O
senador Cristovam Buarque (PDT-DF) está em campanha de divulgação de seu
projeto de federalização do ensino básico. Buarque é um verdadeiro achado no
Senado Federal, por sua formação intelectual invejável, sua conduta (ao menos
pelo que podemos saber até aqui) correta e, principalmente, pela sua histórica
luta em favor da qualidade da Educação no Brasil. Certamente que há pontos que
podem ser combatidos e discutidos nesta e em outras ideias do senador, mas há
que se ressaltar o fato de que alguém, pelo menos, está efetivamente pensando em
soluções concretas para nosso caos educacional. Para Buarque, o governo federal
deve assumir o ensino básico, porque estados e municípios, em sua imensa
maioria, não têm condições de fazê-lo a contento. Mas isso demanda uma total
inversão de prioridades, o que é e sempre foi o grande entrave nessa área.

Acessei,
pelo you tube, o discurso do senador, em 2011, quando apresentou a ideia no
plenário do Senado. Na ocasião, ele se mostrava impressionado com a capacidade
do país de mobilizar tantos recursos para as obras necessárias para sediar a
Copa do Mundo, e a incapacidade absurda de promover uma mobilização, mesmo que
a longo prazo, em prol da Educação.

O
fato é que as décadas vão se sucedendo e nenhuma solução efetiva se vê no
âmbito da Educação, apesar de algumas soluções paliativas, como o piso
nacional, por exemplo. Mas vejam que o Estado de Santa Catarina moveu ação
judicial contra a obrigação de pagar esse piso, de míseros R$ 1.450,00. O
senador Cristovam Buarque propõe um projeto em que a carreira de professor do
ensino básico passe a ser realmente valorizada. Como Buarque, eu sonho o tempo
em que haja tanta concorrência para ser professor como a que há hoje para as
carreiras jurídicas, ou de auditor da Receita Federal. Para tais carreiras,
muitos se dedicam por anos e anos de estudo intenso. Será que, algum dia, um
posto de professor de História na 6ª série do ensino fundamental poderá ter uma
atração ao menos parecida, e que os cursos de licenciatura sejam tão procurados
quanto os de Direito, Administração ou Medicina?

Como
bem salienta o senador, isso é condição necessária para que o Brasil dê um
salto qualitativo. Para tanto, é preciso investimento, pois não há Educação de
qualidade a preços módicos. Mas o custo que nós pagamos por não dar uma Educação
decente à população é muito maior. Esse custo, conforme discursa o senador, é a
ineficiência, o despreparo, a incapacidade de inovar no mundo da produção, bem
como o enorme custo do sistema carcerário. Na página do you tube a que me
referi, uma professora postou o seguinte comentário: “Na minha escola as
crianças usam o banheiro com as portas abertas, porque não há trancas para
fechar. O pátio é de terra. Não há refeitório, nem sala de vídeo, nem
computação, nem biblioteca. Falta tudo.” Que esperar de uma geração que estuda
nessas condições? Ou este país muda suas prioridades ou nosso crescimento vai
minguar por absoluta falta de competência.