Ponto de vista dos candidatos de Brusque: o que deu errado na campanha?

Falta de estrutura regional, antipetismo e onda de inconformação influenciaram pleito

Ponto de vista dos candidatos de Brusque: o que deu errado na campanha?

Falta de estrutura regional, antipetismo e onda de inconformação influenciaram pleito

O resultado da eleição deste ano para a Assembleia Legislativa de Santa Catarina deixou Brusque órfã de representatividade. Os motivos para terem ficado no quase são muitos: vão desde falta de estrutura até aversão ao partido.

Serafim Venzon (PSDB) viu a vaga escapar por menos de 5 mil votos. Ele afirma que o resultado é fruto da indignação das pessoas com a política e o serviço público. 

O deputado estadual cita como exemplo a saúde precária, que gera indignação: “Há 500 mil pessoas na fila do SUS. Essas pessoas vão votar em quem? PSD ou MDB? Como convencer que vai melhorar se está atrelado a isso?”.

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Venzon comenta que ele fez parte de uma coligação com partidos tradicionais, mas a população queria a mudança e foi na “onda Bolsonaro”. “Eu visitei muitas fábricas e tinha a avaliação de que o Bolsonaro faria 70% dos votos.”

Vaga como suplente
Colocado como terceiro suplente da coligação, Venzon poderia até assumir uma cadeira na Assembleia, a depender da composição do próximo governo. Porém, o deputado praticamente refuta essa possibilidade.

Venzon diz que o resultado foi a voz das urnas e que “estamos vivendo um período de mudança”. O tucano afirma que não tem expectativa de assumir uma vaga como suplente e que quer se envolver com a mudança “para um país melhor”.

Antipetismo
Faltou pouco para o ex-prefeito de Brusque Paulo Eccel (PT) ser eleito. Menos de 5 mil votos e ele teria assumido uma vaga.

O petista avalia que sua campanha foi afetada por diversos fatores. Um dos principais é a aversão ao Partido dos Trabalhadores.

“Houve um processo de desconstrução do PT, a partir da Lava Jato, como se a corrupção fosse exclusiva do PT”, declara Eccel. “Não há tempo para desconstruir uma ideia em 45 dias de campanha”, completa.

Aliado a isso, teve o movimento de apoio a Jair Bolsonaro (PSL), que personifica o antipetismo em âmbito nacional.

O ex-prefeito diz que sentiu durante a campanha este clima. Ele conta que, em conversas, eleitores diziam gostar dele, mas não do partido.

Apesar desta aversão à sigla, Eccel descarta totalmente trocar de partido pensando numa eleição futura. O ex-prefeito mantém-se fiel à legenda com a qual chegou à prefeitura duas vezes.

O petista diz que o grande número de candidatos da cidade, dez ao todo, também foi um obstáculo. Isso fez com que os votos fossem dispersados.

Além disso, Eccel lista os cerca de 20 mil títulos de eleitor cancelados como um fator que também influenciou na sua derrota.

Apesar de não ter sido eleito, Eccel afirma que o PT conseguiu manter as cadeiras na Alesc que eram da região Oeste do estado: quatro.

Eccel avalia que o Oeste é uma região onde a agricultura é mais forte, assim como os movimentos sociais e os grupos da Igreja Católica ligados à teologia da libertação. Tais fatores fazem do Oeste o bastião do petismo no estado.

Reestruturação
Se Eccel e Venzon foram arrebatados pela onda Bolsonaro, o motivo apontado por Guilherme Marchewsky (PPS) para não ter alcançado uma vaga foi outro: a estrutura partidária. O candidato teve boa votação e surpreendeu, com mais de 9 mil votos.

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Marchewsky analisa que o PPS tem pouca envergadura regional. Na região de Brusque, o partido só está organizado em Nova Trento e São João Batista.

A falta de uma base forte tornou a candidatura dele mais difícil. Com mais candidatos disputando em Brusque, ele teria de buscar votos fora, mas esbarrou nesses obstáculos.

Para ter ideia da falta de robustez do PPS, o partido lançou somente 11 candidatos nesta eleição em Santa Catarina e não elegeu ninguém para o Legislativo estadual. “Faltou estrutura e não dá para organizar uma campanha só em 45 dias”, diz.

Segundo Marchewsky, a ideia agora é reorganizar o partido, com novas lideranças políticas nos municípios.

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