Por que aconteceu?
Uma pergunta que se escuta em muitas ocasiões. Nem sempre há uma resposta plausível. Uma dessas ocasiões ocorre quando é formulada após um trágico acontecimento. Refiro-me ao fato de alguém, homem ou mulher, tirar a sua própria vida: o suicídio. Alguns deixam registrado, até por escrito, o porquê. Mas, a maioria das vezes a razão, o motivo para tomar tal atitude, não se sabe. Talvez, até mesmo o autor do acontecimento, não tinha clareza do que estava realizando. Há, por vezes, traços externos de possíveis motivações.
A palavra suicídio tem sua origem na língua latina. Vem de dois termos: “sui” (de si mesmo) e “caedere” (matar, tirar a vida). É um ato que supõe tirar voluntariamente a própria vida, ou seja, matar-se a si mesmo. Busca-se a sua própria morte como um refúgio para o sofrimento que a torna insuportável. O suicida vê a morte como a solução de tudo o que o aflige. Certamente, não vislumbra outra saída possível para sua condição e situação de vida.
Normalmente, há uma diferença na maneira de executar essa escolha voluntária e intencional, entre a decisão do homem e da mulher. Geralmente, o homem concretiza seu ato de maneira mais agressiva: enforcamento, tiro, que levam à morte quase sempre certa. Já a mulher se serve de expediente mais suave ou ameno: remédios, venenos que nem sempre conduzem, imediatamente, à morte. Não importa a maneira da execução da escolha tomada, voluntariamente, os dois fatos são dramáticos e trágicos. Sobretudo, para os familiares que tem que lidar com o que acontecimento suscita em seguida.
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Infelizmente, na nossa região a incidência desse acontecimento é relativamente alta. Por isso não se pode simplesmente ignorar ou se conformar. Creio que ainda não seja um problema social, como em certas outras Nações. Não pode, porém, ser considerado como um tabu e que não pode ser abordado, em ambientes familiares, escolares, eclesiais e outros ambientes adequados. É necessário estar atentos a certos sinais que são emitidos por certas categorias de pessoas, para, quem sabe, se antecipar e tentar, com sabedoria e amor, auxiliar a pessoa a encontrar saída menos dramática e trágica para sua problemática pessoal.
Estar atento a certos sinais que são emitidos como “pedidos de socorro”. Entre os indicadores de um possível suicida, pode-se destacar a vontade explícita de morrer (frases como essas: “não vejo mais motivos para viver” ou “minha vida já não tem mais sentido algum” ou “para que viver, minha vida é…”). A pessoa perdeu toda a capacidade de partilhar as angústias, não encontra mais canais para descarregar os medos e o esgotamento da pressão do seu interior e do meio social, volta-se para si e fica remoendo seus problemas o tempo todo. Enche seu interior de amargura, decepção consigo mesmo e com os outros, perde o chão firme sob os seus pés.
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O ato suicida não é considerado, nas várias Culturas e religiões existentes, da mesma maneira. Em algumas Culturas, como a japonesa, esta atitude pode ser considerada até uma forma digna de se esquivar de passar por momentos de vergonha e de culpa pessoal e familiar. É preocupante a alta taxa de suicídio na faixa etária da população jovem, no mundo todo. Também no Brasil há um percentual bastante elevado, na faixa dos 15 aos 29 anos de idade. São muitos os motivos ou motivações para chegar ao descrédito total na vida e no futuro, resultado muitas vezes da forma como são educados, pelo ambiente familiar, escolar e da própria cultura que partilham. Por vezes, são saturados de experiências de superproteção, abandono, ausência paterna ou materna, familiar, baixa estima, sentimentos de culpa, vazio interior, entre outros fatores. Infelizmente, essas situações são muito comuns em nossa região também. Por isso, é bom fazer uma reflexão séria e efetiva a respeito. Não dá para ignorar ou fazer de conta que é só “lá fora” que acontece.