Onça-pintada mais velha do Brasil está no Zoobotânico de Brusque; conheça a história de Nina
Estatísticas são do Plano de Ação Nacional para Conservação de Espécies Ameaçadas de Extinção
Estatísticas são do Plano de Ação Nacional para Conservação de Espécies Ameaçadas de Extinção
Nina, de 25 anos e seis meses, é a onça-pintada mais velha do Brasil, de acordo com os dados do Plano de Ação Nacional para Conservação de Espécies Ameaçadas de Extinção. Nascida no zoológico de Teresina (PI) no dia 8 de outubro de 1996, Nina chegou no parque Zoobotânico de Brusque já nos primeiros meses de vida.
Cristina Harumi Adania, médica veterinária que atua na Associação Mata Ciliar, uma ONG localizada em Jundiaí (SP) que coordena o trabalho nacional de registro genealógico da onça-pintada, avalia que Nina é uma das onças-pintadas mais velhas do mundo, apesar de não existirem dados que comprovem isso oficialmente.
O plano de ação nacional é fruto de uma parceria entre a Associação de Zoológicos e Aquários do Brasil (Azab) e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), do Ministério do Meio Ambiente. Segundo Cristina, 25 espécies são contempladas pelo programa, sendo a onça-pintada uma delas.
A expectativa de vida das onças-pintadas na natureza, em meio a competição, é de aproximadamente dez anos. Entretanto, em cativeiro, é natural que os felinos vivam por mais tempo, uma média entre 15 a 20 anos. A longevidade de Nina é considerada um caso raro por especialistas.
“Em vida livre, animais acima de 12 anos já são considerados senis. Na natureza, uma fêmea vive por cerca de oito a dez anos. O cativeiro acaba sendo um banco genético para essa espécie. O ICMBio, que dita as regras para conservação das espécies ameaçadas, coloca que se não tivéssemos um programa de cativeiro para a onça-pintada, esses animais estariam fadados à extinção”, comenta Cristina.
Quem acompanha a rotina diária de Nina é a médica veterinária responsável pela equipe técnica do Zoobotânico, Milene Pugliesi Zapala. Ela comenta que, pela idade avançada do animal, é possível notar algumas limitações no dia a dia da onça-pintada.
“É um animal calmo, mas também com seu instinto. Por estar com idade muito avançada, ela anda menos e gosta de ficar deitada por mais tempo. Como ela tem problema de artrose, fazemos a medicação para essa doença crônica. Pela idade, também já perdeu bastante massa muscular. São sinais clínicos iguais aos de um idoso”, conta.
Até 2018, Nina vivia com a onça-melânica Mike, que faleceu de causas naturais aos 21 anos. A partir de então, ela passou a viver sozinha no recinto. A médica veterinária comentou também a rotina de alimentação da onça-pintada.
“É um animal carnívoro, então ela recebe carne diariamente. Pelo tamanho, existe uma dieta balanceada. Utilizamos animais abatidos para alimentar ela. Tem a questão da suplementação também”, afirma.
Nina passou por uma cirurgia na quarta-feira, 11, para retirada de um tumor no abdome. Milene diz que ela está reagindo bem e passa por um período de observação constante.
“Ela está bem. Está sendo feita a medicação que precisa e ela já se alimentou e caminhou um pouco. Esses dez primeiros dias temos que tomar um cuidado especial. Por causa do tumor, foi um corte muito grande. Como em qualquer cirurgia, temos que ter os cuidados”, diz.
No Pampa, bioma localizado no Sul do Brasil, a onça-pintada já é considerada extinta. Em regiões como Mata Atlântica e Pantanal, a espécie está ameaçada de extinção. “Existe um programa da Argentina de reintrodução da onça-pintada no Pampa, pois ela já foi fadada à extinção”, comenta a médica veterinária Cristina.
Segundo ela, a onça-pintada é a única espécie tida como subespécie no Brasil. Cristina afirma ainda que o país tem uma grande importância na manutenção de felinos selvagens.
“Enquanto no mundo inteiro escutamos falar em tigres, leão, pantera das neves, entre outros animais, a onça-pintada é o maior felino das Américas e o Brasil é o país do continente que mais mantém esses animais”, finaliza.
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