Prefeitura devolverá dinheiro da construção do prédio da UPA 24 horas
Segundo cálculos da Secretaria de Saúde, o município não tem como arcar com a estrutura
Segundo cálculos da Secretaria de Saúde, o município não tem como arcar com a estrutura
A Secretaria de Saúde irá devolver ao governo federal R$ 2 milhões usados na construção da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) 24 horas, no bairro Santa Terezinha, para poder transformar o espaço em uma nova Unidade Básica de Saúde. A secretária Ivonir Zanatta Webster, a Crespa, fez o anúncio oficial da proposta da prefeitura na sexta-feira, 10.
A secretária diz que somente para mobiliar o espaço e viabilizar toda a infraestrutura seria preciso mais de R$ 1,5 milhão, porque a verba que veio do governo federal para a UPA é para a construção, enquanto que os móveis, macas, aparelhos de exames e outros itens é o município que arca.
Após fazer os cálculos, a secretaria considerou que o custo da UPA 24 horas seria muito alto. Por mês, seriam necessários, pelo menos, R$ 1,4 milhão para manter a unidade. “Chegamos à conclusão que, com a arrecadação caindo, não teríamos como manter”, afirma Crespa. Os dados apresentados pela secretária de Saúde são uma estimativa daquilo que seria gasto. A probabilidade é que este valor cresceria, uma vez que a UPA 24 horas serviria para atender casos mais graves e que podem resultar em internação – que tem um alto custo, de acordo com a estimativa da prefeitura.
Alto custo
“Este valor vai duplicar ou triplicar depois de três ou quatro meses”, disse a doutora Kátia Caldeira, diretora técnica da Secretaria de Saúde, que tem experiência em atendimento em UPA 24 horas, após ter trabalhado em outros municípios com este tipo de estrutura. Na teoria, a UPA serviria para pronto-atendimento, enquanto o pronto-socorro do Hospital Azambuja atenderia as emergências – acidentes de trânsito, por exemplo. Porém, a médica diz que na prática a dinâmica é diferente.
Kátia exemplifica com o caso de um paciente que chega com um quadro de dor no peito. Isto é considerado pronto-atendimento, portanto, ele é atendido normalmente na UPA. Contudo, a saúde dele piora, ele sofre uma parada cardíaca e precisa de internação. Neste momento, o paciente deveria ser transferido para o hospital, que possui uma UTI [Unidade de Terapia Intensiva] e os equipamentos necessários, mas isto nem sempre é possível, porque pode faltar leitos. Por consequência, segundo Kátia, o paciente acaba ficando internado em leito da UPA, que deveria ser apenas para observação.
É por este motivo que a médica diz que o custo da UPA é apenas uma estimativa, que deve aumentar. A maneira de financiamento da unidade de pronto atendimento também é um empecilho financeiro, segundo a avaliação da equipe da Secretaria de Saúde. Enquanto um hospital recebe por procedimento, uma UPA ganha um valor fechado do governo. Isso quer dizer que aquele paciente que teve parada cardíaca passa a custar de R$ 3 mil a R$ 5 mil por dia internado na UPA, mas o valor repassado é inferior, não sobe conforme os atendimentos realizados.
Crespa disse que trazer uma unidade desta para Brusque seria criar um problema. Segundo informações da pasta, mais de 70 municípios que haviam construído uma UPA com o apoio do Ministério da Saúde já “devolveram” o espaço. Na verdade, as prefeituras rescindiram o contrato com o governo federal e escolherem pagar de volta o dinheiro da edificação. É isso Brusque pretende fazer quando o prédio for terminado.
Segundo a secretária, está marcada uma reunião no Ministério da Saúde para tratar também deste assunto.
Novo posto
De acordo com Crespa, a alternativa encontrada pela Secretaria de Saúde foi a utilização do prédio da UPA para uma nova Unidade Básica de Saúde (UBS) no Santa Terezinha, a qual terá, também, pronto-atendimento das 19 horas às 22 horas, nos moldes do que acontece na Policlínica, instalada no Centro de Serviços em Saúde. No entanto, a oferta de serviços em um posto de saúde convencional não cobre casos mais graves, como uma UPA faz. “Eu espero estar com a nova unidade de saúde funcionando até o fim do ano ou começo do ano que vem”, disse Crespa.
“Nós estamos conversando com o Hospital Dom Joaquim para ver a possibilidade de expandir o pronto-socorro lá”, disse a secretária. Uma terceira utilidade para a UPA será abrigar uma base do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), que hoje funciona junto ao Corpo de Bombeiros, no bairro Águas Claras. O serviço de verificação de óbitos, que hoje funciona no Hospital Azambuja, também será transferido para o prédio.
O custo para manter o plantão noturno no novo posto de saúde da Santa Terezinha será de R$ 281 mil mensais, segundo a Secretaria de Saúde, enquanto que a UPA 24 horas custaria R$ 1,4 milhão. “No futuro, se as coisas melhorarem, poderemos repensar e instalar uma UPA lá”, ressaltou a secretária de Saúde.
Valores do Custeio
Valor mensal | Valor anual
UPA 24 Horas – R$ 1.406.691,20 | R$ 16.880.294,40
Plantão noturno – R$ 281.164,48 | R$ 3.373.973,76
Total – R$ 1.125.526,72 | R$ 13.506.320,64