“O futsal foi como um tratamento”, diz jogadora ao se recuperar de câncer em Guabiruba
Andressa Ebel disputou campeonato pela equipe Fênix e diz não pensar em deixar o esporte
“O futsal foi como um tratamento”, diz jogadora ao se recuperar de câncer em Guabiruba
Andressa Ebel disputou campeonato pela equipe Fênix e diz não pensar em deixar o esporte
- 29/08/2023
- 6:00
Foi necessário mais de um ano de quimioterapia e radioterapia, além de uma cirurgia de mastectomia, para Andressa Paza Ebel vencer o “jogo” contra o câncer. Apaixonada pelo futsal, ela encontrou forças no esporte e na família para lutar contra a doença e agora afasta qualquer possibilidade de aposentadoria.
Em quadra, Tatu, como é conhecida, mostra os cabelos crescendo, bem diferente da careca que exibiu durante o tratamento. Ela disputou o Campeonato Municipal de Futsal Amador com a equipe Fênix, considerada a sua segunda família.
Ela falou dos cuidados com o corpo após fazer uma mastectomia para a retirada de uma das mamas, neste que foi o único momento em que precisou se afastar do futsal. Apesar de estar recuperada, a jogadora precisará fazer acompanhamento médico pelos próximos cinco anos.
“Eu precisei tirar uma das mamas e não penso em reconstruir. Talvez, lá na frente, eu tire a outra mama. É uma cicatriz de guerra. Eu me sinto bem, mas lógico que tomo cuidados para proteger os seios em uma dividida, assim como eu fazia quando estava em tratamento, mas estou feliz por voltar a jogar cem por cento”, conta Andressa.
Apoio da família e do futsal
A pivô conta que a família e sobretudo, a filha, a pequena Andressa, de 5 anos, foram fundamentais na recuperação. O apoio deles, aliado ao dia a dia nas quadras, com as colegas de time, ajudaram a manter o equilíbrio e a força para vencer a doença.
“Para muitos o tratamento de mais de um ano é muito tempo, mas para mim pareceu que o tratamento passou num piscar de olhos. Talvez porque eu me apeguei a algumas coisas, como a minha família, que me deu apoio e não sentiu pena de mim, porque isso é uma das piores coisas para a gente que enfrenta esse tipo de doença, e a outra foi o futsal. Eles me fizeram levantar da cama”, lembra a atleta.
Orgulho da careca
Durante o tratamento com a quimioterapia, a camisa 5 resolveu raspar toda a cabeça. Agora, com os cabelos já crescendo, Andressa diz que a tristeza não teve lugar e que ter perdido o cabelo não foi um problema, e sim a oportunidade de deixar uma mensagem para as pessoas.
“Na minha adolescência, eu usava cabelo curto. Sempre me identifiquei assim. Quando raspei meu cabelo em casa, senti orgulho da careca e não escondia de ninguém, porque mostrava que eu estava lutando contra um câncer e usei isso como forma de incentivar as pessoas a continuarem lutando, pois essa é uma doença que a sociedade ainda não entende”, reforça a atleta.
Conquistas dentro e fora das quadras
No período em que estava em tratamento, a pivô ajudou a equipe Fênix a conquistar o título de campeã do Campeonato Municipal de Futsal Amador de Guabiruba, ocasião em que o time preparou uma surpresa que ficará para sempre guardada na memória, diz Andressa.
“O Fênix é a minha segunda família e sempre me deu apoio. As meninas fizeram homenagens pra mim na camisa e tudo, foi lindo. Mas, o mais incrível foi quando conquistamos o título de futsal amador de Guabiruba, Quando a capitã do time, Pepe, me entregou a faixa para eu levantar o troféu, foi inesquecível”, disse, emocionada.
Fora das quatro linhas, Andressa também voltou aos estudos para concluir o ensino médio e já até sabe o que fará depois. “Nesse período, eu voltei a estudar, quero concluir o meu 2º grau e depois quero fazer uma faculdade na área de tecnologia. Sou muito nova, vou fazer 35 no final do mês de agosto, então tenho muitas coisas para realizar”.
Próximos projetos
A pivô já pensou em pendurar as chuteiras, mas por hora descartou a possibilidade. Ela resolveu adicionar mais uma função em seu currículo esportivo como dirigente do time “Felinas”.
“Mesmo sabendo das dificuldades em conseguir materiais e patrocínios, criei o time Felinas com o objetivo de dar oportunidades para meninas que querem jogar futsal em Guabiruba. Neste Campeonato Amador de Futsal, eu inscrevi o time, que acabou que enfrentamos a Fênix e eu fiquei como dirigente, brinco que ganhei e perdi no mesmo jogo. Mas este projeto com este novo time veio para ficar. Meu segundo filho é mais um motivo para eu seguir lutando no futsal”, finalizou.
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