Outono e um verão que não deixará saudade
O verão de 2023-24 nos castigou com ondas de calor infernal, daquelas de nos fazer suar em bica. Lembro-me de que os doutores do tempo disseram que, por conta do El Niño, aquele teria sido o verão mais quente já registrado no Brasil, quando os termômetros bateram na casa dos 44,8°C. Da mesma forma, o verão que acabou de despedir não deixará saudade. Ninguém gosta de viver numa fornalha alimentada por um sol inclemente.
A partir de janeiro, passamos a enfrentar dias e noites de calor intenso. Da manhã à noite, os dias foram tão quentes, que poucos se animavam a sair à rua para uma caminhada. Para os que podiam, o jeito foi buscar o refúgio no interior de um recinto climatizado. Os trabalhadores a céu aberto, é claro, não tiveram alternativa. De chapéu ou sem chapéu, o labor lhes obriga a botar a mão na massa sob um sol escaldante.
Pode haver um certo exagero no discurso dos cientistas do clima. Mas, parece-me que o aquecimento da terra já atingiu uma marca preocupante. Não precisamos de diploma de ecologista para ver que a natureza está sendo agredida de forma perigosa. Os rios estão secando e as águas sendo poluídas. A atmosfera já não consegue absorver tanta fumaça e gases lançados pela atividade industrial e descargas dos veículos. As florestas estão sendo devastadas.
Desastres climáticos sempre ocorreram na face da terra. No entanto, parece que estão acontecendo com maior frequência e isso deve servir de alerta para todos nós, pois as consequências já estão nos atingindo. São vendavais, tempestades e inundações nunca registradas anteriormente; calor extremo, secas prolongadas e ondas de frio intenso. Não podemos mais ficar alheios ao que se passa com o ambiente. A nossa geração e a dos nossos filhos, com certeza, haverão de sobreviver. Porém, temos o dever de garantir a sobrevivência das próximas gerações.
Na terça-feira da semana passada, tivemos um evento climático que pode ser resultado do que acabo de escrever. Depois de uma manhã quente, Brusque foi açoitada por uma tempestade com chuva forte, de inundar bairros e ventos de mais de 130 km, de derrubar árvores. Felizmente, durou pouco para o alívio dos moradores das áreas mais castigadas. Passada a tormenta, a temperatura baixou mais de dez graus. Era o prenúncio da estação outonal, que começou dois dias depois, às seis horas e um segundo, precisão dos estudiosos da astronomia.
Como não há mal que sempre dure, o outono chegou para nos livrar do sufoco solar. Os dias ainda continuam quentes, é verdade. Mas, já não estamos sendo mais castigados por aquele calor infernal. Durante as noites e manhãs, a temperatura está mais agradável, própria dessa estação que nos prepara para o inverno. Então, cobertores e acolchoados sairão dos armários, blusas e casacos deixarão o mofo das gavetas.