Luiz Roberto Magalhães, 46 anos, ou simplesmente, Pingo. O apelido dos tempos de bola é o que faz o agora técnico ser reconhecido facilmente no mundo do futebol. Ex-volante, revelado pelo Joinville, o agora treinador passou por diversos clubes na carreira, com destaque para Grêmio e Flamengo, até abandonar as chuteiras e optar por trabalhar do lado de fora das quatro linhas.
Inspirado em Ênio Andrade, a quem considera o ‘papa dos treinadores’, Pingo hoje se destaca na profissão ao comandar o Brusque FC, sensação do Campeonato Catarinense. Sucesso não por acaso, garante o treinador. “A gente, desde que chegou ao Brusque, tinha o objetivo de buscarmos o quadrangular e consequentemente à Série D. E a gente foi incutindo na cabeça dos jogadores. A própria diretoria também veio com a gente e acreditou”, revela.
Na quarta posição do Catarinense, o Brusque tem encantado pelo qualidade de jogo. O início difícil, derrotas para Figueirense e Criciúma, gerou apreensão, mas nada que tirasse o sono do treinador. “Tivemos participações boas, mas sem resultados positivos. Isso incomodava um pouco, mas sabíamos o que estávamos apresentando. Uma hora, íamos começar a ter o resultado positivo”.
E eles vieram, a vitória segura sobre o Juventus, em Itajaí, foi a amostra de que o time podia mais. O empate em 0 a 0 com o Marcílio Dias, na rodada seguinte, levou a equipe novamente à desconfiança, mas as vitórias com propriedade sobre Avaí e Metropolitano, ambas fora de casa, mostraram que o Brusque estava no caminho certo.
Para Pingo, o sinal de que é possível, sim, jogar bonito e conseguir os resultados, algo que o treinador não abre mão no comando do Bruscão. “O que penso de futebol é de que futebol tem que ser bem jogado. Acho que o resultado é muito importante, importantíssimo, mas o futebol bem jogado é premiado com vitórias. Às vezes não acontece, demora um pouco, mas elas vêm”, defende Pingo, com a segurança que o faz projetar voos mais altos na carreira.
Para quem acha que o Brusque alcançou o limite, o treinador promete mais. “A equipe vai crescer mais ainda. Tem gente que acha que chegou no limite, mas eu digo que não”. Questionado onde este time pode chegar, Pingo sonha alto. “Estaremos, se Deus quiser, na final do Campeonato Catarinense”.
Tumor quase interrompe trajetória
Pingo foi anunciado como técnico do Brusque no dia 21 de novembro de 2013. Chegou para assumir o lugar de Rogério Perrô, que havia ascendido com o Marreco à elite do Estadual. Logo de início, um tumor na cabeça colocou em xeque a carreira do treinador.
Com uma recuperação surpreendente, voltou aos gramados ainda no início da temporada para ser o regente da grande campanha quadricolor. Hoje, totalmente recuperado, o treinador vê a vaga no quadrangular como uma forma de retribuir a confiança do clube ao qual, indiferente do desfecho desta história, já tem um carinho especial.
“Quando tive aquele problema cirúrgico, o Brusque esperou minha recuperação, não foi atrás de ninguém. Disse que o Pingo era o treinador. Isso ai é uma premiação por tudo que eles fizeram por mim. Então, espero realmente corresponder com a classificação”.
A boa campanha no Catarinense tem chamado a atenção. Em alta, o treinador desconversa sobre futuras propostas que, inevitavelmente, devem aparecer. “Meu planejamento, a princípio, é focar no meu trabalho aqui no Brusque. Acho que, se hoje estou sendo reconhecido, é graças a oportunidade e ao trabalho que o Brusque me propôs”, diz.
Vejo os principais trechos da entrevista com Pingo concedida ao MDD
O PROFISSIONAL
Início
A gente, desde que chegou no Brusque, tinha o objetivo de buscarmos o quadrangular e consequentemente à Série D. E a gente foi incutindo na cabeça dos jogadores. A própria diretoria também veio com a gente e acreditou.
Projeção de G4
Não adiantaria nada, a gente vir para Brusque somente para mantermos o Brusque na primeira divisão. Temos que ter um objetivo maior. Colocarmos o Brusque no G4. Por que? Porque o Brusque montou uma equipe competitiva, a sua diretoria honra com os compromissos em dia, corre atrás. Então, acho que o Brusque, aos poucos, está se organizando. E quando você começa a se organizar fora de campo, a tendência é você conseguir o resultado positivo dentro de campo.
Mau começo
Tivemos participações boas, mas sem resultados positivos. Isso incomodava um pouco, mas sabíamos o que estávamos apresentando. Uma hora, íamos começar a ter o resultado positivo.
Semana decisiva
Primeiro, a nossa meta, o nosso foco, é o Atlético de Ibirama. Na minha opinião essa é a partida mais importante desta primeira fase. Um jogo complicado, difícil. Temos que manter nosso ritmo. Nossa equipe conseguiu dentro da competição buscar sempre algo a mais, isso é importante. É preciso sempre pensarmos que temos algo a mais para dar e pensarmos que o nosso limite não chegou ainda.
Segredo do time
O segredo é o conjunto. Conjunto de muitas coisas que você, juntando, faz com que se tenha uma equipe produtiva. Nós fisicamente estamos muito bem. A gente faz trabalhos técnicos e táticos diários. Não fugimos da nossa característica que é a posse e toque de bola e tudo isso, você fazendo com apoio e respaldo da diretoria, as coisas acontecem naturalmente. É isso que está acontecendo hoje no Brusque.
Aonde o Brusque pode chegar?
Estaremos, se Deus quiser, na final do Campeonato Catarinense
VIDA PESSOAL
Estilo Pingo
O que penso de futebol é de que futebol tem que ser bem jogado. Acho que o resultado é muito importante, importantíssimo, mas o futebol bem jogado é premiado com vitórias. Às vezes não acontece, demora um pouco, mas elas vêm.
Vida fora das quatro linhas
Sou um cara sossegado. Gosto de estudar, ler bastante, ver jogos. Até porque isso é importante para mim agora no início.
Inspiração fora de campo
Tive oportunidade e o prazer de ter trabalhado com grandes treinadores, muitos com reconhecimento nacional e internacional e de todos eu tirei alguma coisa. Creio que isso fez com que hoje eu tivesse uma meta e uma coisa mais importante. A coragem de buscar e alcançar os objetivos traçados. Entre os treinadores que tenho muito a agradecer está o falecido Ênio Andrade. Para mim, ele foi o ‘papa dos treinadores’. Tem também o Paulo Autuori, hoje no Atlético-MG. São duas pessoas que me ajudaram muito
Futuro na carreira
Meu planejamento, a princípio, é focar no meu trabalho no Brusque. Acho que se hoje estou sendo reconhecido é graças a oportunidade e ao trabalho que o Brusque me propôs.