Praça Barão de Schneeburg é ponto de encontro de aposentados de Brusque

Amigos mantêm hábito diário há duas décadas e tem recebido novos adeptos

Praça Barão de Schneeburg é ponto de encontro de aposentados de Brusque

Amigos mantêm hábito diário há duas décadas e tem recebido novos adeptos

A audição de Osvaldo Appel, 93 anos, depende de um discreto aparelho para ajudar a ouvir as histórias contadas pelos amigos dia após dia. Morador do Centro, todos os dias, ele sai de casa em direção à praça Barão de Schneeburg, onde se encontra com outros aposentados para o bate-papo já tradicional.

O trajeto é feito com ajuda de uma muleta, para dar mais segurança aos passos do ex-goleiro do Clube Paysandu. Segundo ele, o adereço é uma garantia de poder rever os amigos sem maiores problemas. “Enquanto conseguir vir, eu venho. Só uso a bengala porque, hoje, as pernas variam um pouco, mas a memória ainda está boa, ainda consigo ir ao banco e caminhar”.

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Segundo a brincadeira dos amigos, “Santo Osvaldo”, como era conhecido nos tempos que jogava futebol, não está jogando ainda hoje por conta da bengala. Ele é um dos mais velhos do grupo. Os encontros chegam a reunir pouco mais de 10 aposentados, além de algum amigo que aproveita o encontro para sentar e conversar. Alguns deles fazem da praça parte do trajeto das caminhadas diárias ou das atividades pelo Centro.

A maior parte deles, segundo Odir José Belli, 78, o Kiko, chega no local por volta das 9h30 e permanece por cerca de uma hora. Alguns ainda vão durante a tarde, para aproveitar a sombra das árvores.

Marcelo Gouvêa

Papo em dia
Entre os participantes do grupo, muitos já se conheciam antes de adotar a praça Barão Schneeburg como ponto de encontro. No caso de Kiko, o local foi uma das oportunidades de conviver mais com amigos de juventude, como Aires Deichmann, 78. Eles haviam estudado juntos durante a infância. Com as rotinas profissionais de cada um, o contato foi reduzindo ao longo dos anos.

Apaixonado por carros desde a infância, Kiko se aposentou depois de muito tempo dedicado à profissão de mecânico. Ao ver o movimento da avenida Cônsul Carlos Renaux nos dias de hoje, se diz surpreso com o crescimento no número de veículos que a cidade alcançou.

Na memória dos amigos também estão vivos hábitos e tradições comuns da época. Durante a juventude, o cinema e as partidas de futebol eram algumas das poucas opções de diversão disponíveis.

As domingueiras nos clubes do centro começavam às 15h e se estendiam até às 19h. Eles ainda organizavam saídas para pescas no rio Itajaí-Mirim ou caçadas em bairros menos urbanizados. “O nosso rio tinha muito peixe. Hoje em dia, não se consegue pescar quase nada”.

As áreas próximas à Paróquia São Luis Gonzaga eram um dos principais pontos para os encontros depois das celebrações. “Antigamente, quando tínhamos uns 18, 20 anos, era comum todos os homens ficarem aqui para ver as mulheres que saíam da missa. Elas iam até a Renaux e voltavam”, lembra Deichmann, entre risos dos amigos.

Poucos atrativos
Ao longo de mais de 20 anos, Kiko acompanhou as mudanças do entorno da praça. Segundo ele, a retirada de um quiosque do entorno trouxe melhorias para o local, mas a falta de atrativos prejudica o movimento do ponto.

Outra mudança que ele acompanhou foi a retirada da banca situada no local. Neste caso, no entanto, acredita que a alteração foi um retrocesso para quem utiliza o local. Era comum, afirma, aproveitar o ponto para compra de revistas e jornais para ler ao longo do dia.

Apesar da modernização da cidade, ele destaca a praça como um dos principais pontos de convívio da cidade, mas que deveria receber mais atenção. “Ela continua a mesma, só que tinha algumas coisas bonitas, que tiraram. Agora, nossos jardins e as árvores estão mal cuidadas”.

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Herança do pai
O comerciante Laerte Veteritti, 82, repete algo que ele acompanhava o pai fazer ao longo da vida. Assim como ele, dedica algumas horas da manhã e da tarde para ir até a Barão de Schneeburg, encontrar e conversar com os amigos. Ele já vai ao local há tanto tempo que não lembra como incluiu o hábito à sua rotina.

Marcelo Gouvêa

“Quando eu era mais novo, meu pai já frequentava a praça com outros senhores. Eles vinham todos os dias, chegavam a ter o banco deles”, lembra. Hoje, os amigos adotam uma postura mais democrática. Segundo ele, quem chega primeiro, escolhe o banco.

No local, ele conheceu pessoas novas e reencontrou velhos amigos. Eles se conhecem pelo nome e tem diversidade nos temas diários. Nos bancos, sob as sombras das árvores, debatem política, esporte e, principalmente, o cotidiano dos integrantes.

Segundo ele, no passado, a Barão de Schneeburg tinha mais arborização e havia uma preocupação com a estética do local. Para ele, hoje, o espaço está esquecido na cidade e há demanda por áreas de convivência semelhantes em outros pontos de Brusque. “É algo já tradicional e o pessoal daqui gosta de conversar”.

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