Pesquisa indica queda no valor dos apartamentos de Brusque em 2017

Com muita oferta e pouca procura, Secovi-SC afirma que imóveis se desvalorizaram 1,10%

Pesquisa indica queda no valor dos apartamentos de Brusque em 2017

Com muita oferta e pouca procura, Secovi-SC afirma que imóveis se desvalorizaram 1,10%

O Sindicato da Habitação de Santa Catarina (Secovi-SC) realizou pesquisa sobre o preço do metro quadrado dos apartamentos em Brusque no ano passado. O levantamento aponta que esses imóveis perderam 1,10% do seu valor de mercado, se descontada a inflação oficial de janeiro a dezembro.

O Departamento de Pesquisa do Secovi-SC colheu as informações em anúncios do portal Chave Fácil, disponíveis na internet. Os dados foram auditados pelo Instituto Datacenso.

A pesquisa indica que a valorização do metro quadrado dos apartamentos em Brusque foi de 1,85%. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) do mesmo período é de 2,95%. Por isso, na prática, os imóveis perderam 1,10% de seu valor.

A baixa nos preços dos apartamentos vem sendo sentida pelo mercado há mais de um ano. Ela é causada por dois principais fatores: a crise que afetou o bolso do brusquense e a restrição do crédito imobiliário nos bancos públicos e privados.

Populares
Os dados dividem os apartamentos em três categorias: dois, três e quatro dormitórios. Destes, somente os de quatro quartos valorizaram-se acima do IPCA: 4,4%.

Já os apartamentos de dois e três quartos, mais populares e em abundância no mercado, depreciaram-se mais. Segundo a pesquisa do Secovi-SC, descontada a inflação, a queda foi de 2,35%.

Essa categoria de apartamentos é justamente a mais afetada pelos cortes na oferta de crédito. As linhas de financiamentos são mais voltadas para unidades habitacionais de dois dormitórios.

Com muitas opções e poucas vendas, mercado está retraído

A avaliação em geral é que o mercado imobiliário de Brusque está estabilizado, mas retraído. Os tempos em que qualquer apartamento era vendido pelo preço anunciado estão no passado.

Um bom exemplo é a história de Fabiola Mota. A jornalista comprou o seu primeiro apartamento no mês passado, depois de se deparar com uma oportunidade.

Perto do fim de semana, ela viu o anúncio de um apartamento no Santa Terezinha por R$ 160 mil. “Era muito barato, preço que via só em outros bairros”, diz Fabiola.

Ela não pensou duas vezes e foi visitar o imóvel na sexta-feira. Na segunda-feira, fechou o negócio. O apartamento tem dois quartos e fica num condomínio que possui piscina e salão de festas.

Mercado lotado
A vice-coordenadora do Núcleo de Imobiliárias da Associação Empresarial de Brusque (Acibr), Dislei Molina, a Sugui, explica que há mais de um ano os preços dos apartamentos estão mais baixos.

Atualmente, o período de baixas sucessivas ficou para trás, mas ainda não voltou a ser o que era há quatro anos. “As negociações são truncadas, porque o poder está com quem tem o dinheiro na mão”, afirma Sugui, que trabalha na Imobiliária Moresco.

Emiliano Pereira, proprietário da imobiliária que leva seu nome, resume a situação da cidade na lei da oferta e da procura. Há muitos imóveis desocupados à venda, enquanto que existem poucos clientes com dinheiro para investimentos.

A construção civil brusquense vem sofrendo com a crise desde 2015. O Sindicato da Construção Civil de Brusque (Sinduscon) classifica 2017 como um ano péssimo.

A desaceleração da construção civil acontece porque há muitos apartamentos prontos para morar, mas ainda não vendidos. Além disso, tem as unidades usadas também à venda. O mercado fica lotado, e o espaço para novos empreendimentos reduz.

As imobiliárias sentem na pele o resultado dessa situação. “A procura diminuiu muito”, afirma Pereira. Mas ele pondera que, enquanto isso, o valor dos terrenos mantiveram-se.

Preços baixos
Esse é o momento de quem tem dinheiro fazer bons negócios, dizem os especialistas. Os preços estão convidativos e a abertura para a negociação é maior do que noutros tempos. Um apartamento que era vendido por R$ 650 mil é anunciado por R$ 450 mil e ainda assim não é vendido, confidenciou um dos corretores ouvidos.

“O pessoal está sem dinheiro. Pode até anunciar, mas não vende”, afirma Ignácio Allein, proprietário da Imobiliária Atual. Ele avalia que o mercado sentiu a retração nos últimos tempos.

Mais trabalho
As imobiliárias desdobram-se para conseguir atingir as metas em meio à crise. A Julio Imóveis, por exemplo, adotou táticas mais agressivas. O gerente de vendas Sérgio Germano afirma que o “mercado está trabalhado”.

Germano quer dizer que as negociações dão mais trabalho e as formas de chegar ao cliente exigem mais do que quando o mercado estava pujante. “Temos que substituir a dificuldade pelo trabalho”, declara.

Restrição de crédito imobiliário impactou negócios

No início desta década havia muito crédito disponível no mercado. Desde que estivesse empregada e atingisse um mínimo de pré-requisitos, a pessoa podia financiar quase totalmente o seu imóvel. No entanto, o cenário mudou.

Nos últimos dois anos, a Caixa Econômica Federal, principal financiador de imóveis no país, passou a reduzir o montante de financiamentos. Em setembro de 2017, o banco anunciou diminuição no ritmo do crédito habitacional.

Em Brusque, a grande maioria das vendas é de apartamentos de dois quartos nos bairros Centro, São Luiz e Santa Rita. Outra característica é que a opção da maior parte dos clientes é financiar 80%.

Com um cenário codependente de financiamentos por meio do programa Minha Casa Minha Vida, os cortes no crédito habitacional foram severamente sentidos. As vendas caíram e o estoque de apartamentos no mercado ficou parado.

Brusque teve pior resultado entre municípios pesquisados

O Secovi-SC pesquisou Balneário Camboriú, Itapema, Itajaí e Camboriú, além de Brusque. A cidade berço da fiação catarinense teve a maior desvalorização entre todos.

Itajaí registrou a maior valorização no metro quadrado de apartamentos. A cidade portuária desbancou Balneário Camboriú e Itapema, grandes mercados da construção civil.

A cidade vizinha teve alta real, ou seja, descontada a inflação, de 2,58%. Em seguida vieram Itapema, com 1,96%, e Balneário, com 1,33% de ganho real.

Camboriú ficou à frente de Brusque porque teve desvalorização menor. Enquanto em Brusque a depreciação foi de 1,10%, na cidade vizinha foi de 0,70%.

Aluguéis também também ficaram mais baixos

O valor médio dos aluguéis em Brusque também caiu no último ano. O motivo é o mesmo que o dos imóveis à venda: muita oferta e pouca demanda.

A vice-coordenadora do Núcleo de Imobiliárias da Acibr, Dislei Molina, a Sugui, diz que os valores estão mais baratos e ainda assim está difícil alugar. Depois da crise, muita gente se mudou, foi embora da cidade e imóveis comerciais foram desocupados.

Segundo a agente de locação da Julio Imóveis, Ágatha Lahn, apartamentos antes alugados por R$ 950 hoje são anunciados por R$ 780 ou R$ 800. “Houve um decréscimo bem significativo”, afirma.

Condomínios
Um fator que atrapalha na locação de apartamentos é o condomínio. Ágatha conta que muita gente prefere casa porque não tem taxa condominial, que é variável e às vezes pesa no orçamento apertado.

Na Julio Imóveis, os mais pedidos para locação são casas no Santa Rita ou apartamentos no Centro. Já na Moresco a procura é por imóveis na região central.

De acordo com Sugui, apartamentos semimobiliados são bastante procurados e perderam menos valor do que os vazios. “Principalmente os que têm móveis planejados”, diz a vice-coordenador do núcleo.

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