Petição pede manutenção de piso histórico da Igreja São Virgílio, em Nova Trento
Comunidade é contra a troca do piso de ladrilho de 1940 por porcelanato
Comunidade é contra a troca do piso de ladrilho de 1940 por porcelanato
O futuro da Igreja São Virgílio, em Nova Trento, será decidido no próximo domingo, 28, em reunião. A matriz – um dos patrimônios históricos da cidade – é alvo de uma polêmica que envolve o pároco, padre Roberto Jerônimo Gottardo e historiadores, jornalistas, arquitetos, produtores culturais, professores e entidades do município.
O grupo tem se posicionado contrário às mudanças anunciadas pelo religioso neste mês. Ele pretende remover da igreja dois altares e uma estátua, além de trocar o piso de ladrilho hidráulico, assentado entre 1940 e 1942, por porcelanato. Cerca de 1,7 mil metros quadrados de porcelanato foram doados pela cerâmica Portobello após um pedido formal do material feito pela igreja. Na visão do grupo contrário à reforma, o patrimônio de Nova Trento, fortemente religioso e de descendência italiana, está sendo ameaçado.
“Sempre preservarmos a cultura italiana, e o patrimônio histórico faz parte da cultura. Por este motivo nos posicionamos contra a reforma”, diz o presidente do Circolo Trentino di Nova Trento, Arno José Batisti Archer Júnior. Ele conta que muitos dos patrimônios do município já se perderam. “Mas acreditamos que com a força da comunidade impediremos essa reforma”.
A historiadora e jornalista Vanessa Ruberti afirma que a igreja não é só dos católicos, mas da história e da população de Nova Trento. Ela diz que não há motivos plausíveis para a troca do piso, já que não apresentou-se argumentos que mostrem que o material está cedendo ou apresenta problemas de segurança. “O senso estético pessoal não pode se sobrepor ao valor do patrimônio histórico da igreja”.
A igreja de Nova Trento representa um elemento significativo da identidade neotrentina. Na visão do jornalista, escritor e historiador italiano, Renzo Maria Groselli, a matriz traz traços significativos da cultura dos primeiros imigrantes. “É um piso que se encontra ainda muito bonito e absolutamente resistente às inclemências do tempo. Em se tratando de um edifício, que acima de qualquer outro representa a história da comunidade neotrentina, desde sempre muito católica, esperamos que o templo possa ser deixado assim como ele é”, diz o escritor.
Ele afirma que os traços do passado constituem parte viva da identidade de um povo, revelam a sua trajetória passada e apontam os caminhos que deverão conduzir este mesmo povo ao futuro. “Estamos certos de que o pároco e a comunidade de Nova Trento, cidade que muito amamos, saberão encontrar uma solução que não seja drástica, que saiba valorizar o material recebido em doação, sem destruir uma preciosidade histórica, de grande valor artístico, como é o caso do piso da igreja matriz de Nova Trento”.
Petição online
Desde que foi apresentada a possibilidade da reforma da igreja, uma petição online foi criada. Até a tarde de ontem, eram pouco mais de 780 assinaturas. A expectativa é que cheguem a mais de 1 mil até domingo, já que em média 50 a 60 novas assinaturas são feitas por dia. A petição está disponível no site.
Além das assinaturas contrárias, manifestações pela manutenção do piso foram publicadas nas redes sociais, em especial no Facebook.
O padre Roberto Jerônimo Gottardo afirma que comentará o assunto apenas após a reunião que acontecerá no domingo. No entanto, diz que a situação “não é esse circo que meia dúzia de pessoas criaram”.
Reunião
No domingo, 28, após a missa das 18h30, acontecerá uma reunião sobre a reforma na igreja São Virgílio. A comunidade terá a oportunidade de conhecer o projeto de mudança do espaço interno da matriz e de debater o assunto.