O roto, o esfarrapado e o profeta
A sangria contínua do presidente Temer, que desatou desde a divulgação de sua conversa com Joesley Batista, recolocou a política em fervura. Um dos efeitos disso tem sido a saída dos lulistas de suas catacumbas, com seu velho discurso de golpe e aquele pretensioso “eu avisei que Temer não prestava”. É irritante que os apoiadores de Dilma e Lula aproveitem a fritura de seu vice e companheiro de chapa para posarem de bonzinhos e arautos da ética na política. Como diz o velho bordão, é o sujo falando do mal lavado, ou o roto do esfarrapado. E o pano de fundo é a esperança de que, com a queda de Temer, haja eleições diretas, para que – pasmem! – Lula possa ser eleito. Nessa fantasia de discurso e marketing, querem fazer parecer que Joesley é cria de Temer, quando todo mundo sabe que a JBS vem sendo inundada pelos cofres de BNDES desde o governo Lula. Lula, que aguarda sua sentença no caso do triplex e do sítio de Atibaia, anda curiosamente sumido do noticiário, enquanto Temer agoniza. O cidadão honesto e o empresário que deseja produzir para recuperar o país não podem compactuar com essas artimanhas publicitárias. O país precisa ser passado a limpo, não enterrado de vez na sujeira.
Eu não sei o que o poder judiciário, ao fim de todos os recursos possíveis, decidirá quanto a Lula. Pode ser que, por questiúnculas processuais ou “falta de provas”, nossos maravilhosos tribunais superiores deem a ele um atestado de querubim. Mas eu não sou juiz e não preciso me ater a teses de advogados pagos a peso de diamante. Como uma pessoa honesta e de inteligência média, me é muito mais que notório que Lula é o grande chefe do esquema que espoliou o país com suas incontáveis falcatruas. Seus parceiros e colaboradores Dirceu, Genoíno, Delúbio, Silvinho, Marcos Valério, Palocci, Mantega, Vaccari, Delcídio, Paulo Bernardo, Cerveró, Renato Duque e companhia limitada estão enlameados até os olhos. Lula é a única virgem no bordel? E mesmo se fosse inocente, que líder seria, se não poder ver nem ouvir o covil de abutres reunido por anos na sala ao lado do seu gabinete? Como poderia ser ele a saída para um país que, apesar dos pesares, tem a economia, destruída por ele e seus amigos, em princípio de reconstrução? Isso seria sair da latrina para mergulhar na fossa.
Mas no meio de toda essa falta de noção, uma voz profética ecoou nas mídias sociais durante a semana passada. Trata-se do empresário Paulo Hermann, presidente da John Deere (fabricante de máquinas agrícolas) para o Brasil. Sua recomendação é que vejamos menos noticiários e acreditemos na nossa vocação, nossa competência, capacidade e honestidade para trabalhar, produzir e tirar o país dessa situação lamentável. Então é necessário, segundo ele, tomar conta da sociedade e exercer marcação cerrada sobre os políticos, para eliminar do cenário essa corja de bandidos que não nos representa. Sua fala deve ser replicada, repassada e ouvida várias vezes por todos que ainda têm um pingo de honestidade, e não se sentem representados por gente da estirpe de Lula, Temer, Aécio, Cunha e todos os nomes já citados neste artigo. Esse jogo ideológico ridículo – de aproveitar uma situação calamitosa para tentar reeditar uma pior ainda – só pode vir de quem se sente representado por essa bandidagem. Parabéns, senhor Paulo Hermann! O senhor me representa.