Os sotaques de Brusque
O jornal O Município publicou na terça-feira, 13, uma matéria sobre os venezuelanos que estão em Brusque. Eles fugiram da fome, da violência e miséria de seu país para buscar um recomeço no Brasil. São histórias de vida de empresários, comerciantes, estudantes e até engenheiros que tiveram seu futuro ceifado por um regime cruel e […]
O jornal O Município publicou na terça-feira, 13, uma matéria sobre os venezuelanos que estão em Brusque. Eles fugiram da fome, da violência e miséria de seu país para buscar um recomeço no Brasil. São histórias de vida de empresários, comerciantes, estudantes e até engenheiros que tiveram seu futuro ceifado por um regime cruel e ditatorial.
Hoje estão felizes com a oportunidade de trabalho que estão tendo em Brusque e aflitos com os familiares e amigos que ainda estão na Venezuela. Nos relatos, a intenção é não voltar mais para lá e dentro do possível trazer seus parentes, aumentando ainda mais a estatística de imigrantes que estão se tornando brusquenses.
A imigração sempre foi um tema delicado e está novamente nos noticiários mundiais com a caravana que se deslocou da América Central rumo aos Estados Unidos e que esta semana teve seus primeiros integrantes chegando à fronteira. Por um lado, há uma comoção humana com a situação destas 7 mil pessoas em busca de um novo lar e num outro extremo está a intransigência personificada no presidente americano Donald Trump, que não quer permitir a entrada deles em seu território.
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O problema da imigração não se restringe a esta saga de hondurenhos que fogem da fome e da violência. Segundo números divulgados ano passado pelas Nações Unidas, estima-se que mais de 258 milhões de pessoas vivem num país diferente do seu local de nascimento. Toda esta movimentação humana gera ações e reações diferentes em cada lugar.
Nossa cidade tem uma ligação umbilical com este assunto, pois a sua certidão de nascimento foi escrita por imigrantes alemães, italianos e poloneses. Estes povos juntos, com tantos outros, moldaram o perfil desta cidade próspera e trabalhadora.
Por aqui nunca deixaram de chegar novos moradores, sejam eles de outros países ou de outras regiões do Brasil. Na década de 80, por exemplo, muitos paranaenses chegaram por aqui. Nos últimos anos, os baianos prevaleceram. Até haitianos acabaram por adotar nossa cidade para criar seus filhos como o leitor pode acompanhar na matéria publicada nesta sexta-feira, 16.
Segundo o IBGE, hoje somos mais de 131 mil habitantes, sendo que 15% de nossa população é considerada recente. Destes, quase 10% estão há menos de um ano em Brusque. Os que são nativos ou estão a mais de 30 anos aqui representam 30%, ou seja, menos de um terço. Isso mostra que nossa população é majoritariamente composta por migrantes.
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Ao contrário dos conflitos que a imigração está causando nos Estados Unidos, Europa e até no Brasil, em Roraima (porta de entrada dos venezuelanos), por aqui o processo de aculturamento ainda é pacífico porque não recebemos grandes massas humanas.
Os migrantes que vêm são em número reduzido e isso facilita sua adaptação. É claro que há diferenças culturais, sociais e econômicas, mas não temos registros mais graves de embates neste sentido.
Cada cidadão, cada cultura tem seu valor, independente do sotaque, da cor de pele ou idioma. Todos queremos uma cidade melhor para se morar e como somos várias “tribos” num só lugar, o que realmente importa é a tolerância e respeito uns com os outros. Só assim aprendermos com a riqueza da diversidade dando ainda mais condições para que Brusque continue próspera e acolhedora.