Entre ser criança e ser mulher, existe uma ternura chamada menina.

Ouvir histórias de pricesas e fadas madinhas são seus únicos problemas, quando chega a hora do felizes para sempre os adultos as colocam na cama.

As mães as adoram,
meninos as odeião,
irmãos e irmãs mais velhos gostam um pouco
adultos dão atenção
o céu as protegem.

A menina é a vaidade com a roupa feia, o amor com ódio no coração, a sinceridade com a mintira escrita no rosto, a confiança com a chave no bolso.

Uma menina é híbrida:
apetite de princesa,
disposição de mulher,
energia de lebre,
curiosidade felina,
os pulmões de uma sereia,
imaginação de um desenho cego,
o recebimento de uma cobra,
o entusiasmo de um atleta quando se mete a fazer alguma coisa.

Gosta de revistas, batom, porpurina, shopping, roupas, bolsas, lenços, celular, música. Ninguém levanta tão cedo, nem chega tão tarde para o jantar. Nem se diverte tanto com uma chave, sapos e mosquitos. Nem é capaz de colocar num único bolso uma capa de caderno rasgada
uma banana pela metade,
uma corrente,
uma sacola plástica,
três balas babádas,
três notas de um real e uma flor mucha.

Você pode tirar ela do seu quarto, mas não pode tirá-la do seu coração. Pode expulsá-la da cozinha, mas não pode tirá-la de sua mente. Queira, ou não, ela é sua estrela, sua patroa, sua dona – uma garota pulando por aí, uma pequena, uma espanta vagalume, uma caixa de confuzão. Mas quando a noite você chega com suas coisas, ela diz:

– Oi, mãe!

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Fernanda Maria Zunino – 17 anos – Terceirão