Pe. Adilson José Colombi

Professor e doutor em Filosofia - [email protected]

O “como” e “o que” de nossa comunicação

Pe. Adilson José Colombi

Professor e doutor em Filosofia - [email protected]

O “como” e “o que” de nossa comunicação

Pe. Adilson José Colombi

As nossas falas ou conversas diárias, nos vários ambientes que frequentamos, nem sempre favorecem autêntica comunicação. Muitas vezes, criam situações de desentendimentos, rixas, bate-boca, rupturas, inimizades, agressividade… Quase sempre tais situações se sucedem porque não prestamos atenção ou não dosamos bem o “como” ou “o que” falamos. Agimos por impulso ou sem uma breve reflexão, antes de “soltar o verbo”. Claro que, num ambiente, assim formado, não há uma escuta nem um diálogo satisfatórios. Sem a presença desses meios, não há uma autêntica comunicação. Isto acontece tanto nos encontros presenciais como nos digitais ou virtuais. Nos presenciais, além das palavras que machucam, concorrem também, aumentando a intensidade, os gestos, as expressões faciais, a entonação da voz…

São muitos os temas ou assuntos que podem favorecer esses momentos tensos. Os mais frequentes e também os mais sensíveis são os referentes a posições políticas ou religiosas. Costumam ser carregados de emoções e até paixões que potencializam o embate de ideias ou posições. Sobretudo, se forem discursos fundamentalistas de cunho político ou religioso. Cria-se um ambiente de animosidade e frequentemente de agressividade verbal, além facilitar a propagação de desinformação, principalmente, quando o encontro se dá em nível digital ou virtual.

Quando se trata do “o que”, é preciso checar a veracidade do conteúdo ou do assunto que estou tentando comunicar. Acontece que, consciente ou inconscientemente, ao invés de primar pela verdade do fato ou do assunto da conversa, está-se querendo mais uma espécie de “evangelização”, querendo converter mais pessoas para os meus propósitos ou para meu grupo. Agindo desta forma, não estou construindo pontes com os outros, pelo contrário, estou erguendo muros, barreiras para uma verdadeira comunicação.

Então, a verdade sempre tem que imperar na comunicação. Todos gostam, amam a verdade. Somente, pessoas que não têm sensibilidade à beleza e à bondade (o bem) não amam nem apreciam a verdade. Não é à toa que Jesus de Nazaré afirmou com todas as letras: “a verdade vos libertará” (Jo 10,10). Por isso toda a pessoa, que quer construir a verdadeira liberdade, ama a verdade. Porque a inverdade, a mentira, a falsidade é escravidão. É prisão. A pessoa se torna “refém”, prisioneira se sua própria falsidade. Mais ainda, normalmente o “amante da falsidade” se predispõe a outras falsidades, entrando num círculo vicioso. Essa é a pior prisão, geradora de outras enfermidades psicológicas, socioculturais, espirituais e até fisiológicas.

Por outro lado, não basta ficar atento ao “o que” (a verdade), mas também ao “como”. Com frequência, acontece em nossa comunicação que as desavenças, discórdias, animosidade… ocorrem não por causa do assunto ou conteúdo, mas no “modo” como é exposto, nas palavras, muitas vezes não adequadas ou com certos exageros. O interlocutor (a), por vezes, não se indispõe por causa do assunto ou conteúdo, mas por causa do “como”. O “como” está relacionado às palavras, à entonação da voz, aos gestos… que se usou para fazer chegar a comunicação. Costumo dar o exemplo da doação de um presente.

Não basta estar atento à beleza ou ao valor do presente. O (a) receptor (a) se emociona, em primeiro lugar, com a “embalagem” do presente. Essa “embalagem” inclui apresentação estética, palavras ditas ou escritas, acessórios ornamentais… É diferente presentear a pessoa amada com um anel de diamante, embalado em papel jornal usado e sujo, ou de maneira bem caprichada. Assim é também a comunicação. Claro que o acento está mais na “verdade” do que na “embalagem”.

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