Padre mais jovem da história de Botuverá será ordenado neste fim de semana
José Henrique Zorer, de 28 anos, será ordenado na paróquia São José
José Henrique Zorer, de 28 anos, será ordenado na paróquia São José
Neste sábado, dia 7, acontece a ordenação sacerdotal do diácono José Ricardo Henrique Zorer, de 28 anos, na paróquia São José, em Botuverá. No dia seguinte, ocorre a primeira missa do novo padre que tornou-se o 23º da história de Botuverá e também o mais novo do município.
A cerimônia de ordenação acontece a partir das 18h. Após a ação, a paróquia informou que haverá um coquetel. No domingo, 8, depois da missa será realizado um almoço. Para o almoço, serão vendidos cartões a R$ 35 na secretaria paroquial até esta quinta-feira, 5.
O tempo de formação de um sacerdote é de no mínimo oito anos. José começou o processo ao entrar no ensino médio. “Na infância, eu não era de muita oração, não era de ficar parado, não queria ser padre. Desde os 4 anos, queria ser médico”.
José conta que ia para a catequese e que sempre foi dedicado, mas não era muito empolgado. “Minha mãe tinha que insistir para eu poder rezar”.
Quando tinha 10 anos, quis aprender a tocar violão e começou a praticar com um primo que tocava na igreja. Conforme aprendia, o parente então lhe convidou para tocar na comunidade de Santa Luzia, onde frequentam.
Naquele mesmo ano, José diz que houve uma intervenção divina em sua vida. Certo dia, teve a ideia de aprender a rezar o terço, seus pais não sabiam e nunca havia aprendido. Pegou a bíblia na catequese e, olhando as últimas páginas, aprendeu sozinho a rezar. Logo, também ensinou a mãe e o pai. “E depois eu saí de casa para ir para o seminário e os dois continuam até hoje rezando. Então, pra mim foi uma intervenção muito clara de Deus. Porque a partir disso eu comecei a perceber alguns sinais de que Deus me queria no seminário”.
Em 2007, José conta que estava no ônibus seguindo para escola, quando um senhor pegou carona para ir trabalhar no Centro. Ele não se recorda do homem, mas lembra que houve o seguinte diálogo após o estranho lhe tocar no ombro:
– Você quer ser padre?
– Bom, não. Eu pensei em ser cardiologista, médico de coração. Por quê?
– Porque você tem cara de padre.
Impressionado, José agradeceu e seguiu para a escola. “Aquilo ficou como um objeto de reflexão pra mim. Eu pensei muito naquilo, fiquei um tempo pensando naquilo. E então me levou a pensar com mais carinho. Por que não ser padre?”.
No ano seguinte, em 2008, foi o segundo ano que houve a Missão Deuniana Juvenil em Botuverá, chamada MDJ. Em um dos últimos dias da missão, um dos seminaristas lhe perguntou sobre o que gostaria de fazer quando adulto. E novamente a resposta foi “ser cardiologista”.
O seminarista elogiou a escolha, mas, com um folheto com a imagem do Sagrado Coração de Jesus, sugeriu uma outra ideia para José, que tinha 12 anos na época.
“Deixa eu te dizer uma coisa, se você resolver cuidar de outro coração, cuide desse aqui. E aí ele me entregou o folheto. Eu fiquei impressionado. Foi um momento de luz para mim, um momento em que as coisas fizeram sentido”.
Após voltar da missão, contou para a mãe que gostaria de entrar no seminário. Os pais ficaram felizes e apoiaram a ideia. Logo, foram falar com o pároco.
Então, em setembro de 2009, José fez um estágio no seminário de Rio Negrinho, local onde deve morar em 2025, como padre. Também estagiou no Seminário de Azambuja e na Arquidiocese de Florianópolis, onde não se identificou muito e passou a ter dúvidas sobre a vocação.
Neste período, se lembra de ter rezado muito para tirar da cabeça a dúvida se ainda gostaria de se tornar padre. “Então por isso que eu pedia muito a Ele – em oração -, e Ele me deu uma certeza interior de que queria, e então eu entrei no dia 6 de fevereiro de 2011, em Rio Negrinho”.
O percurso que José trilhou teve duração de 14 anos. Isso, pois começou pelo ensino médio, três anos de faculdade de filosofia; um ano de postulantado e um ano de noviciado, que servem de preparação para professar os votos e consagrar-se para Deus, de forma temporária; dois anos de tirocínio, um tipo de estágio religioso em alguma paróquia ou seminário; quatro anos da faculdade de Teologia, onde, no último ano é feita a profissão perpétua, ocorre a ordenação para diáconos e no fim do ano são ordenados padres.
Em todo esse processo, ele conta que várias etapas lhe marcaram, umas mais outras menos. Mas que em todas pôde aprender muito.
“Se eu pudesse elencar uma das etapas que mais me marcou, bom, a teologia marca muito porque é o fim da caminhada, você está chegando perto, você começa a exercer o ministério, então, eu acho que acaba sendo a teologia a que mais me marcou positivamente. Sobretudo, esse último ano eu acho que foi o ápice mesmo, um ano muito bom, de encontro com Deus, de experiência de pastor do povo de Deus”, conta José.
Ele menciona também o ano de 2020 como um momento repleto de conquistas. Apesar de ter sido um ano de pandemia, ele pontua que para sua experiência de formação para a diplomacia, foi um grande ano.
Neste fim de semana, José Ricardo Henrique Zorer torna-se o 23º padre da história de Botuverá e o mais jovem da história do município. Para ele, resta um sentimento de realização.
“Nós, como cristãos, não podemos, assim, falar de uma realização plena nesta vida porque a gente acredita que a nossa realização plena é no céu. Mas aquela realização, na medida que é possível nesta vida, eu acredito que eu atingi um certo grau dela”.
Ele diz estar com a expectativas para saber o que deve acontecer daqui para frente.
O jovem afirma que se encontrou na vocação e que é dentro desse estilo de vida que a sua se encaixa.
“E me sinto também muito amado por Deus, pela Santíssima Virgem Maria, por alguns santos que tenho devoção e pela minha família e amigos. Mas sobretudo, por Deus e pela Santíssima Virgem Maria, eu posso dizer assim, eu me sinto muito amado nesse momento. E isso me ajuda muito, me dá muita força para enfrentar tudo aquilo que eu sei que vou ter que enfrentar”, encerra.
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