Atitude de busca
O ser humano é alguém que, permanentemente, está buscando algo. Alguns têm claramente definida, a realidade procurada. Outros, não. Mas, todos, creio, percorrem, nesta terra, um caminho marcado pela procura da sua realização, da sua felicidade, da vida plena e verdadeira. Com toda probabilidade, ninguém envereda, livre e conscientemente, pelo caminho da desgraça, da infelicidade, da destruição. Se assim o fizer, certamente, será por engano, por ignorância, por ilusão, por falta ou má orientação. Enfim, por mil e umas variáveis.
O que se constata é que o ser humano, homem e mulher, é um ser faminto. Tem fome de vida, de amor, de afeto, de felicidade, de justiça, de paz, de esperança, de transparência… E procura satisfazer estas fomes de mil formas. Continua, porém, sempre insatisfeito. Ele tropeça sempre em sua própria finitude, em seu âmbito estritamente humano, em suas realidades humanas. Por isso, serão sempre formas parciais de satisfação destas fomes. Frequentemente, são tentativas falhadas de realização, em projetos equivocados, em falsas miragens de felicidade e de realização. Assume propostas que, com o desenrolar das ações inerentes, aparecem os valores efêmeros que pareciam sedutores. Em última instância, geram escravidão e dependência.
O dinheiro, o poder, o status social, a realização profissional, o êxito, o sucesso, o reconhecimento social, os prazeres, enfim, todas estas buscas, por si mesmas, são valores efêmeros, não chegam a “preencher” totalmente a nossa vida e para lhe dar um sentido pleno.
Será que o ser humano, então, está destinado ao malogro total, à derrocada fatal de sua existência? Ao desastre existencial, sem qualquer chance de encontrar o “pão” que sacie suas fomes de realização, de felicidade? Onde e como, então, “encher” sua vida e dar-lhe pleno significado? Existe este “pão” que mata a fome, qualquer fome, do ser humano?
Existe! Jesus de Nazaré é o “pão de Deus que desce do céu para dar vida ao mundo” (Jo 6, 33). É, em Jesus e por meio de Jesus, que Deus sacia a fome e sede do ser humano, em todos os tempos e lugares. É ele que oferece o caminho, que se trilhado com ele, leva a realização plena da vida. Contudo, para que se concretize esta realidade, uma condição é estritamente necessária. É preciso aderir (acreditar) à pessoa de Jesus e a seu projeto de vida: a Boa Nova do Reino de Deus. Nesta estrada, há possibilidade de saciar todas as fomes humanas que, verdadeiramente, levam a realização e a felicidade.
Este caminho, na verdade, é sinônimo de amor, de partilha, de serviço, de entrega da vida a Deus e aos irmãos (ãs). Trata-se, então, não apenas de uma aceitação, adesão e entrega de vida, afetivas, esporádicas, interesseiras, cheias de boas intenções. Pelo contrário, trata-se de um estilo de vida que se traduz em gestos, atitudes efetivas, concretas. Não são, portanto, puras declarações de nobres intenções.
É claro que este estilo de vida exige certas atitudes que não são nada atraentes por si mesmas. Menos ainda cômodas. Pelo contrário, pedem constante sair de si, de seu comodismo, de suas instalações… E assumir atitudes que pedem um esvaziamento de si para auxiliar os outros a se “encherem” de amor, de felicidade.