museu Nacional do Rio de Janeiro no domingo, 2, trouxe à tona a discussão sobre o preparo dos museus para situações de emergência. Em Brusque, há três instituições, todas de administração privada. Nenhuma delas possui um protocolo padrão para evitar a perda do acervo.
Há, ainda, outro problema: segundo o Corpo de Bombeiros de Brusque, o alvará de funcionamento do Museu Arquidiocesano Dom Joaquim, no Azambuja, foi indeferido em 2008 e não houve novas solicitações nos últimos dez anos. Já a autorização do Museu Histórico do Vale do Itajaí-Mirim, conhecido como Casa de Brusque, é válido até novembro desde ano e o do Instituto Aldo Krieger (IAK) vence no dia 13 deste mês.
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De acordo com as normas técnicas de segurança contra incêndios do Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina (CBM-SC), edificações que abrigam museus devem dispor de Sistema Preventivo por Extintores e saídas de emergência. As normas apontam também as situações em que é necessário sistema hidráulico, pára-raios e gás centralizados, porém, tratam apenas da segurança do prédio, e não do acervo.
A historiadora e diretora do Arquivo Histórico José Ferreira da Silva, Sueli Petry, avalia que que “nunca houve preocupação dos governos estaduais ou do país em preservar as nossas memórias, em se tratando de documentação e acervos museológicos. É uma crise nacional”. Ainda conforme a historiadora, são raros os museus brasileiros que possuem os itens de segurança necessários e que atendem às exigências internacionais.
Conheça a situação dos museus de Brusque:
Museu de Azambuja
O diretor do Museu de Azambuja, padre Francisco Wloch, relata que o projeto de segurança da instituição está passando por uma renovação, segundo as normas técnicas determinadas pelo Corpo de Bombeiros.
Além dos extintores de incêndio, o museu possui também monitoramento por câmeras, que auxiliam a detectar qualquer foco de incêndio. A estrutura física do museu, também segundo o padre, está sendo preservada para garantir a segurança dos visitantes que passam pelo local.
“Temos segurança dentro do que é possível com os recursos disponíveis. Os bens expostos no museu têm uma segurança relativa, pois não é possível avaliar monetariamente algo que possui valor histórico e cultural”, pontua o padre. “Mas, apesar de nossas dificuldades financeiras, estamos cuidando do nosso museu.”
Casa de Brusque
O Museu Histórico do Vale do Itajaí-Mirim, a Casa de Brusque, está desenvolvendo seu novo plano museológico. Contemplado em 2017 com o Prêmio Elisabete Anderle de Estímulo à Cultura, as atividades tiveram início em fevereiro e serão apresentadas no fim deste ano.
Para isso, segundo Luciana Tomasi, funcionária do museu, é realizado um diagnóstico da instituição, que contempla, entre outras questões, o programa de segurança e acervo.
“É muito importante conscientizar a população sobre a importância dos museus e que cada um de nós pode colaborar, visitando, prestigiando as exposições, tornando-se sócio, etc. A Casa de Brusque é uma entidade privada, mas precisa do apoio de toda a comunidade para manter suas atividades”, ressalta Luciana.
Instituto Aldo Krieger
O Instituto Aldo Krieger (IAK), museu com acervo dedicado à história do músico brusquense, foi inaugurado em 2002 em comemoração ao centenário do maestro. O presidente do instituto, Carmelo Krieger, afirma que a estrutura possui os extintores de incêndio e segue as normas preventivas determinadas pelos bombeiros.
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“Estamos em dia com os alvarás e planejamos colocar mais extintores. Ficamos sempre preocupados quando vemos casos como o do Museu Nacional”, diz. Além dos extintores, a fiação elétrica da casa que abriga o acervo foi toda refeita, assim como a estrutura foi reforçada para garantir mais segurança aos visitantes e aos itens do museu.
De acordo com o presidente, essa é uma preocupação que ele tem desde a abertura do museu: “Uma vez que o imóvel tem mais de 100 anos, temos essa preocupação com a estrutura, que foi reformada e teve a madeira do segundo piso e o telhado substituídos por materiais mais modernos e reforçados”.
Para garantir a segurança dos visitantes, Krieger explica que os grupos são divididos para que haja menos pessoas em cada ambiente, e também há a preocupação em não levar muitas pessoas ao mesmo tempo para o andar de cima.
“Para colocar novos itens de segurança, também tem custos. Pra isso, precisamos de ajuda do poder público para preservar esse acervo. O apoio da prefeitura é fundamental. Nos solidarizamos com o Museu Nacional e estamos com a bandeira a meio mastro, e torcemos para que as autoridades tenham um outro olhar sobre a questão cultural”, finaliza.