Neilor de Araújo é um dos nomes mais conhecidos e lembrados dos primeiros anos do Brusque Futebol Clube, por diversos motivos: esteve por longos períodos no clube, acumulando mais de 200 jogos; é um dos principais artilheiros da história quadricolor; e foi um dos protagonistas da temporada de 1992, com a conquista do Campeonato Catarinense e da Copa Santa Catarina.

Ano anterior

Em 1991, chegou a ser apelidado de Zico pelo então técnico do Brusque, Daltro Menezes, que viu semelhanças de características entre o atleta quadricolor e o ídolo do Flamengo. Ao mesmo tempo, Neilor se recorda de Menezes ter sido fundamental em convertê-lo a um jogador mais presente na área.

Não à toa, Neilor foi o artilheiro do Brusque nas edições de 1991 e 1992 da Copa Santa Catarina, com seis e nove gols, e também no Catarinense de 1990 e 1991, com quatro e sete tentos, respectivamente. É o maior artilheiro do clube na Copa Santa Catarina, com 19 gols, e o terceiro maior artilheiro da história, com 37 gols em partidas oficiais.

O jogador tem lembranças vivas de vários jogos, e cita uma vitória sobre a Caçadorense como um dos mais marcantes. Em 27 de outubro daquele ano, depois de um período como titular, Daltro Menezes preferiu utilizar o atacante na segunda etapa. O treinador estava suspenso e sinalizou para que Neilor entrasse na partida. Foram dele os dois gols da vitória por 2 a 0, pela primeira rodada do torneio de descenso do Catarinense.

Neilor relata que, ainda em 1991, o Goiás estava interessado em dois jogadores do Brusque: ele e o zagueiro Clésio. Contudo, a diretoria do Brusque não aceitou a venda. Insatisfeitos por conta da negativa, ambos queriam ser emprestados no começo de 1992, mas foram persuadidos pelo dirigente Nico Cardoso, que faleceu em acidente de carro em novembro daquele ano.

Neilor Brusque Catarinense 1990 1992
Neilor com a camisa do Brusque em 1989 | Foto: Arquivo O Município

Campeões

Neilor reserva diversos elogios ao elenco campeão de 1992. “O grupo era uma família. O carro-chefe era o Zeca Albuquerque. Ele segurava aqueles que gostavam do bar e de tomar a cervejinha, aquele que fosse pavio curto… Tornava o grupo uma família”, recorda-se.

“Tinha jogadores que experientes que pegavam, como Müller, Solis, Washington. Com a juventude de Clésio na zaga, Edson d’Ávila, o Cidão, que era nosso coringa. O Palmito numa fase boa, Cláudio Freitas… Com esse ambiente, o time todo fez sua parte. Era um grupo unido e coeso”, completa.

Expulsão

O ex-atacante lamenta não ter jogado o primeiro jogo da final contra o Avaí, em 9 de dezembro. O Leão da Ilha venceu por 1 a 0, e o desfalque se deu por uma expulsão no jogo anterior, na partida de volta da semifinal com o Marcílio Dias. Afirma que foi a única expulsão de sua carreira.

“Eles vieram com má intenção. Teve um lance em que caí com o Carlinhos, lateral-esquerdo. A bola já estava lá na frente. O árbitro era o Luiz Orlando de Souza, que estava olhando para lá. Nesse momento, o Carlinhos começou a me empurrar, tentando fazer nós dois sermos expulsos. Levantei os braços, não reagi, mas o Luiz Orlando viu, não consultou os bandeiras, nem nada, e expulsou os dois. Fomos mais prejudicados, porque eu estava numa fase boa.”

Neilor Brusque Catarinense 1990 1992
Matéria sobre Neilor em 18 de fevereiro de 1990 | Imagem: Arquivo O Município

Gratidão

Neilor jogou toda a segunda partida da final com o Avaí, sendo muito importante na campanha do título, depois de já ter marcado o gol da conquista da Copa Santa Catarina, pouco mais de um mês antes. Em 1993, foi transferido para o Caxias. Também teve outros troféus, como o Campeonato Sul-Matogrossense pelo Comercial, em 1994. Encerrou a carreira em 1996, com apenas 29 anos, por conta de problemas pessoais que envolveram a morte da mãe e problemas de saúde do filho recém-nascido.

O artilheiro faz questão de agradecer a diversas pessoas que o ajudaram dentro e fora de campo. “Dona Mariquinha Vinotti, que era lavadeira. O marido dela, seu Estel Vinotti, que cuidava do gramado, o filho, Guinho. O massagista Mário Vinotti. Dona Conceição Inocente e seu Flávio, que tocavam o restaurante… Massagista Júlio Espanhol (…), Joubert Pereira, Zeca Albuquerque, Dr. Pedro.”

“Tenho um carinho e um amor especiais por este clube. Foi a parte mais bonita da minha carreira no futebol.”

Neilor

Meia-direita/atacante
201 jogos (1988-92, 1993-94 e 1996)

37 gols
Em 1992: 50 jogos, 11 gols